Câmbio do Renault Logan apresenta falha recorrente: Falta de óleo

Dentro de nossas visitas às oficinas nos deparamos com um defeito muito frequente na transmissão dos veículos Logan, diversos carros estavam tendo sérios problemas com componentes internos do câmbio, como rolamentos e engrenagens completamente danificados. Na maioria dos casos o proprietário rodava por longos períodos de tempo sem “uma gota” de óleo lubrificando a transmissão e só percebia isso quando o câmbio já estava prejudicado. Em quase todos os casos que analisamos o condutor não havia relatado vazamento de óleo.

Para entender o que estava acontecendo fomos até a oficina Auto Mecânica Francelli, localizada na cidade de Diadema, no estado de São Paulo, e com a ajuda do reparador e proprietário Marcos Antônio Francelli, mais de 15 anos de experiência na área.

Marcos nos conta que neste tipo de caso, onde a caixa de câmbio perde todo o óleo, normalmente é causado por um rasgo na coifa do semi-eixo do lado esquerdo (FOTO 1e 1A). Esta peça  é feita de borracha e com o passar do tempo acaba ressecando e rasgando, para evitar este tipo de problema a montadora recomenda a troca do componentes a cada 40.000 km.

O rasgo gera um pequeno vazamento de difícil identificação, porém se o problema não for resolvido rapidamente a caixa perde seu óleo. E isso gera graves consequências danificando diversos componentes internos ou até mesmo  o conjunto completo da caixa de  câmbio.

Para ficar mais claro quais os tipos de problemas que esse vazamento gera no câmbio, iremos começar a desmontagem. Nesta matéria trabalhamos com um Renault Logan 1.6 16V 2007, o veículo foi levado à oficina por conta de problemas do câmbio causados pela falta de lubrificação.

Antes de começar o procedimento Marcos nos orientou que, como este veículo possui Sistema de airbag e ABS, é recomendável travar a direção, retirar a chave e desligar a bateria (FOTO2) para não haver danos e disparos espontâneos nas bolsas de airbag.

como remover o câmbio

1° Passo - Levantar o veículo no elevador e removemos as rodas dianteiras (FOTO3).

2° Passo – Retirar os parafusos de fixação da proteção plástica (FOTO4 e 4A) que fica do lado direito, para ter acesso aos suportes laterais de fixação do quadro da suspenção dianteira.

3° Passo – Fazer a sangria do óleo da transmissão, mas como neste caso o óleo vazou por completo não efetuamos esta etapa.

4° Passo - Remover os parafusos de fixação das pinças de freio dianteiro (FOTO5).

 5° Passo - Retirar os parafusos do suporte lateral de apoio do quadro de suspensão dianteira (FOTO 6).

 6° Passo - Remova o coxim de reação da transmissão que é fixado no quadro de suspenção dianteira (FOTO7).

7° Passo - Remova as porcas dos terminais de direção e em seguida os terminais (FOTO8).

8° Passo - Remova os parafusos de fixação da torre da suspenção à manga de eixo (FOTO 9).

9° Passo - Remova os parafusos de fixação do pivô de ambos os lados (FOTO 10), em seguida retire o componente. Marcos nos orienta a realizar esta etapa com cuidado para não danificar a coifa do pivô.

10° Passo – Retire o semi-eixo do lado direito (FOTO 11), ele é mais longo que o esquerdo e possui apenas um retentor que o prende ao “bolachão”(FOTO11A) sendo necessário apenas puxá-lo para o conjunto sair totalmente (manga de eixo e semi-eixo).

11°Passo – Removemos o semi-eixo do lado esquerdo (FOTO 12), ele é fixado através de uma flange presa por 3 parafusos (FOTO 12A). Esta flange também segura a coifa “causadora deste inconveniente”. Para retirar o componente completo basta puxá-lo.

12° Passo - Remova o parafuso de fixação do tubo da direção hidráulica (FOTO 13 e 13A)

13° Passo – Desconecte o chicote do sensor de ré da transmissão (FOTO 14) e o parafuso do cabo massa (FOTO 14A)

14° Passo - Remova o conector do sensor de velocidade (FOTO 15), conector do chicote do sensor de ré e também o sensor de rotação.

15° Passo - Solte o parafuso de fixação da haste do trambulador (FOTO 16) de engate e seleção das marchas e remova a haste do sistema de trambulação da transmissão.

16° Passo - Retire o cabo da embreagem (FOTO 17), porém tome cuidado para não danificar a porca e contra porca, pois são de borracha. Marcos comenta que este jogo de porcas é que realiza a regulagem do curso do pedal da embreagem.

