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O Comitê de Tecnologia Diesel da SAE BRASIL (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) deu início este ano a uma campanha pela liberação da comercialização de veículos de passeio com motores Diesel, que no Brasil é proibido há mais de 30 anos.
Para desmitificar a real situação deste polêmico tema, o Comitê divulgou documento intitulado Verdades e Inverdades sobre os Motores Diesel dos Automóveis, em que aponta diversas vantagens e benefícios do uso do Diesel em veículos leves, tais como maior economia por quilômetro rodado, menos agressivos ao meio ambiente e desempenho similar aos veículos ciclo Otto. Acompanhe a seguir a íntegra do documento:
Verdades e Inverdades sobre os Motores Diesel dos Automóveis
Devido a limitações legais impostas há mais de 30 anos, a indústria nacional produz, de longa data, veículos leves a Diesel destinados apenas ao mercado externo, mas tem capacidade para atender também o mercado interno o qual poderia se beneficiar das vantagens apresentadas por um produto de uso generalizado e crescente em países desenvolvidos.
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O desenvolvimento de motores Diesel leves atingiu nos últimos tempos um nível tecnológico tal que, pelo alto desempenho e pelo prazer, competem com os do ciclo Otto. Isso só foi possível com a aplicação de componentes e sistemas eletrônicos associados a outros sistemas para controle das emissões de gases, material particulado e ruído.
Entretanto, o consumidor brasileiro tem estado afastado da tecnologia Diesel para automóveis. Este afastamento de mais de 30 anos consolidou uma serie de percepções, hoje equivocadas, no público consumidor brasileiro, que são:
1. Polui muito, faz fumaça
Até a década passada, mesmo a maioria dos motores Diesel novos dos automóveis emitiam fumaça em algumas condições de operação, especialmente à plena carga, pois não havia a possibilidade da combustão completa, com o excesso de ar adequado. Os motores eram naturalmente aspirados.
Os motores atuais não produzem fumaça visível. São turboalimentados e possuem refrigeração do ar de admissão, via intercooler. Os sistemas de injeção eletrônica de altíssima pressão e demais melhorias introduzidas, tanto nos motores como nos combustíveis, garantem a eliminação da indesejável fumaça preta e, particularmente, dos compostos regulamentados: CO, NOx, HC e material particulado.
Os motores antigos possuíam sistema de injeção mecânico que eram facilmente adulterados, aumentando o volume de diesel injetado, provocando uma queima incompleta do combustível, que levava a emissão da indesejável “fumaça” e também o aumento das emissões de outros compostos.
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As leis de emissões vigentes nos dias de hoje no Brasil definem os níveis de emissões tanto para os motores OTTO como para o Diesel dos automóveis.
2. Baixo desempenho
Os motores Diesel sempre foram conhecidos pelo seu elevado torque a baixas rotações, mas por trabalharem sempre com rotações menores que os motores Otto, apresentavam uma elasticidade menor o que caracterizava esse baixo desempenho. A dirigibilidade também era questionada.
Com a eletrônica embarcada foi possível transformar todo este torque disponível em conforto ainda maior, melhoria da dirigibilidade e conseqüentemente melhor aceleração.
Dirigir um veículo Diesel nos dias de hoje se tornou muito prazeroso. Se aproximando, ou mesmo suplantando em tráfego urbano, o prazer de dirigir (fun to drive) dos veículos Otto.
3. Barulhento
Os motores Diesel ficaram conhecidos por serem barulhentos isso, entretanto, não é a realidade atual.
Além de novos materiais de isolamento acústico, cada vez mais eficientes e o sistema de injeção controlado eletronicamente trazem uma contribuição decisiva, principalmente porque conseguem um controle mais refinado da quantidade injetada ao longo do tempo.
Com a aplicação de pré-injeções a injeção principal que pode ser controlada para determinar como a chama vai se desenvolver na câmara de combustão, reduzindo o impacto da explosão, produzindo um efeito muito positivo sobre o ruído de combustão e vibração no funcionamento do motor Diesel. É difícil, hoje em dia, a identificação clara se um carro tem motor Diesel ou Otto.
4.Preço subsidiado
Após a desregulamentação da cadeia de downstream no Brasil, a partir de janeiro de 2002, os preços dos derivados foram liberados de qualquer tipo de intervenção governamental, inclusive com a interrupção de diversos subsídios até então distribuídos.
Para o diesel, assim como para a gasolina, os preços de refinaria praticados no Brasil estão nivelados aos preços praticados em outros países.
As margens de comercialização dependem do mercado local onde é vendido o produto. Já a carga tributária praticada para o diesel é inferior à da gasolina, fazendo com que o preço final ao consumidor seja menor, entretanto não diferente do praticado no resto do mundo. O recebido pela Petrobras é 50% maior no diesel que na gasolina.
5. São fedorentos
O cheiro característico emitido pelos gases de escape dos veículos Diesel esta ligado a queima incompleta e ao alto teor de enxofre no óleo diesel.
A queima incompleta não é mais problema com os turbos, intercoolers e os sistemas de injeção eletrônicos.
A Petrobras tem investido para adequar a qualidade do diesel para atender as legislações ambientais. Destaca-se a implantação das unidades de Hidrotratamento de Diesel. Este processo permite aumentar a produção de diesel a partir do refino de diferentes tipos de petróleo, reduzindo o teor de enxofre.
6. Seguro muito caro
O seguro de um veículo a Diesel é caro não por ser Diesel, mas sim por terem um índice de roubo muito elevado. São veículos diferenciados, até raros no mercado. Pick-up’s e SUV’s de luxo, muitos importados, que por si só são muito cobiçados, além de um valor de compra elevado. A liberação do automóvel a diesel levará a desmistificação do motor Diesel como sendo algo corriqueiro
7. Mais caro. Pagar um montão a mais, para economizar alguns trocados na bomba
Pelas suas características construtivas, ligadas principalmente às pressões de combustão e ao sistema de injeção, um motor Diesel é mais durável e tem maior confiabilidade que um Otto equivalente, entretanto tem um custo/preço maior.
Um automóvel Diesel na Europa é, em média, 1.940,00 Euros mais caro que um similar Otto. Nos modelos de entrada a diferença máxima é de 1.000 Euros.
Por serem mais caros, os veículos com motores a Diesel não concorrerão diretamente com os veículos a gasolina ou flex. O mercado será auto regulado em função das necessidades específicas de cada consumidor e o fator custo operacional será o determinante. O retorno do investimento no veículo se dará especialmente para os que rodam mais. Exemplo dos táxis e de carros de frota de grande rodagem. Na Argentina o mercado se auto regula desta maneira.
8. Sobra gasolina e falta diesel
Os investimentos realizados pela Petrobrás na expansão do parque de refino e em novas tecnologias de refino tiveram sempre como objetivo adequar a sua produção aos petróleos disponíveis no país e ao seu perfil de consumo, garantindo hoje uma produção de 38% de diesel de todo petróleo processado, com perspectivas de aumento dessa relação.
O dispêndio com a importação do óleo diesel é contrabalançado pela receita na exportação de excedentes dos derivados de petróleo obtidos durante o processamento, e que vem apresentando um saldo positivo desde o ano de 2000. A importação de óleo diesel não deve ser vista, portanto, como um problema, mas sim como uma oportunidade.
Outros aspectos não menos importantes neste contexto referem-se à adição de Biodiesel ao diesel comercial brasileiro, e a possibilidade de se aplicar comercialmente o H-Bio (tecnologia brasileira). Fatores que poderão consolidar a posição brasileira de auto-suficiência.