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A descrição deste DTC (código de falha) é “misfire detectada” ou “falha de combustão” detectada. No passado alguns scanners descreveram o DTC como “falha de ignição” e até hoje causam uma grande confusão entre os reparadores. Alguns reparadores pensam: “Se apresenta falha de ignição, trocarei as velas de ignição e os cabos de ignição”.
Por muitas vezes este diagnóstico não conclusivo gera transtornos, com a troca de peças desnecessárias e perda de tempo significativo no diagnóstico. Afinal, onde está o problema? Na bobina de ignição? Nos injetores? Ou falha mecânica? O scanner automotivo não é capaz de apresentar respostas a estes questionamentos.
O diagnóstico com os DTCs (códigos de falha) nos ajuda bastante, porém precisa ser complementado com outras ferramentas.
O diagnóstico automotivo precisa ser rápido e assertivo e para isso o técnico deverá ter um amplo conhecimento técnico e ferramentas que auxiliem o seu serviço. Ter em mãos um analisador de motor é muito útil neste caso. Um analisador de motor é um osciloscópio com funções específicas para o uso automotivo, com o objetivo de agilizar o processo de diagnóstico.
Esta ferramenta pode em questão de alguns minutos apresentar a origem das falhas de funcionamento, tornando-se lucrativa nas oficinas mecânicas. No tocante à técnicas de diagnóstico automotivo, o Fórum Oficina Brasil é vanguarda, com as primeiras postagens brasileiras sobre o uso de osciloscópios e transdutores (sensores de pressão) e sendo autoridade neste assunto, apresenta aos leitores do jornal uma ferramenta com recursos inéditos em um osciloscópio, com foco no diagnóstico avançado de motores: o USBAUTOSCOPE IV.
A ferramenta de origem ucraniana está em sua quarta geração e traz uma tecnologia chamada de “scripts”. Hoje falaremos do Script CSS, criado por Andrew Shulgin.
O script CSS é um programa que ajuda a identificar quais cilindros não funcionam corretamente em um motor. Os gráficos ajudam a identificar um cilindro que falha ou possui pouca contribuição de energia, além do motivo do problema. Independente de scanners, multímetros ou outra ferramenta, o script analisa a contribuição de potência de cada cilindro durante a operação do motor em diferentes regimes de operação. Dados são mostrados ao reparador, agilizando o diagnóstico de pátio.
A figura 1 mostra os sinais básicos capturados para esta análise: o sinal de CKP (sensor de rotação) e pulso de ignição do cilindro 1 para referência.
A ideia é capturar a velocidade angular do motor com o sensor CKP, ter uma referência do cilindro 1 (trigger) e sabendo a ordem de queima (no nosso caso 1342) identificar a velocidade de cada cilindro. A Figura 2 mostra em detalhe a linha que representa a rotação do motor. No exemplo, foram três acelerações: a primeira atingindo um pouco mais de 3500 RPM, a segunda atingindo 5000 RPM e a terceira atingindo 6500 RPM.
Na figura 3, acrescentamos no gráfico os cilindros, cada cilindro representado por uma cor específica. Cilindro 1(vermelho), Cilindro 3(marrom), Cilindro 4(verde) e Cilindro 2(azul).
Destacaremos cada parte do gráfico para melhor entendimento:
1 – A estabilidade do motor e qualidade de queima em marcha lenta podem ser s nesta parte do gráfico.
2 – Aceleração relativamente baixa. Nesta parte podemos testar a relação ar-combustível. Injetores obstruídos ou problemas e/ou vazamentos de vácuo seriam mostrados aqui.
3 – Acelerações rápidas, com abertura abrupta da válvula aceleradora. Problemas de ignição podem ser vistos nesta parte do gráfico.
4 – Teste de compressão. Com a borboleta totalmente aberta e desligando a ignição, o motor desacelera sem combustão. Este modo exibe a compressão dinâmica. Aqui problemas de pressão do cilindro causados por problemas mecânicos em anéis de segmento, sincronismo ou outros problemas podem ser diagnosticados.
