Defeito: Este modelo da Renault chegou à oficina com marcha lenta irregular e perdendo força nas ultrapassagens. Segundo o cliente, já comprou o veículo de agência com esta situação, mas depois de alguns meses o defeito foi se agravando.
Diagnóstico: Iniciando os testes, o reparador detectou pelo manômetro que o terceiro cilindro do veículo estava com baixa taxa de compressão. O cabeçote foi removido e enviado para a retífica para o diagnóstico. Na oficina, o reparador aproveitou e efetuou a troca dos anéis.
(Compressão dos pistões: 1° 210 2° 210 3° 140 4° 210 PSI.)
Ao instalar o cabeçote, fazer todas as conexões e ligar o veículo, o defeito permaneceu. Mas dessa vez se tratava do segundo cilindro com baixa compressão.
Refazendo o mesmo procedimento de retífica e manutenção do cilindro, o motor foi acionado e o defeito sumiu, temporariamente. No teste de rua, exigindo um pouco mais do motor até aquecer, voltou a dar a mesma falha.
Encucado com a situação, decidiu expor este fenômeno no Fórum Oficina Brasil. Alguns colegas de profissão relataram para ele prestar atenção na situação dos tuchos. A suspeita era das válvulas de admissão estarem abrindo mais que o necessário. O reparador inverteu os tuchos como teste, mas o defeito permaneceu justamente no terceiro cilindro.
Outra questão discutida foi do cilindro ou cabeçote estar trincado, mas na retífica foram feitos todos os testes de vedação, e o cabeçote indicou perfeitas condições. Lembrando que o carro não ferveu em nenhum momento.
O reparador alertou mais uma vez no tópico que a compressão permanece normal quando o motor frio. O defeito só ocorre com o motor quente, a compressão do cilindro cai bastante em marcha lenta e permanece irregular.
Outro colega de profissão sugeriu a verificação dos comandos, pois quando empenam, por menor que seja, afetam a compressão.
Um reparador experiente em retífica informou que provavelmente seja erro de manuseio da própria retífica. E que se fosse o comando com defeito, a compressão seria baixa mesmo com o motor frio.
Continuando a saga, já com o veículo há doze dias na oficina, o reparador passou o scanner novamente logo pela manhã, e conseguiu identificar a falha descrita como “regulação de detonação no terceiro cilindro”.
Sem mais saídas, encaminhou o cabeçote em uma retífica especialista em motores franceses. Realizando os reparos, identificaram que o terceiro cilindro estava perfeito, sem avarias, mas com a compressão baixa realmente. O técnico da retífica sugeriu retirar 0,30 de material dos quatro tuchos. Após este serviço, por incrível que pareça, a compressão aumentou, mas logo após o aquecimento e o carregamento dos tuchos a compressão caiu novamente. Outro detalhe ressaltado pelo técnico foi do desgaste acentuado na tampa e nos comandos. Porém, mesmo assim não fazia sentido a falta de compressão apenas em um cilindro do cabeçote.
Depois desta análise detalhada no cabeçote, foi sugerido ao cliente a troca do cabeçote. Mesmo se tratando de um valor muito superior ao serviço, a última opção para o reparo seria essa.
Solução: Após a substituição do cabeçote e todos os ajustes realizados, o veículo foi para o teste de rodagem por mais de 40 minutos e não demonstrou mais defeitos.
Como o reparador não sabia o histórico do veículo, ele suspeita de que no passado ocorreu a quebra da correia, dessa forma houve a torção dos comandos. Fiquem atentos.