Notícias
Vídeos
Fórum
Assine
Depois de receber diversos contatos de reparadores que precisam de algumas dicas de como efetuar reparos e verificações nos sistemas de transmissões automáticas, decidimos desenvolver um pequeno manual com dicas básicas para auxiliar os reparadores e, em alguns casos, como estes podem orientar os consumidores a acompanhar e preservar a qualidade e funcionamento deste componente que cada vez mais fará parte da realidade das oficinas de reparação independentes.
DICAS
1. Como faço para verificar o nível de fluido da transmissão de um veículo?
Sempre verifique o nível do fluido com o motor do veículo em funcionamento (com exceção da linha Honda). Com a alavanca em PARK (P) (exceto os veículos Dodge e Mitsubishi cuja alavanca deve permanecer em neutro com o freio de estacionamento aplicado), e com o motor na temperatura normal de funcionamento. Remova a vareta de nível e limpe-a com um pano livre de fiapos. Insira novamente a vareta totalmente e remova-a. Verifique OS DOIS lados da vareta para ver se indicam a mesma coisa. Repita o processo.
A razão para verificar os dois lados da vareta é que após o fluido circular através da transmissão, ele cai de volta na região do cárter e causa uma agitação deste. Isto cria uma marcação desigual gerando uma leitura falsa. Algumas transmissões são trabalhosas que outras nesta questão.
Nota: Se você verificar o nível após desligar o motor por algum tempo, o fluido proveniente do conversor de torque retornará à região do cárter onde o nível é medido, dando a você uma falsa leitura de nível alto. Quando o motor é acionado, o fluido na região do cárter é utilizado para carregar completamente a transmissão e o conversor de torque. Também a diferença na temperatura do fluido afetará a medição. O volume do fluido expande quando aquecido à temperatura de trabalho.
Outro método de verificação do fluido é desligar o motor e imediatamente medir o nível. Isto neutraliza a agitação e dá um nível correto (sem agitação) antes do fluido proveniente do conversor de torque ter a chance de retornar ao cárter.
Dica: Se você adicionou fluido, repita o procedimento, porém o faça várias vezes antes de obter a leitura final. O fluido adicionado adere à parede do tubo da vareta e poderá dar uma leitura incorreta de nível.
Dica: Se o nível de fluido estiver baixo, você está diante de um vazamento! As transmissões automáticas não consomem fluido. Identifique e repare o vazamento a fim de evitar problemas mais sérios com a transmissão.
Após haver adicionado fluido, dirija o veículo por 3 ou 4 quilômetros e então verifique o nível novamente. Isto é especialmente importante em veículos com tração dianteira.
2. A transmissão tem um vazamento. Posso ter uma ideia de quanto posso cobrar o reparo?
Existem várias regiões que são propensas a vazamentos em uma transmissão automática. Elas incluem: a bomba, retentor do conversor de torque, retentores do eixo de mudanças, retentor do servo de redução, conexões elétricas, tampa do governador, sensor do velocímetro, retentor do eixo traseiro ou semi-eixos, tampa do servo, tubo de abastecimento, cabo de redução, cárter, tampa lateral, linhas de arrefecimento e tampa do diferencial.
A questão importante é: Quais são as fontes do vazamento. A maioria dos técnicos e usuários somente observam a parte inferior da transmissão, e assim concluem que a junta do cárter está vazando, quando na verdade o vazamento é na parte superior e escorre ao redor do cárter. Assim sendo, é imperativo que a transmissão seja inspecionada completamente para avaliar a situação e origem do vazamento!
Assim a resposta à esta pergunta é: não, não se pode calcular o custo do reparo até se inspecionar a transmissão completamente.
