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Com a tarefa de colocar a Itália na estrada, juntamente com o Novo 500, o Fiat 600 abriu caminho para uma das mudanças mais radicais do século passado. Substituiu o 500 "Topolino" de forma muito eficiente, tornando-se o automóvel ideal para as famílias durante o boom demográfico e econômico.
O Fiat 500, mais conhecido como “Topolino” ('Mickey Mouse'), foi criado em 1936, entre as duas guerras mundiais, e começou a mostrar defasado logo após a II Guerra Mundial. A partir do final da década de 1940, a gestão da Fiat – então comandada por Vittorio Valletta – pressionou a sua equipe para criar um substituto viável ao icônico modelo. A série final do Topolino (especialmente a versão “Giardiniera”) continuou a ser um sucesso, graças a sua versatilidade. Precisamente esse foi o caminho a seguir para conceber um novo automóvel cuja verdadeira tarefa era colocar a Itália na estrada, concretizar o projeto que o 500 só conseguiu em parte, principalmente devido à Segunda Guerra Mundial.
SUCESSOR DE UM ÍCONE
Dante Giacosa, o 'pai' do Topolino, ficou incumbido da tarefa de projetar um sucessor à altura. Com poucos recursos disponíveis, Giacosa criou algo que rapidamente se revelaria um verdadeiro milagre em termos de produto e sucesso comercial. A experiência das três séries Topolino deixou claro até que ponto uma arquitetura convencional, com motor dianteiro e tração traseira, é limitada em proporcionar aos carros compactos o melhor compromisso entre dimensões externas e espaços interiores: para aproveitar ao máximo, o motor e a tração devem ser “totalmente dianteiros” ou “totalmente traseiros”, soluções que também resultam em economia em termos de materiais, peso e, portanto, também de custo. A primeira hipótese, tração dianteira, mostrou-se ainda onerosa para ser desenvolvida naquele momento. Ainda seriam necessárias mais algumas décadas para que a empresa sediada em Turim adotasse tal configuração de tração.
Razões técnicas e econômicas levaram a equipa de Giacosa a adotar a solução “totalmente traseira”. O novo motor ficou conhecido como Tipo 100: quatro cilindros em linha, de 633 cm³, com potência de 21,5 cv a 4.600 rpm, alimentado por um carburador Weber 22, arrefecido a água, tendo o radiador posicionado no lado direito do motor, havia duas correias em V, uma para alimentar o dínamo e outra para o conjunto bomba/ventilador. O câmbio manual era de quatro marchas (primeira não sincronizada). O motor era posicionado na longitudinal atrás do eixo traseiro, com a caixa de velocidades virada para o habitáculo.
O Fiat 600 adotava a estrutura monobloco e suspensão independente nas quatro rodas. Os freios eram a tambor, o tanque de combustível comportava 27 litros e peso era de 585 kg. A carroceria apresentava formas arredondadas, no primeiro protótipo os faróis foram posicionados no capô dianteiro, depois, por uma questão de simplicidade, foram transferidos para os para-lamas e as lentes dos piscas alocados na parte superior. Sob o capô dianteiro estavam o tanque de gasolina, o estepe, a maleta de ferramentas e espaço para bagagem.
As duas portas abriam no estilo “suicida” e contava com janelas de três partes: a parte frontal e central podiam deslizar mutuamente, longitudinalmente, enquanto a parte restante menor, em plástico, podia abrir verticalmente para dentro como defletor. O habitáculo oferecia dois bancos dianteiros e um banco traseiro, num total de quatro lugares. Havia espaço para bagagem atrás do encosto que, uma vez rebatido, poderia criar um grande compartimento de carga.
A falta de um radiador dianteiro deixava espaço para a criatividade: havia seis frisos cromados, molduras circulares e as pequenas letras 600, com o logotipo Fiat localizado no capô precedendo um friso cromado em toda sua extensão longitudinal. A silhueta apresentava um para-brisas ligeiramente inclinado para iniciar a linha contínua do teto, descendo em forma de arco até a porção traseira da carroçaria. Apenas uma ligeira protuberância lateral sugeria os para-lamas traseiros.