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Com a crescente exigência por padrões rigorosos de emissões, os sistemas de recuperação dos vapores de combustível tornaram-se indispensáveis para o controle ambiental nos veículos modernos. Projetados para reter os gases voláteis que evaporam do tanque, esses sistemas evitam que compostos altamente poluentes escapem para a atmosfera, contribuindo significativamente para a redução de hidrocarbonetos.
Neste artigo, você entenderá o funcionamento dos principais componentes envolvidos nesse sistema, com foco técnico na bomba de detecção de vazamentos — dispositivo fundamental para o diagnóstico e monitoramento da integridade do conjunto.
Objetivos do sistema de recuperação
O sistema de recuperação de vapores tem duas funções principais: armazenar os vapores gerados durante a parada do veículo e impedir sua liberação durante o funcionamento. Isso é feito por meio de uma série de válvulas, sensores e um canister contendo carvão ativado, que retém os vapores até sua queima controlada no motor.
Testes de emissões demonstram que até mesmo uma abertura de apenas 0,5 mm pode gerar vazamento de 1,35 g de hidrocarbonetos a cada 1,6 km percorridos — número 30 vezes superior aos limites permitidos por lei. Um canister saturado, ou sem purga adequada, é um dos principais vilões na liberação não controlada de vapores.
As normas OBDII exigem o monitoramento contínuo da vedação do sistema de purga e da livre circulação dos vapores entre o tanque e o canister. Quando detectada uma falha, a unidade de controle eletrônico (UCE) deve acionar a luz de advertência e armazenar o código de falha correspondente.
O método de detecção pode variar conforme o fabricante. A Land Rover, por exemplo, utiliza pressurização do sistema com bomba de detecção de vazamentos no Range Rover Evoque 2.0 Turbo (2012+). Já a BMW, no 330i 2.0 G20 (B48 B20B, 2019 a 2021), aplica controles mais rigorosos dos parâmetros de evaporação, incluindo sensores altamente sensíveis.
Componentes da bomba de detecção de vazamentos
A bomba de detecção de vazamentos é responsável por pressurizar o sistema de purga dos vapores e testar sua vedação. Seus principais componentes são:
Eletroválvula de três vias: comutada eletronicamente pela UCE, regula o fluxo de ar durante o teste.
Bomba a vácuo: equipada com interruptor mecânico, haste móvel, válvula de retenção, membrana flexível e mola calibrada.
Válvula de evacuação do canister: com junta de vedação e mola de retorno, permite liberar o ar do filtro em determinadas condições.
Funcionamento técnico da bomba
A operação da bomba é condicionada à temperatura ambiente, que deve estar abaixo de um valor específico, e ao momento da partida a frio. A UCE ativa o teste com base em dois parâmetros principais:
Volume de ar deslocado por ciclo da membrana;
Número de ciclos necessários para equalizar as pressões.
Durante o funcionamento, a depressão gerada pela eletroválvula levanta a membrana, permitindo a entrada de ar. Quando a membrana atinge o fim do curso, a válvula se fecha, e a pressão da mola empurra a membrana de volta, sugando o ar do sistema.
Esse processo ocorre em ciclos intermitentes. A mola da bomba é calibrada para operar em torno de 13,0 mmHg. Se o sistema estiver vedado corretamente, a pressão interna se estabiliza após alguns ciclos, e a bomba desliga automaticamente.Na fase inicial, a UCE avalia se há obstruções no sistema — caso o número de ciclos seja menor que o esperado, é possível que algum tubo esteja estrangulado ou bloqueado. Se a equalização de pressão ocorrer dentro do intervalo previsto, o sistema é considerado estanque.
Essa metodologia permite diagnósticos precisos de microvazamentos, muitas vezes imperceptíveis visualmente, que podem comprometer o controle de emissões e gerar falhas intermitentes de difícil rastreamento.
Conclusão
O sistema de recuperação dos vapores de combustível é uma das frentes mais sensíveis no combate às emissões evaporativas e, ao mesmo tempo, uma das mais desafiadoras para diagnóstico e reparo. Compreender o funcionamento detalhado da bomba de detecção de vazamentos e seus parâmetros de controle é fundamental para realizar intervenções seguras, eficazes e alinhadas às exigências técnicas das montadoras.
Para o reparador que deseja se destacar, dominar esses conceitos é um diferencial técnico e comercial.