3. Posso dirigir o veículo com uma transmissão vazando?
Isto depende da proporção da perda de fluido. Um vazamento pequeno ou lento permitirá que você ande com o veículo desde que se mantenha o nível do fluido dentro da faixa adequada. Você terá de estabelecer a proporção do vazamento e corrigir o nível de acordo com ele. É óbvio que se o fluido está escorrendo de maneira muito grande, você não irá muito longe! Uma transmissão opera de maneira normal até que o vazamento de fluido drene o cárter abaixo da marca “mínimo” da vareta. Então a transmissão passará a exibir sintomas de operação anormal e danos internos poderão ocorrer. O que começou com um pequeno vazamento poderá resultar em um orçamento de reparo completo e a situação for ignorada!
4. Como posso calcular o custo de reparo de uma transmissão?
Minha primeira pergunta a você é: Qual modelo de transmissão está instalado no veículo e como você sabe que ele necessita de reforma? Ocasionalmente, um motor com falha de alimentação, sistema de escapamento bloqueado, módulo ou sensores defeituosos, aterramento deficiente ou outro problema externo à transmissão poderá ser a causa da operação anormal da mesma. Infelizmente tivemos numerosos veículos que deram entrada na oficina cujas transmissões sofreram reforma ou mesmo foram substituídas por outras, mas o problema de funcionamento continuou. Isto ocorre porque usualmente o problema não se encontra na transmissão, por isto não são resolvidos com a reforma ou troca da mesma! Que gasto desnecessário!
5. Quanto dura normalmente uma transmissão automática?
Não existe uma resposta exata para esta pergunta. A quilometragem ou tempo de uso antes de ocorrerem problemas graves variam grandemente, e desta maneira, não vemos uma correlação entre quilometragem e falhas esperadas em uma transmissão. Não é incomum que apenas poucos anos depois de uma nova transmissão ganhar as ruas que ocorram falhas precoces de projeto, mas aos poucos, com as subsequentes atualizações no projeto original, elas se tornam mais confiáveis.
Os três maiores fatores que influenciam na expectativa de vida de uma transmissão automática são manutenção periódica, verificação e correção frequente do nível do fluido e hábitos de direção (mau uso).
6. Como posso orientar um cliente para que a transmissão automática do seu veículo tenha uma duração maior?
Assim como o dentista te orienta, “não os ignore”. Verifique o nível e condição do fluido periodicamente, repare quaisquer problemas e vazamentos prontamente, inspecione a transmissão em bases regulares, e instale um radiador auxiliar se o veículo é utilizado para reboque, fins comerciais ou em ambiente de temperaturas elevadas. Algumas unidades pedem a instalação de um “kit de mudanças” adicional para trabalharem com mais conforto.
A troca do fluido original por um fluido sintético poderá ajudar em certas aplicações porque abaixam a temperatura geral de trabalho do conjunto, resultando em uma vida mais longa da transmissão, mas nem todas as transmissões podem utilizar fluido sintético. Verifique com seu técnico de confiança ou com a APTTA BRASIL quais os fluidos mais apropriados para seu veículo automático.
7. O que é um “kit de mudanças”?
O kit é um pacote de serviço colocado no mercado que foi desenvolvido para compensar alguma deficiência de projeto descoberta em uma determinada transmissão. Em muitos casos, o kit melhora a qualidade das mudanças, aumenta a pressão interna de trabalho da transmissão e fornece uma melhor lubrificação.
Nota: Nem todas as transmissões necessitam de um kit de mudanças.
8. Se eu abastecer a transmissão acima do nível normal (sobrebastecimento), isto causa algum problema?
Em uma palavra, respondo que SIM! Ocorre que quando o nível está acima do normal, o fluido passa a tocar nas partes móveis da transmissão, se tornando aerado (gerando espuma) o que poderá causar operação anormal. Isto gera baixa pressão com consequente patinação interna e queima dos elementos de aplicação, destruindo rapidamente a transmissão. Além disso, poderão ocorrer vazamentos que de outra forma não ocorreriam!
9. O sobreabastecimento causa ruptura dos retentores?
Não! A carcaça da transmissão é ventilada evitando que a pressão interna aumente em áreas normalmente não pressurizadas. Um sobreabastecimento poderá aumentar o nível do fluido de maneira que a transmissão perca fluido através do respiro ou vaze através dos retentores que estejam normalmente acima do nível de fluido, mas os retentores que estão sob pressão e os que normalmente não estão não alterarão esta situação devido ao nível aumentado de fluido.
