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Como uma simples pintura de para-choque gerou um reparo de R$ 4.500


A calibração do sistema ADAS exige muito mais do que alinhamento visual — qualquer erro no processo eletrônico pode travar todo o sistema e gerar prejuízos elevados

Alessandro de Souza
08 de agosto de 2025

Recentemente, recebi em minha empresa um caso que ilustra perfeitamente como um reparo aparentemente simples pode se transformar em um pesadelo técnico — e financeiro — para a oficina. Mais do que isso, ele traz uma lição fundamental sobre os cuidados exigidos pelos sistemas ADAS (Advanced Driver Assistance Systems) nos veículos modernos.

O veículo envolvido era um Ford Fusion 2012, que chegou até nós para a calibração do sistema ADAS. O que parecia ser uma rotina simples revelou uma conexão surpreendente entre a pintura do para-choque traseiro, a eletrônica embarcada e a transmissão automática.

O início: um alerta aceso após a pintura

O caso começou quando um colega reparador nos procurou. Ele havia realizado a pintura do para-choque traseiro do Fusion e, após a remontagem, percebeu que a luz de alerta do sistema de colisão permanecia acesa no painel. Sem entender a origem do problema, nos consultou.

Expliquei que isso é relativamente comum em veículos equipados com ADAS. A remoção do para-choque, substituição de para-brisa ou mesmo um simples desalinhamento podem comprometer a leitura dos sensores e exigem recalibração do sistema. Trata-se de um sistema sensível, que não tolera interferências sem o devido procedimento técnico.

Diante disso, agendamos a calibração dinâmica para a semana seguinte.



A teoria é simples. A prática, nem tanto

O Fusion 2012 utiliza calibração dinâmica, ou seja, não requer painéis ou alvos físicos. O procedimento exige um scanner automotivo com a função habilitada, chave ligada, transmissão em posição "Park" e velocidade constante superior a 65 km/h. Durante o trajeto, o scanner exibe o progresso da calibração de 0% a 100%.

Mas o sistema é rigoroso: qualquer falha de ignição, desalinhamento dos sensores ou erro de comunicação entre módulos bloqueia o processo.

Removemos o para-choque novamente e reposicionamos o radar, que havia se deslocado ligeiramente durante a repintura. Tudo pronto, iniciamos a calibração.

A calibração travou em 0% — e a causa era invisível

Ligamos o motor, conectamos o scanner, colocamos o câmbio em “P” e saímos para o percurso. Rodamos mais de 10 km — e nada. A calibração continuava congelada em 0%.

De volta à oficina, iniciamos nova varredura com o scanner. Ao revisar o check-list de entrada, encontramos um detalhe importante: um código de falha relacionado à seletora de marchas. Um detalhe sutil, mas que mudou tudo.

O LED da alavanca do câmbio piscava, mesmo com a alavanca em “Park”. Embora o carro funcionasse normalmente, o sistema ADAS não reconhecia que o veículo estava parado, condição obrigatória para iniciar a calibração.



Diagnóstico confirmado: falha na seletora do câmbio

O problema estava na seletora da transmissão automática, que enviava sinal incorreto à central eletrônica. O sistema acreditava que o veículo não estava em “Park”, bloqueando a calibração.

A única solução foi remover o conjunto da transmissão, desmontar o módulo e substituir o componente eletrônico defeituoso. Após a substituição e remontagem, refizemos o processo de calibração. Agora, com todos os parâmetros em ordem, o radar foi reconhecido, o ciclo iniciou corretamente e atingimos 100% de calibração com sucesso.



De um serviço de R$ 450 para um prejuízo de R$ 4.500

O ponto crítico deste caso está aqui: o cliente pagou R$ 450 pela pintura, mas responsabilizou a oficina pela falha no sistema ADAS. Sem um check-list técnico detalhado na entrada, o reparador não conseguiu comprovar que o defeito na seletora de marcha já existia antes do serviço. Resultado: R$ 4.500 de prejuízo, absorvidos pela oficina entre mão de obra, peças e tempo técnico.

Prevenção é o reparo mais inteligente

Este caso deixa um alerta claro para todos os profissionais do setor: mesmo serviços simples, como funilaria ou pintura, exigem procedimentos técnicos completos na entrada do veículo. Isso inclui varredura com scanner, registro dos códigos de falha e, se possível, imagens e relatórios.

Com os sistemas dos veículos cada vez mais integrados — envolvendo sensores, radares, módulos e eletrônica embarcada —, uma pequena intervenção pode trazer à tona falhas ocultas, sem relação direta com o serviço executado.

Sem documentação de entrada, o reparador assume riscos desnecessários: prejuízo financeiro, desgaste com o cliente e perda de credibilidade.

Em tempos de alta complexidade automotiva, prevenir é mais do que um diferencial — é a forma mais inteligente de reparar.

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