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Em 1998 a Ford desenvolveu, na Europa, o Focus. Dois anos mais tarde, o modelo que já era sucesso de vendas, veio para o Brasil com a difícil incumbência de substituir o velho e consagrado Escort, que, diga-se de passagem, já estava um tanto quanto desgastado - foi uma bela tacada da montadora. A versão 1.6 8v saiu com o valente motor Zetec Rocan e câmbio manual de cinco velocidades, que não sofreu grandes alterações, apenas o suficiente para ficar melhor (Foto 1).
Acompanhe os procedimentos para a desmontagem do câmbio (Foto 2), desse veículo que chegou na oficina com vazamentos pelos retentores e juntas da carcaça.
Ressalto a importância de seguir uma ordem lógica, sob o risco de danificar algumas peças e/ou tornar impossível a desmontagem.
01 – Considerando que o óleo já tenha sido esgotado, retire o atuador hidráulico da embreagem (Foto 3) para não danificá-lo;
02 – Retire a tampa da 5ª marcha (Foto 4);
03 – Com um alicate de abrir, retire as travas das engrenagens que compõem a 5ª marcha (Fotos 5 e 6);
04 – Com o auxílio de um saca pinos, retire o pino elástico que prende o garfo ao eixo (Foto 7), em seguida retire a engrenagem da 5ª marcha, juntamente com o garfo (cuidado para não desmontar a engrenagem da luva);
Dica: recoloque a engrenagem da 5ª sem o garfo, engate a 5ª manualmente e qualquer outra marcha para travar os eixos, isso irá facilitar a remoção da outra engrenagem que necessita do “saca”. Se não tirar o garfo não será possível engatar duas marchas ao mesmo tempo.
05 – Utilizando a ferramenta específica (Foto 8), retire a engrenagem da 5ª marcha.
Atenção: essa engrenagem entra no eixo com muita interferência, significa dizer que o uso da ferramenta correta é imprescindível para essa operação;
06 – Após a remoção das engrenagens da 5ª marcha, retire os parafusos de fixação (Fotos 9 e 10) da carcaça intermediária (Foto 11A) e remova-a;
07 - Com uma chave de fenda grande, empurre a trava dos rolamentos (Foto 11B), com cuidado porque elas ficam sob pressão;
08 –Depois de retirar a trava que prende a alavanca do trambulador (Foto 12) é só puxar que a alavanca sai (Foto 13);
09 – Retire o parafuso que prende o acoplamento do trambulador (Foto 14). Depois, remova o pino com mola (Foto 15), que serve para dar precisão nos engates;
10 – Remova o interruptor da luz de ré (Foto 16);
Dica: para facilitar a remoção da tulipa, utilize uma ferramenta do tipo “talhadeira ou pino” para bater levemente na ponta da tulipa que está no lado oposto (Fotos 17 e 18).
11 – Após ter removido todos os periféricos e também os parafusos que estão ao redor do câmbio, retire a carcaça (Foto 19);
Atenção! Nunca introduza nenhuma ferramenta entre as duas partes do câmbio, porque se fizer algum corte ou amassado nas superfícies, o vazamento de óleo será inevitável, após a montagem.
12 – Com o câmbio aberto, retire os parafusos que estão na base dos eixos dos garfos (Foto 20) e puxe os conjuntos juntamente com os garfos e eixos – essa operação não exige muito esforço, apenas jeito.
Grave bem a posição dos garfos no eixo (Foto 21). Não é possível montar invertido mas, se isso ocorrer, terá trabalho para descobrir o erro.
Procedimento para desmontar as engrenagens do eixo secundário.
13 – Prenda o conjunto do eixo secundário na morsa e retire a trava que está logo acima do rolamento (Foto 22);
14 – Com muito cuidado, apoie a engrenagem da 4ª na prensa para sacar o rolamento (Foto 23);
Obs: Necessita esforço mínimo para remover o rolamento;
15 – Retire o rolamento (Foto 24) e a engrenagem da 4ª marcha (Foto 25);
16 – Retire a trava que está sob a engrenagem da 4ª marcha (Foto 26);
17 - remova manualmente o conjunto da luva de engate (Foto 27) e a engrenagem da 3ª marcha (Foto 28);
18 – Observe que há um anel em torno de duas travas (Fotos 29 e 30) que prende todo o conjunto de engrenagens que compõem a 1ª e 2ª marchas;
19 – Retire manualmente a engrenagem da 2ª e a luva de engate (Foto 31);
20 – Observe que há um conjunto com três anéis sincronizadores para as engrenagens de 1ª e 2ª marchas (Foto32);
21 – Por fim, retire a luva de engate e a engrenagem da 1ª (Fotos 33 e 34);
Observe na (Foto 35) todas as peças móveis do eixo secundário e o eixo primário com os dois rolamentos;
22 – Aproveite que está desmontado para substituir todos os retentores. Tenha atenção especial com os retentores laterais (Fotos 36 e 37) para não ficarem desalinhados;
Independentemente do reparo que será feito no câmbio, é importante verificar minuciosamente todos os componentes para evitar o retrabalho.
23 - Retire a coroa (Foto 38) para limpeza e verificação do estado dos rolamentos, satélites e planetárias.
Faça uma inspeção visual das peças internas do câmbio
Após a desmontagem, lave todas as peças para verificar visualmente o estado em que elas se encontram. Procure por desgastes nos rolamentos, nos dentes das engrenagens, nos anéis sincronizadores, no pino da caixa de satélite e nos garfos de engates.
Independentemente do problema que motivou a desmontagem substitua todos os retentores, o óleo lubrificante e as juntas, sempre por peças originais.
Dicas para a montagem
Depois de tudo limpo e verificado, retentores no lugar, inicie a montagem seguindo a ordem inversa à desmontagem.
Antes de encaixar os eixos na carcaça, coloque a engrenagem da ré e o interruptor da ré. Ele irá auxiliar para manter a engrenagem no lugar devido.
Na hora de colocar os eixos (já montados) na carcaça, você terá que utilizar a sua habilidade e um pouco de paciência para encaixá-los juntamente com os garfos.
Para acoplar a carcaça que fecha o câmbio, engate a 3ª marcha para evitar que os garfos se movimentem no momento do encaixe da carcaça.
Depois de colocar e apertar a carcaça, coloque as travas dos rolamentos (Foto 11B) observando a posição das pontas – elas implicam na montagem da junta da carcaça intermediária.
Por fim, para colocar a engrenagem da 5ª marcha, utilize um soprador térmico, aqueça-a até que a dilatação seja suficiente para ela entrar no eixo sem esforço.
Considerações finais
O câmbio é um dos componentes mais resistentes do carro, logo, quando há problemas nas peças internas, sobretudo se for desgaste prematuro, normalmente há um motivo plausível que pode e deve ser identificado e eliminado para evitar o retrabalho e, consequentemente o descontentamento do cliente. Esse tipo de manutenção exige ferramental específico e conhecimento dos princípios de funcionamento do câmbio.