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Através da utilização do scanner e de atualizações fornecidas pela montadora, acompanhamos a solução de falha na pressão de óleo deste modelo, sem soltar um parafuso sequer
Graças à soma de potência, conforto e estilo, o Chrysler 300C é uma opção dentre os carros de luxo que encontramos frequentemente nas ruas. Mas há um receio por parte do reparador no momento da sua manutenção. A maioria dos reparadores tem dúvidas em relação à manutenção deste modelo da Chrysler, por desconhecer as características técnicas e o sistema de reparação. “O mau funcionamento de uma sonda-lambda, por exemplo, pode ser solucionado através de uma atualização de software, enquanto a maioria dos reparadores imediatamente substituiria o componente e não sanaria o problema (este veículo possui quatro sondas, duas em cada saída de escape)”, alerta Sandro dos Santos, da Dr. Chrysler.
Mostraremos a execução da reparação relacionada à falha da pressão do óleo, e em seguida, como proceder na manutenção de outros componentes deste modelo.
PRESSÃO DO ÓLEO
O proprietário levou este Chrysler 300C, motor 5.7 litros V8 Hemi, com 167.000 km, até a oficina Dr. Chrysler, especializada em veículos da marca, localizada na zona norte de São Paulo, onde acompanhamos a resolução deste problema.
Existe um módulo principal da Rede CAN (veja foto 1) que trabalha junto com módulos auxiliares (conheça alguns deles abaixo), e que conseguem monitorar e recuperar o perfeito funcionamento de motor, transmissão, componentes elétricos, eletrônicos e de conforto, além de solucionar muitos problemas e falhas através de atualizações de software com scanner, via internet.
Na Rede CAN, o módulo recebe e distribui informações para o sistema (foto 1);
Módulo que controla injeção e transmissão (foto 1A);
Módulo que, entre outras funções, faz a leitura da pressão dos pneus (TMPS - leia mais sobre esta sigla no decorrer da matéria - foto 1B).
Para fazer a leitura de toda a eletrônica embarcada no 300C através do scanner, conecta-se um monitor portátil dentro do veículo (foto 2), no terminal embaixo da coluna de direção. Um notebook com o software StarMobile (nome do programa do scanner) instalado e também conectado à internet, faz a leitura completa do veículo, informando o modelo, ano de fabricação, numeração de chassis, quais módulos e opcionais estão instalados nele e possíveis erros (fotos 3, 3A, 3B e 3C). Acompanhe o procedimento correto:
No caso deste veículo, o sistema encontrou a falha P0524 (baixa pressão do óleo do motor) (foto 4).
O próprio sistema, via internet, fornece um boletim atualizado, gerado pela montadora (foto 5), informando qual a falha, as consequências, quais modelos de veículos estão envolvidos e também, informações para que o reparador entenda o erro, onde e como ele ocorre.
Através do software, basta clicar em cima do erro apresentado e a falha é corrigida. Um reparador que não conhece o funcionamento desta tecnologia, possivelmente faria a troca do sensor de pressão do óleo ou da bomba, e a falha não seria solucionada.
OUTROS PROBLEMAS
O processo de análise e correção de falhas através do scanner e software deve ser o primeiro passo sempre que uma anomalia de funcionamento é identificada, seja por indicação de luzes acesas no painel de instrumentos, seja por um comportamento anormal no veículo (mecânico, elétrico ou eletrônico). Então, antes de desmontar qualquer componente, o recomendado é fazer uma varredura através do scanner, para identificar a real causa da falha. É possível, por exemplo, descobrir qual cilindro está falhando (seja por problema da bobina ou pela vela de ignição) utilizando o software. Ou ainda, localizar panes elétricas em algum componente.
ALÉM DO SCANNER
Obviamente o scanner não detecta nem soluciona todos os problemas neste veículo, então apresentaremos a solução de alguns dos problemas mais comuns que ele pode apresentar.
MOTOR
Este V8 possui a tecnologia MDS, que “desliga” metade dos cilindros quando uma velocidade constante é mantida por um período, por exemplo, em uma estrada. Isto contribui na redução de emissão de poluentes, ainda mais com nosso combustível de má qualidade. E por causa deste combustível, resíduos de impurezas e sujeira podem se acumular no TBI. Logo, é recomendável fazer uma limpeza no corpo de borboleta periodicamente.
“Sempre que for necessário remover o conector da TBI (foto 6), também é preciso realizar um procedimento ao reconectá-lo. É necessário realizar um procedimento para reprogramar (resetar) o pedal do acelerador. Com o carro desligado, pise no acelerador até o fim. Por três vezes, gire a chave da ignição até acenderem as luzes do painel e desligue, sem dar a partida no motor. Caso isto não seja feito, ao ligar o veículo, uma luz no painel indicará nível baixo de óleo (sem aspas) e o motor não responderá ao comando do acelerador eletrônico”, explica Sandro.
Os motores seis cilindros possuem uma vela por cilindro, já o oito, são duas por cilindro (foto 7). Para removê-las, é necessária uma ferramenta com a ponta articulada (foto 7A).
Como estes motores são acionados por corrente (e não correia dentada), é necessário fazer apenas a substituição da correia auxiliar, a cada 120 mil km. O “macaquinho” ajusta automaticamente a tensão da corrente.
ARREFECIMENTO
Ao realizar a manutenção ou limpeza (trocar a água e aditivos), bolhas de ar podem ficar no sistema. Para remover este resquício, existe um dreno que deve ser aberto para a saída do ar. Então, completa-se o nível até a água chegar nesta saída (foto 8).
