ALFA, acrônimo para Anonima Lombarda Fabbrica di Automobili, fundada em 1910 e que se tornaria Alfa Romeo ao ser adquirida, cinco anos depois, por Nicola Romeo, tornou-se mundialmente famosa ao construir -- e não raro colocando nas pistas -- sedãs, cupês e spiders de tração traseira, quase sempre de estilo atraente e alto desempenho. Entretanto, no início dos anos de 1970, seria apresentado um modelo que não seguia em nada a cartilha dos veículos produzidos pela marca de Milão. Aliás, viria a ser fabricado no sul da Itália, por isso recebeu a alcunha de Alfasud (Alfa Sul).
A Alfasud introduziu pela primeira vez a marca do Biscione no segmento dos automóveis médio-compactos. Um projeto iniciado do zero para produzir um modelo tecnicamente inovador, realizado numa nova fábrica localizada em Pomigliano d'Arco, no sul de Itália: uma aposta revolucionária que deixaria a sua marca na história da Alfa Romeo. Essa história começou a tomar formas entre finais de 1959 e 1961, quando a direção da Alfa Romeo começou a esboçar a ideia de um carro compacto equipado com um motor de baixa cilindrada.
UM ALFA DISTINTO
A Alfa Romeo começou a explorar a construção de um carro de dimensões compactas ainda na década de 1950, mas foi somente em 1967 que foram estabelecidos os planos para um modelo totalmente novo que se enquadrasse abaixo do Giulia. O projeto seria revolucionário em termos da história dos automóveis da marca, pois adotaria um motor de cilindrada reduzida com duplo comando de válvulas e tração dianteira.
Embora o Giulia tenha conquistado cada vez mais clientes para a marca a partir dos anos de 1960, os engenheiros de Milão queriam ocupar essa lacuna com um carro de entrada e assim iniciaram o projeto batizado de Tipo 901. A Alfa Romeo tinha planos audaciosos e inéditos ao modelo: estabelecer uma nova fábrica no sul de Itália, para construir um automóvel de massa. O projeto era mais do que ambicioso, mas se por um lado parecia distanciar-se das características distintivas dos automóveis Alfa até a data, por outro propunha o grande desafio, pois a marca deixaria de ser elitista para de aderir ao segmento de massa.
Nomes de peso foram recrutados para o projeto: Rudolf Hruska, que já havia trabalhado para a Alfa na época do Giulietta; Domenico Chirico, chefe do projeto Alfasud desde 1966; os designers Giorgetto Giugiaro e Aldo Mantovani, da emergente Italdesign. A pedra fundamental da fábrica de Pomigliano d'Arco foi lançada em abril de 1968; na cerimónia, o presidente da Alfa Romeo, Giuseppe Luraghi, explicaria ao primeiro-ministro italiano, Aldo Moro, todos os trâmites do projeto que teria início de produção em 1971.
O tempo era escasso, mas Chirico conseguiu construir uma equipe jovem e unida, que já estaria testando componentes individuais e depois o carro, muito antes de a fábrica ser concluída. O mesmo engenheiro estaria lá para os principais marcos: o motor seria testado em bancada pela primeira vez em 14 de julho de 1968, seguido pela corrida piloto do primeiro protótipo na pista de testes de Balocco, numa noite de novembro daquele ano.
ALFA SULISTA
O Alfasud foi apresentado ao público em novembro de 1971 no Salão Automóvel de Turim. Tratava-se de um carro inovador para a marca tanto em termos de especificações técnicas como de estética e funcionalidade. O Alfasud apresentava uma carroceria de dois volumes no estilo fastback (2,45 metros entre-eixos, 3,89 de comprimento), quatro portas e cinco lugares, com um capô baixo e linhas bastante elegantes e esportivas. Em seu primeiro ano, o Alfasud apresentava dois faróis quadrados, quatro portas e câmbio de quatro marchas.