17° Passo - Remova os parafusos de fixação inferior do para-choque dianteiro (FOTO  18).

18° Passo - Remova os três parafusos 10mm que fixam a chapa de proteção térmica da caixa de direção (FOTO 19).

19° Passo - Retire a chapa de proteção térmica (FOTO 20 e 20A) que fica na parte superior da caixa de direção. Em seguida retire os dois parafusos da caixa de direção.

DICA - Neste momento a caixa de direção deve se presa por cintas na carroceria para que no  momento da remoção do quadro de suspenção a mesma não fique pendurada apenas pelo pinhão, isso pode danificar ambos os componentes. Marcos comenta que neste momento, caso o reparador não desconectar a bateria pode ocorrer a ativação do sistema de airbags.

20° Passo - Coloque o suporte de apoio do motor (FOTO 21), para que no ato da retirada do quadro da suspenção o conjunto da caixa de câmbio não fique fixada somente pelo coxim do motor. Marcos nos orientou que a fixação somente pelo coxim pode danificar tubulações de agua e demais componentes.

DICA - Ele comenta que ao realizar o apoio do suporte junto ao para-lama, deve-se utilizar algum tipo de proteção na parte de contato entre os componentes, para evitar riscos ao veículo.

21° Passo - Com o suporte do motor bem instalado retire os 4 parafusos de fixação do quadro de suspenção (FOTO 22), a recomendação é que seja feita por duas pessoas ou utilize o apoio de um macaco telescópico, pois o quadro é ligeiramente pesado.

DICA - Neste momento na parte inferior abre-se um espaço para trabalharmos com uma boa visão, desta maneira temos facilidade em colocar as ferramentas e para se remover a transmissão sem interferências (FOTO 23).

22° Passo - Remova os parafusos de fixação do motor de partida (FOTO 24).    

23° Passo - Retire os parafusos de fixação do coxim superior do câmbio (FOTO 25 e 25A), neste caso é necessário remover somente a porca central, mas verificamos que neste caso o prisioneiro ficou travado na parte de alumínio por excesso de torque e por este motivo tivermos que remover os três parafusos que fixam o suporte na transmissão.

24° Passo - Em seguida retire os parafusos de fixação da transmissão com o motor (FOTO 26).

DICA - Neste momento verifique se não há nada interferindo à remoção da caixa de câmbio relata Francelli.

25° Passo - Com a ajuda de um macaco telescópico com duas pessoas experientes, desacople a transmissão (FOTO 27) do motor e retire a mesma.

26° Passo - Remova os seis parafuso de fixação da embreagem, solte-os aos poucos seguindo uma sequência, normalmente em “X” (FOTO 28). Desta maneira evita-se que as molas membranas fiquem danificadas, gerando vibração no componente.

NOTA - Neste caso esta embreagem será substituída por desgaste como mostrado abaixo (FOTO 29).

Danos nas peças da caixa de transmissão - Neste momento começaremos o procedimento de diagnóstico de avarias dos componentes internos de caixa de câmbio. Com a caixa removida e desmontada verificamos os componentes defeituosos.

No veículo analisado nesta matéria os danos foram tão grandes que foi necessária a troca completa do conjunto da caixa de câmbio, pois em nenhum dos componentes havia possibilidade de realizar algum tipo de recuperação. Vamos analisar a seguir os principais componentes danificados.

• Retêm

Na imagem a abaixo (FOTO 30), verificamos o estado do retêm da caixa completamente danificado. Ainda na imagem podemos contatar a deformação da base da caixa de câmbio completamente deformada devido ao calor gerado pela falta de óleo.

• Interruptor da ré

Verificamos ainda que o interruptor da marcha ré (FOTO  31), estava com lascas dos componentes da caixa de câmbio fundidos sobre ele. Desta maneira a peça ficou inutilizada.

• Diferencial

A peça mais afetada era o diferencial (FOTO 32 e 32A), neste caso ele foi completamente danificado. Devido à falta de lubrificação as engrenagem fundiram e ainda em diversas partes quebraram,  causando assim um dano tão profundo que impossibilitou qualquer tipo de reparo.

 • Pinhão do Diferencial

Podemos ver exemplo nítido da gravidade dos danos analisando este pinhão do diferencial (FOTO 33), com suas engrenagem completamente destruídas.

• Rolamentos

Devido à falta de lubrificação e da alta temperatura que o componente foi exposto, os rolamentos da caixa de transmissão (FOTO 34) também foram afetados, todos apresentavam danos nos roletes