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A durabilidade do compressor pode variar muito de um de sistema para outro. O regime de trabalho, clima, histórico de manutenções e vários outros itens podem afetar esta durabilidade.
O fato é que muitos reparadores e proprietários de veículos imaginam que a troca de compressor é como trocar um pneu ou uma lâmpada de farol (não que estes procedimentos sejam simples, mas a troca de compressor é MUITO mais complexa).
Fatores como a falta de informações, falta de conhecimento, falta de opções de oficinas, credibilidade no mercado, falta de peças e falta de recursos financeiros também contribuem para que o cliente queira comprar o componente na Internet ou em um desmanche e levar a qualquer oficina para a troca desta peça.
Não podemos generalizar, pois há casos em que isso é feito e o sistema funciona normalmente, mas existe o risco de que esta tarefa seja feita e o resultado não seja satisfatório. É por isso que vamos comentar sobre este procedimento, para que tanto o cliente e o reparador saibam dos riscos que este procedimento pode ocasionar.
Para fazer uma avaliação se realmente o compressor está danificado no veículo, um profissional habilitado deve verificar o seu funcionamento com ferramentas apropriadas.
Este diagnóstico também não será descrito aqui, mas é muito importante tentar saber qual o motivo do dano do compressor, desgaste por alta quilometragem, travamento, elevado nível de ruído, falta de eficiência, etc., pois eventualmente a origem do problema não é o compressor. A quebra dele pode ser uma consequência de outros componentes danificados ou afetados. Caso a origem do problema não seja reparada, o “novo” compressor poderá quebrar também.
O histórico da manutenção do sistema de ar-condicionado pode ajudar no diagnóstico.
Peças usadas, se não forem bem armazenadas, ao ficarem abertas e expostas ao tempo, podem ter o óleo PAG, que é altamente higroscópico (absorve umidade e reage com ela), contaminado com esta umidade e ele pode ficar com acidez. Esta acidez pode corroer todos os componentes metálicos ferrosos ou não e danificar definitivamente os componentes. (figs. 1 e 2).
A maioria dos fabricantes de compressores no Brasil não reconhece, não recomenda ou não homologa o reparo interno de compressores da linha leve (fig.3), não vamos entrar neste mérito aqui.
Geralmente quando o compressor apresenta danos internos, devido aos seus atritos internos, há geração de microlimalhas de metais como aço e alumínio, estas limalhas se misturam ao óleo e alteram sua “cor” e transparência (fig. 4).
A maioria dos compressores de ar-condicionado automotivo (linhas leve, pesada e agrícola) atuais trabalha com sistema de cárter aberto e boa parte do óleo fica “circulando” pelo sistema interno, pelas tubulações e mangueiras, condensador, evaporador, etc. (fig. 5).
Estes componentes ficam cheios de óleo contaminado com limalhas e estas limalhas devem ser eliminadas junto com o óleo contaminado do interior das peças (fig. 6).
Esta operação de retirada do óleo contaminado com limalhas é conhecida como “Flush”. Este “Flush” é um procedimento que deve ser executado de forma correta. Ele é trabalhoso e não é barato, também não vamos detalhar o “Flush” aqui, mas ele deve ser feito (fig. 7).
Alguns profissionais e clientes não têm ideia, mas atualmente a maioria dos condensadores automotivos (atuais) teve uma grande diminuição no perfil dos seus tubos (microcanais). Os tubos estão tão finos para a melhora de troca de calor que quase são “elementos filtrantes” de partículas sólidas, esses tubos entopem com muita facilidade e nem sempre é possível desentupi-los (figs. 8 e 9).
Os fabricantes de condensadores com perfil microcanais de fluxo paralelo já não recomendam que seja feito o “flush” nos condensadores. Esses condensadores de fluxo paralelo (atuais) já são feitos prevendo sua substituição e inclusive muitos deles já possuem filtros secadores em seu interior (figs. 10,11 e 12).
É lógico que isso pode encarecer o orçamento, mas isso não é culpa do reparador, é uma tendência do mercado.
Junto com a troca do compressor o recomendado é orçar:
• Saber o que ocasionou a “quebra” do compressor e reparar a sua causa (isso pode afetar o orçamento, cuidado);
• Trocar o compressor por uma peça nova (com tipo, quantidade e viscosidade de óleo recomendado novo);
• Trocar o filtro secador;
• Trocar o condensador (tipo fluxo paralelo);
• Trocar o tubo de orifício calibrado e filtro acumulador (se for este o caso do sistema) (figs. 13 e 14);
• Fazer um “Flush” nos componentes restantes (tubulações, mangueiras e evaporador e eventualmente a válvula de expansão, caso ela não seja substituída);
• Montar todo o sistema (limpo);
• Pressurizar todo o sistema montado em busca de possíveis vazamentos (verificar estanqueidade);
• Realizar o procedimento de vácuo (até retirar toda a umidade do sistema) com cerca de 500 micro Torricelli (vacuômetro), isto pode levar horas...
• Colocar o óleo recomendado pelo fabricante do sistema (tipo, quantidade e viscosidade, este óleo já pode estar dentro do compressor);
• Colocar o fluido refrigerante recomendado (tipo e quantidade);
• Realizar os teste de eficiência e verificações gerais e entregar o veículo.
Alguns clientes ou reparadores podem alegar que não fizeram alguns destes procedimentos e que o sistema funcionou bem e corretamente, parabéns, que ótimo! É claro que cada caso deve ser bem avaliado, mas seguindo estes passos, a probabilidade de sucesso é muito maior.
Quando o sistema chega à oficina com o compressor danificado, pode ser que ainda contenha fluido refrigerante e este deve ser recolhido para reciclagem, não deve ser descartado no meio ambiente!
A pequena quantidade de óleo contaminado que supostamente vier arrastada pelo seu equipamento de recolhimento será separada em um filtro separador de óleo. Em casos muito extremos, as mangueiras e o manifold poderão sofrer uma breve operação de “flush” interno, para retirada do pouco óleo contaminado.
A troca do compressor e a execução destes procedimentos citados anteriormente não excluem possíveis problemas em outros componentes do sistema de ar-condicionado.
A manutenção do sistema de ar-condicionado automotivo requer conhecimento, capacitação, procedimentos, cuidados, EPIs, ferramentas, fluidos adequados, etc., por isso, valorize-se! Valorize os colegas profissionais da área e valorize o mercado!
Não descarte os fluidos do sistema de ar-condicionado no meio ambiente! Recicle!
Sempre tentamos passar procedimentos baseados na norma ABNT NBR 15629-2008 e recomendações dos fabricantes dos veículos e equipamentos, sempre usando o bom senso, preservando o meio ambiente e focando na VALORIZAÇÃO do profissional habilitado, Com isso o cliente ganha qualidade e o mercado cresce e se fortalece.
Após mais de uma década escrevendo matérias técnicas para o Jornal Oficina Brasil, estou parando de escrever para me dedicar a outros assuntos profissionais. Quero agradecer aos colegas que nos prestigiaram neste período. Esperamos ter ajudado a esclarecer algumas dúvidas pertinentes à área de reparação de ar-condicionado automotivo.
Seguiremos mais focados nos nossos treinamentos.