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A partir desta edição vamos mostrar alguns conceitos básicos sobre módulos de injeção eletrônica. A falta de conhecimento nessa área acarreta criação de conceitos de funcionamento nem sempre corretos, que acabam dificultando o diagnóstico.
O módulo possui um micro controlador que chamamos de processador, nome mais popular para o pequeno computador interno capaz de realizar cálculos com valores previamente gravados em tabelas. Esses valores estão alojados dentro do chip, na memória de calibração ou, como ocorre nos módulos mais novos, dentro do processador em si.
Primeiramente, iremos falar sobre algumas estratégias dos módulos em geral, pois muitas vezes ocorrem trocas desnecessárias por desconhecimento dessas estratégias ou até mesmo do funcionamento desse componente.
Os módulos mais novos possuem estratégias de auto-adaptação, também conhecido como modo de aprendizado. Este ajuste costuma enganar o reparador que, ao substituir o módulo, resolve temporáriamente o problema.
Isso ocorre porque a nova central está com o BLM, que armazena todos os parâmetros auto-adaptativos, ainda sem valores. Assim, depois de alguns ciclos de funcionamento do motor, o mesmo defeito constatado anteriormente, irá ocorrer, ficando gravado na nova central.
O que é BLM?
BLM é uma sigla que significa BLOCK LEARN MEMORY, ou seja, Bloco de Memória de Aprendizado, também conhecido como parâmetros auto- adaptativos. Esses valores podem ser lidos através de um scanner convencional.
Se os valores estiverem acima de 128, indicam que a ECU está enriquecendo a mistura, ao passo que valores abaixo de 128 indicam que a ECU está empobrecendo a mistura.
Temos ainda, em diversos sistemas de injeção, leituras de BLM de curto prazo, que varia em quase todos os momentos de funcionamento do motor, e de longo prazo, que varia de forma mais lenta e somente após vários ciclos do motor.
Estratégias dos sensores (Conversão Analógico/ Digital)
O sinal de saída de muitos sensores é do tipo analógico, isto é, tem forma de onda. Esses sinais precisam ser transformados em sinais digitais, que possuem forma quadrada. Essa conversão é feita por um circuito integrado ou, em alguns casos, internamente pelo micro controlador.
Os comentários a seguir serão feitos considerando uma central de Fiat Uno SPI equipado com sistema de injeção Magneti Marelli IAW G7, que trabalha com um único bico injetor. Esta central equipa também os Tempra 8V.
Processador
principal e auxiliar
Identificados na imagem com números 1 e 2, esses dois componentes são o coração do módulo. Internamente, contém um software específico no qual serão executadas as rotinas de trabalho do sistema de injeção. Existem vários fabricantes desse item no mercado, tais como Nec, Motorola e Texas Intruments, entre outros.
Nos módulos mais modernos existem processadores que englobam conversores A/D, memória RAM, memória ROM e reguladores em um mesmo encapsulamento (montagem).
Para testar um processador, é necessário ter em mãos o diagrama que indica onde está ligado cada pino do processador. Este esquema recebe o nome de Data Sheet.
Os testes que podemos fazer no processador são os de alimentação do componente e de clock ou geração de pulsos. Esse último que deve ser analisado com o auxílio de um osciloscópio, e a frequência dos pulsos é gerada por um cristal.
Muitas vezes, quando as leituras de sensores informam valores muito além dos normais de funcionamento do motor naquele momento, os erros serão registrados no processador, e o sistema poderá entrar em modo de emergência, dependendo do defeito ocorrido nos sensores.
Para que a central volte novamente a funcionar corretamente, será preciso realizar o procedimento de reset que está armazenado nesse processador.
Falhas do tipo erro “ECU”, erro processador ou erro parâmetros auto-adaptativos são bastante comuns e, para corrigir essas falhas, é preciso executar o reset do processador por meio de ferramentas e equipamentos especiais.
Em algumas centrais equipadas com processador Motorola, o trabalho de troca do software do componente pode ser feito com o uso de um leitor chamado ST10. Atualmente, temos processadores aplicados em painéis de instrumentos, BCM, módulos de rede CAN, entre outras aplicações.
Processador BGA
Essa sigla significa Ball Grid Array e é um tipo de conexão de microchips muito utilizaado atualmente. Nesse tipo de conexão, o chip possui pequenos pontos de solda na sua parte inferior e é fixado diretamente na placa-mãe.
O chip primeiramente é encaixado e a solda é feita em uma câmara de vapor a aproximadamente 180° C, temperatura em que a solda se funde, mas que ainda não é suficiente para derreter os demais componentes da placa do módulo, incluindo os conectores plásticos e os chips. Esses componentes são projetados para suportar temperaturas ligeiramente mais altas.
Memórias de calibração
A EPROM, ou Erasable Programmable Read Only Memory , é uma memória apenas de leitura. Assim, o processador do módulo somente consegue ler os arquivos armazenados, não podendo gravar ou sobrescrever informações.
É possível apagar os dados gravados nesta memória, porém é preciso utilizar uma luz especial, do tipo ultravioleta. Por outro lado, para inserir novos dados nessa memória , é utilizado um equipamento conhecido como gravador de EPROM.
Já em memórias tipo EEPROM ou FLASH, o próprio processador pode realizar alterações em determinadas partes da memória. Essas memórias são responsáveis por guardar as tabelas de injeção, de avanço de ignição, de curva de rotação por carga, de partida a frio, entre outras estratégias de funcionamento da injeção e ignição pré-determinadas pelos engenheiros responsáveis pela calibração do módulo.
Existem vários tipos de encapsulamentos de memórias encontradas no mercado, tais como: PLCC, PSOP, DIP, TSOP. Existem diversas fixações dessas memórias nas placas, e estão indicados nos pontos 3, 4 e 5 da imagem. Acompanhe nas próximas edições a descrição de outros componentes dos módulos de injeção, assim como os princípios de funcionamento e os respectivos testes.