Notícias
Vídeos
Fórum
Assine
Um fenômeno bastante conhecido dos reparadores é o backfire, também conhecido como retrocesso de chama.
Neste fenômeno, quando ocorre a centelha no interior da câmara de combustão, esta passa pela válvula de admissão e segue pelo coletor, podendo chegar ao corpo de borboleta ou ao carburador.
O backfire pode ser facilmente detectado por “estouros” ou chama na admissão. Este problema pode causar danos ao filtro de ar, ao seu alojamento, ou ainda, ao coletor de admissão, se este for de plástico.
Geralmente, o backfire acontece em motores convertidos para GNV com kit aspirado, isto é, sem turbo compressor, principalmente quando se exige plena carga do motor em baixas rotações. Nesta condição, quando ocorrer o cruzamento de válvulas (as válvulas de admissão abertas ao mesmo tempo, pois o cilindro está terminando o ciclo de escape e iniciará o de admissão), parte da mistura presente na câmara ainda está sendo queimada e será forçada para dentro do coletor de admissão.
O backfire é causado principalmente por falhas no sistema de ignição. Isso ocorre porque o GNV tem alta resistência elétrica, requerendo assim um aumento da tensão para o centelhamento da vela (geração da faísca).
Isto, aliado à manutenção inadequada do sistema de ignição com um todo, causa falhas na ignição que passam despercebidas pelo condutor quando este roda com o motor funcionando com o combustível líquido (gasolina ou álcool). Devido a isto, alguns proprietários de veículos ainda são muito resistentes quando o assunto é a manutenção da ignição, em especial quando a troca envolve outros componentes além dos cabos e alas. Nestas circunstâncias, estes proprietários alegam que o motor não apresenta falhas no funcionamento quando utiliza o combustível líquido.
Desta forma, cabe ao técnico reparador explicar este efeito a seus clientes e orientá-los sobre a importância da manutenção preventiva feita no prazo adequado.
Se o ponto de ignição estiver atrasado, quando o motor for alimentado com GNV, a ocorrência do backfire também será favorecida. Lembre-se que uma das características do GNV é ter velocidade de queima mais lenta quando comparado com álcool ou gasolina e, por causa disto, a centelha deve ser disparada ainda mais cedo. Como comparação, a queima da gasolina ou do etanol ocorre a cerca de 20 ou 30 m/s, enquanto a do GNV fica em torno de 0,5 m/s.
Outro fator que colabora para a ocorrência de backfire é que, se houver mistura pobre demais na câmara. Se quantidade de combustível não for suficiente para uma queima completa devido ao excesso de ar, a queima irá ocorrer de forma ainda mais lenta.
Algumas sugestões para diminuir a incidência de backfire:
- Mantenha o sistema de ignição sempre revisado: observe se os cabos de vela não apresentam rachaduras ou trincas. Observar também se não existem marcas de “flash over” (desgaste por passagem de corrente elétrica) no corpo das velas de ignição ou dos cabos. Fugas de corrente na bobina de ignição ou no distribuidor, quando houver, também devem ser eliminadas;
- Utilize um variador de avanço para corrigir o ponto de ignição: este dispositivo irá garantir que a centelha será disparada no momento mais adequado para a combustão;
- Mantenha a mistura ar/combustível bem regulada: evite regular a injeção de GNV para muito pobre e, preferencialmente, use kit de conversão com gerenciador de fluxo de GNV.
Observe o correto dimensionamento do redutor de pressão e do mesclador (misturador), mantendo o misturador sempre o mais próximo possível do corpo de borboleta;
- Nos motores com coletores plásticos muito longos, a ocorrência de um único backfire pode danificar o coletor de maneira definitiva. Nestes casos, recomendamos a instalação do kit de quinta geração, também chamado de pressão positiva, que elimina este problema;
- Opte, sempre que possível, por velas específicas para GNV, pois possuem maior resistência térmica. Se isto não for possível, reduza o tempo de revisão das velas para a metade do recomendado pelo fabricante.