Um Jeep Compass 2.0 flex foi abastecido com diesel. Segundo o cliente, o carro saiu do posto de gasolina funcionando e após alguns quilômetros começou a falhar e fumaçar pelo escapamento. O reparador de uma oficina parceira identificou a falha em um cilindro, removeu o cabeçote e enviou para a retífica. Trocou as velas, limpou os injetores, tubulação de combustível e tanque. Fez a montagem dos componentes e percebeu que o motor falhava. Trouxe até nós para um diagnóstico (figura 4). Na marcha lenta e acelerações, vemos claramente o cilindro 2(azul) com velocidade relativamente menor. O destaque fica na última parte do gráfico, onde temos a compressão dinâmica dos cilindros.
Mas o que seria compressão dinâmica no script CSS?
Na última parte do gráfico, a borboleta está totalmente aberta e não há injeção de combustível e ignição nas velas, pois a ignição foi desligada. Nesta condição, os cilindros contém apenas ar e este ar é comprimido à medida que o pistão se move em direção ao PMS devido ao movimento de inércia do conjunto virabrequim e volante. Depois que o pistão atinge o PMS, o ar comprimido empurra o pistão em direção ao PMI (ponto morto inferior). Esse movimento causa uma aceleração no eixo virabrequim. Se tivermos mais pressão, maior será a aceleração.
A parte final do script do Jeep Compass foi ampliada (figura abaixo) para mostrar com detalhes a pouca aceleração do cilindro 2 (azul) em relação aos outros. O cilindro 2 apresentou baixa pressão e consequentemente, baixa aceleração no eixo virabrequim. O reparador desmontou o motor do Jeep e confirmou a falha mecânica: as canaletas do pistão estavam quebradas.
Recebemos um Honda Fit 1.4 2005 com falhas de funcionamento. A impressão que tínhamos era que havia falhas de ignição e um problema no câmbio CVT. Executando o script no Honda (figura 7), podemos notar que o cilindro 1 (vermelho) apresentava baixa aceleração no segundo momento de aceleração, indicando falha no sistema de ignição. Este Honda é equipado com 8 velas e 8 bobinas. Efetuamos a troca das velas de ignição e de 3 bobinas e as falhas sumiram, inclusive o barulho que ouvíamos no câmbio CVT. Sobre as bobinas, recomendamos as Hitachi, que apresentam um bom sinal de secundário.
Um Hyundai Elantra chegou até nós com a queixa de alto consumo e sem força na saída. Executando o Script CSS no veículo, aceleramos cinco vezes e obtivemos o resultado de falha de ignição (figura 8). Nota-se que na parte de compressão dinâmica, todos os cilindros estão equilibrados. A marcha lenta também mostra um funcionamento regular. Porém ao acelerar abruptamente, vemos falhas no cilindro 1 (vermelho). A velocidade do cilindro é menor do que os outros cilindros no momento da aceleração.
Um ônix chegou até nós com dificuldades de pegar pela manhã, mudava o AF (figura abaixo). Primeiramente executamos o SCRIPT e notamos que o cilindro 3 apresentava uma aceleração menor do que os outros cilindros. Na parte da compressão dinâmica, os cilindros mostravam acelerações diferentes. No teste de vácuo, vimos anormalidades na calagem de válvulas e constatamos que o comando estava torcido. Trocado o comando, veículo funcionou perfeitamente.
Inserindo os valores corretos de avanço de ignição, o software indica a posição do PMS do cilindro em relação ao sensor CKP (figura abaixo). Esta informação é útil quando verificamos o sincronismo da roda fônica com o PMS (motor EA111 por exemplo).
No script CSS, existem abas que mostram outras possibilidades de diagnóstico, com este diagnóstico da roda fônica do motor (figura abaixo). O script mostra a condição dos dentes, empenamento ou excentricidade da polia, espaçamento entre roda fônica e sensor CKP. Estas abas do script são ricas de informações e merecem um estudo à parte.
Até a próxima!