Assim como no Chrysler Stratus (mostrado no Consultor OB, edição Abril/2012), a tampa do arrefecimento possui três estágios de fechamento e deve ser fechada corretamente. Também deve-se se deve observar se a borracha de vedação da tampa não apresenta trincas ou rachaduras (foto 9).
RODAS
Para realizar alguns procedimentos mecânicos, é comum a necessidade de tirar e recolocar as rodas. Procedimento simples, não? Sim, mas no Chrysler 300C é extremamente importante alertar o reparador para que, ao soltar ou apertar as porcas das rodas utilizando uma pistola pneumática, use o soquete sextavado, jamais do estriado (foto 10 e 11). “As porcas da roda são cobertas por uma capa metálica, que amassa facilmente com o uso da ferramenta incorreta. Ao amassar esta capa, não é mais possível soltar ou parafusar a porca com a chave sextavada, principalmente no momento em que o proprietário do veículo precisar trocar um pneu com a chave de rodas original. Vale lembrar que cada porca nova custa cerca de R$50”, orienta o reparador Vanderlei de Oliveira Carvalho, da Dr. Chrysler.
“Cada roda é equipada com um sensor que monitora a pressão interna do pneu, chamado TMPS (sigla em inglês para Sistema de Monitoramento de Pressão dos Pneus) (fotos 12 e 12A). Estes sensores trabalham em conjunto com os sensores fixados na suspensão (leia mais em SUSPENSÃO), e enviam sinais de rádio frequência para o módulo. Se a pressão dos pneus estiver abaixo do valor pré-programado no módulo, uma luz se acenderá no painel (foto 13). Através do scanner é possível identificar qual roda está enviando o sinal e solucionar a falha”, completa Sandro.
FREIOS
No momento da troca dos discos de freios, muitos reparadores ou proprietários optam por “dar um passe”, retificar. Em detalhe, um disco retificado que foi refugado (foto 14). Vanderlei não recomenda este procedimento: “Após este disco sofrer um passe, ele emite chiados no momento da frenagem. Isto não interfere no desempenho dos freios, mas o cliente deve ser alertado sobre esta consequência”, explica.
Outro item que costuma apresentar problema é o sensor do ABS (foto 15). A luz do painel se acende, informando a anomalia (foto 16). Existem duas possibilidades de solução: a primeira é uma atualização do módulo, através do scanner. A segunda é realizar a troca do sensor.
SUSPENSÃO
O modelo 300C foi concebido em 2005, época em que a Chrysler pertencia ao grupo Mercedes-Benz (Daimler Chrysler). Resultado disso é que alguns conjuntos, como por exemplo, a suspensão reforçada, foram projetados pela marca alemã. Embora seja bem dimensionada, alguns componentes sofrem desgaste ou troca com maior frequência, por causa da irregularidade das ruas brasileiras. A maior incidência de desgaste dos componentes da suspensão ocorre na dianteira; na traseira quase não acontecem desgastes. Acompanhe.
“O pivô é um dos componentes que mais sofre desgaste na suspensão e como consequência, gera folga no conjunto e é necessária sua troca (foto 17). Outro item que também é comum ser substituído é a bandeja inferior dianteira, por causa do desgaste em sua bucha. É recomendável a troca do item completo (bandeja e bucha), pois apenas as buchas originais (que não são vendidas separadamente) suportam a carga de trabalho (foto 18)”, ensina Vanderlei.
Este veículo dotado de dois sensores fixados na suspensão: um na dianteira (foto 19) e um na traseira (foto 20), que mantêm a estabilidade da carroceria, de acordo com o piso. Eles também fazem a regulagem de altura dos faróis então, quando um dos sensores apresentar defeito, um dos faróis dianteiros deixará de acender (entrará em modo de emergência). Esta informação é importante, pois o reparador pode pensar que há uma lâmpada queimada ou um problema elétrico no veículo, mas na verdade é um defeito destes sensores. É possível simular e testar esta falha desconectando seus terminais elétricos.
COXINS
Os coxins de motor e transmissão raramente apresentam problemas ou são substituídos. Por este carro apresentar uma distância pequena entre o assoalho e o solo, é normal raspar ou bater em lombadas, rampas, etc. Logo, é comum encontrar peças embaixo do carro com sinais de amassados e quebra. Na foto, o suporte do coxim da transmissão faltando um pedaço (foto 21).
CÂMBIO AUTOMÁTICO
Não é comum esta transmissão apresentar problemas ou defeitos, no entanto, a manutenção preventiva é muito importante.
Por não possuir vareta de medição do nível de óleo, é recomendado substituir o filtro e o óleo da transmissão (Dexron III) a cada 20.000km (foto 22).
ESCAPAMENTO FURADO
O silencioso traseiro vem com furos originais (calibrados) de fábrica. Eles ajudam a reduzir o acúmulo de água que se forma no sistema de exaustão (foto 23).
BATERIA
Não é recomendado executar ligação direta entre baterias (chupeta), isto pode queimar vários módulos do veículo. A bateria recomendada pelo fabricante é de 70A, e deve ser original (vide foto 1B, página 66). As demais baterias não suportam toda a eletrônica embarcada neste modelo e, por consequência, pode queimar os módulos nele presente.
AR CONDICIONADO
Segundo Sandro dos Santos, muitos reparadores não sabem onde está localizado o filtro antipólen. Está sob a “grelha” plástica, próximo ao limpador de para-brisas (foto 24).