Até chegar no estágio atual de melhorias no sistema de climatização automotiva, que inclui o uso de fluidos refrigerantes menos agressivos ao meio ambiente, foram desenvolvidos três tipos de fluidos refrigerantes, conforme a tecnologia de cada época e considerando também os efeitos negativos causados ao meio ambiente.
O principal efeito de dano ambiental foi a destruição parcial da camada de ozônio que protege todos os seres vivos do planeta contra os efeitos nocivos dos raios ultravioleta vindos diretamente do sol.
O fluido refrigerante R12 foi muito utilizado até a década de 1990, conhecido como CFC – cloroflúorcarbono – quando liberado na atmosfera durante as manutenções do sistema de ar-condicionado, atinge altitudes elevadas na atmosfera, chegando até as camadas de ozônio localizadas na estratosfera. (Fig.1)
Quando o CFC é atingido pela radiação solar ultravioleta, se desintegra e libera o cloro. Na sequência o cloro reage com o ozônio, diminuindo a sua concentração, transformado em oxigênio (O2). É neste momento que a catástrofe inicia, pois o oxigênio não é capaz de proteger o planeta dos raios ultravioleta. Uma única molécula de CFC pode destruir 100 mil moléculas de ozônio e tem mais, o cloro pode reagir com os átomos de oxigênio livres na estratosfera e formar mais átomos de cloro, que ampliam a destruirão as moléculas de ozônio.
O processo de recuperação natural é lento e as possibilidades de recomposição são otimistas devido ao fim do uso deste tipo fluido refrigerante nos sistemas de ar-condicionado.
Mesmo com tantas informações, ainda encontramos pessoas afirmando que não há nada de errado em lançar estes poluentes na atmosfera e que as mudanças nos tipos de fluidos refrigerantes são apenas para os fabricantes destes fluidos ganharem mais dinheiro! (Fig.2)
O ciclo evolutivo de melhorias dos fluidos refrigerantes pode ser descrito em três tipos utilizados nos sistemas de ar-condicionado automotivo.
O fluido refrigerante R12 (fréon), foi muito utilizado até 1995, como o refrigerante universal, funcionou bem e de custo barato, esfria até se tornar um líquido próximo ao ponto de congelamento da água, absorvendo muito bem o calor.
O uso extensivo de fréon acabou contribuindo para o rápido esgotamento da camada de ozônio e por isso que o fréon foi banido de todos os carros a partir de 1995.
O fluido refrigerante que sucedeu o R12 foi o R134a, selecionado por sua eficácia e baixo risco de inflamabilidade, este fluido refrigerante é mais amigo da camada de ozono, mas não é mais amigo do ambiente. O R134a contém gases de efeito estufa que não se decompõem rapidamente e, portanto, contribuem para o aquecimento do planeta que caracteriza as alterações climáticas.
Após 26 anos utilizando o R134a como substituto do R12, agora temos o substituto do R134a, que é o R1234yf. (Fig.3)
Este novo fluido refrigerante funciona tão bem como os seus antecessores, ao mesmo tempo que se decompõe em componentes inofensivos em pouco tempo, quando comparado com os demais fluidos refrigerantes.
✓ R12: 100 anos;
✓ R134a: 10 anos;
✓ R1234yf: 3 anos.
A única desvantagem do R1234yf é que ele é inflamável, no entanto, pegar fogo nos carros não está sendo um problema na Europa e nos Estados Unidos. (Fig.4 )
A comprovação da eficiência deste fluido refrigerante está no número de veículos fabricados e comercializados desde a sua implantação, que revela uma quantidade perto de 200 milhões de veículos usando HFO-1234yf até o final de 2022, sendo cerca de 175 milhões somente nos Estados Unidos e na Europa, com vendas adicionais em outras partes do mundo, inclusive aqui no Brasil.
Os fabricantes de automóveis continuarão a usar o HFC-134a principalmente em mercados onde o GWP<150 não é exigido ou incentivado.
Apesar da transição gradual para o HFO-1234yf em lugares como Europa e América do Norte, que exigem ou incentivam fluidos refrigerantes com GWP <150, a maioria dos novos veículos do mundo continuou a usar HFC-134a.
Isso se deve às vendas contínuas de veículos que usam HFC-134a na China e em outros países menos desenvolvidos, inclusive pelos EUA e Brasil
A regulamentação denominada como Diretiva 2006/40/CE, relativa às emissões de sistemas de ar-condicionado em veículos motorizados, seguiu a aplicação gradualmente em três fases para os fabricantes se adequarem à novas regras de controle de poluição do sistema de ar-condicionado.
Os mercados Europeu e Norte Americano são pioneiros no uso do fluido refrigerante HFO-1234yf, enquanto o resto do mundo continua a fabricar os veículos utilizando HFC-134a .
Os números impressionam, pois quase um bilhão de veículos foram fabricados globalmente desde 2013, quando o refrigerante HFO-1234yf foi introduzido comercialmente pela primeira vez. Considerando que a maioria dos veículos foram equipados com ar-condicionado e aproximadamente 200 milhões de veículos em todo o mundo estão equipados com sistemas HFO-1234yf, conclui-se que até 800 milhões, aproximadamente 80% dos veículos fabricados desde 2013 continuaram a utilizar HFC-134a.
No final de 2022, a maioria dos fabricantes globais de automóveis continuavam a usar HFC-134a quando fabricavam ou vendiam veículos em países que não estabeleceram regras ou incentivos para a transição do fluido refrigerante HFC-134a e o HFO-1234yf.
Outros mercados adotaram o HFO-1234yf também em sistemas de ar-condicionado automotivo, incluindo Japão e Coreia do Sul. No entanto, os veículos com sistemas HFC-134a continuaram a ser produzidos e vendidos na China, que é o maior mercado automotivo do mundo, Índia, Brasil e outros países.
Quando um carro importado chegar na oficina para manutenção do sistema de climatização, é importante identificar qual fluido refrigerante está aplicado, isso pode ser feito verificando etiquetas no compartimento do motor, formato das tomadas de serviço e no manual do carro tem esta informação. (Fig.5)