10. Só com os sintomas de falha que o cliente nos informa, posso saber a causa da falha?
Gostaríamos que fosse simples assim. Não nos leve a mal, mas raramente temos uma descrição tão acurada do problema pelo cliente dando todas as informações necessárias de maneira a identificar a causa da falha de uma transmissão. Em muitos casos, se realizássemos o reparo baseados tão somente na descrição dos sintomas pelo cliente, o problema não seria resolvido. Muitas pessoas, incluindo mecânicos em geral, não possuem conhecimento de câmbio automático suficiente para diagnosticar adequadamente uma falha no sistema.
O melhor que podemos fazer é dar informação ao cliente que possa ajudá-lo a entender o problema ou sintoma, e fornecer alguma visão sobre algumas soluções possíveis.
11. Por que não é recomendado substituir minha transmissão defeituosa por outra “usada” comprada em um desmanche, por exemplo?
Embora seja mais uma opção, devemos pensar duas vezes antes de fazer isto.
Se sua transmissão funcionou bem até agora, não há razão para pensar que outra funcionará melhor do que ela só porque algo se danificou agora. É a mesma coisa que em um desmanche pensarem que o carro batido que ele comprou se tornou um problema. Se a transmissão estava funcionando bem, com certeza ele a incluirá em seu estoque para venda, e quando alguém precisar de uma transmissão, ele a venderá como um câmbio seminovo.
Se o seu veículo fosse vendido a um desmanche um mês antes do problema atual aparecer, este mesmo problema apareceria no carro de outro usuário um mês depois da sua transmissão ter sido instalada. Este procedimento não somente acarretará mão de obra adicional para remoção e recolocação de outra transmissão, como também corre-se o risco da transmissão instalada estar em igual ou pior estado do que a original do veículo, mesmo o proprietário do desmanche dando “garantia” da peça instalada.
Isto, presumindo-se que uma transmissão exatamente igual a do seu veículo esteja disponível. Nos dias atuais, as transmissões são mais específicas de um ano de fabricação, fabricante e modelo do que eram alguns anos atrás.
O que fazer? A opção de uma transmissão usada é a mais barata presumindo-se que ela esteja em bom estado. Mas, se você pretende utilizar seu veículo por mais alguns anos, uma unidade reformada será mais confiável e com mais garantia que aquela usada de desmanche.
A oficina que instala a transmissão de desmanche vai provavelmente cobrar cada vez que removerem e recolocarem a transmissão. Em outras palavras, se a primeira transmissão usada não estiver boa, espere uma cobrança de remoção e recolocação para a próxima transmissão usada, que o dono de desmanche “garantiu”. Ele só garantiu a transmissão e não a mão de obra. Isto assumindo que o dono do desmanche possua outra transmissão. Informe-se antes de fazer este tipo de negócio.
Outra razão para considerar, é se o “problema da transmissão” está mesmo na transmissão. Com as unidades controladas hoje por computador, existem numerosos sensores eletrônicos, externos à transmissão que podem ser responsáveis pelo problema em si. Esta é uma forte razão para verificar com um técnico habilitado o diagnóstico antes de substituir a transmissão.
Já tivemos casos de veículos guinchados para nossa oficina técnica, cujo proprietário informou que já havia substituído a transmissão e o problema ainda continuava!
12. O carro veio da oficina recentemente, tendo sofrido reparos em outra área, e agora a transmissão está apresentando problemas.
Se você notar algum problema com a transmissão logo depois de outro reparo, o indicado é orientar o cliente a levar o veículo a oficina que realizou o último reparo. Ocasionalmente, um problema pode ter sido criado durante o reparo. Mas, não espere muito tempo; esta consequência inintencional deverá ser investigada o quanto antes. A lógica dita que se a transmissão funcionava bem antes do reparo, ela deverá funcionar bem depois também. Apenas lembre-se de usar certa diplomacia!