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A linha do tempo da Nissan Frontier no Brasil começa oficialmente em 2002, quando passou a ser fabricada no Brasil na planta industrial de São José dos Pinhais-PR. Mas foi em 2010 que a picape nipo-brasileira ficou nacionalmente conhecida, após uma bem sucedida e premiada ação de marketing denominada “pôneis malditos”, que destacava a força do motor Nissan perante seus concorrentes. Em 2012, quando completava 10 anos no mercado e mais de 80.000 unidades produzidas, recebeu pequenas alterações estéticas e um novo motor, o YDK 2.5 turbodiesel. Em 2014, a Frontier recebeu a versão YDK 2.5 de terceira geração com importantes melhorias técnicas, e foi um dos primeiros a atender aos novos limites de emissões estabelecidos pelas normativas Proconve L6 (Euro 5).
Hoje, a maior parte da frota circulante, superior a 100.000 unidades, frequenta as oficinas independentes, e para avaliar estas importantes alterações técnicas, e principalmente a reparabilidade deste conjunto, recorremos a dois experientes reparadores para registrar as suas opiniões, e são eles:
Mário André Maluf Escudeiro (foto 1) 41 anos, empresário, 20 anos no mercado automotivo, e proprietário da empresa Escudeiro Pneus, localizado no Bairro de Interlagos em São Paulo- SP, e que está há 18 anos no mesmo ponto.
Edson Roberto de Lara (foto 2), 46 anos, 33 anos de profissão, proprietário da Lara Diesel, empresa especializada no segmento diesel, localizada em Santo Amaro, bairro da zona sul de São Paulo-SP.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Mario comenta: “o design está um pouco cansado, pois há muitos anos a Frontier mantém a mesma linha básica com pequenos retoques, e talvez por isso não venda tanto. Mas para alguns clientes, o que conta mesmo é a robustez. Gosto do espaço interno, e o motorista, mesmo se for alto, vai se acomodar sem problemas, e a posição para dirigir é muito boa. No banco de trás, acredito que o espaço livre para as pernas dos passageiros é superior aos dos concorrentes.”
Edson prossegue: “a substituição do filtro de combustível (foto 6) é muito rápida pelo bom posicionamento, e o sistema conta ainda com uma pequena bomba auxiliar que ajuda a puxar o combustível da linha na hora da troca. Aqui você tem a função de filtragem do combustível e separação de água no mesmo conjunto.”
TRANSMISSÃO E TRAÇÃO
A transmissão automática de 5 velocidades com Overdrive, conta ainda com o seletor eletrônico de tração denominado “shift-on the-fly”, que pode ser acionado com o veículo em movimento a até 80km/h.
Na parte de manutenção, Mário observa que todo o conjunto de caixa de transmissão (foto 14), eixo cardã, caixa de transferência (foto 15), diferencial, semieixos, e outros componentes são bem dimensionados, e raramente apresentam problemas, mas faz uma ressalva: “somente quando o cliente inventa de trocar as medidas de pneus e rodas é que começam os problemas, pois tira a originalidade do carro, e todo o conjunto fica desbalanceado”.
FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO
Mario aprova a boa escolha das rodas de liga leve aro 16”, e os pneus de uso misto Bridgestone Dueler A/T 255/70R16 (foto 16).
Edson indica que na parte superior, os componentes de controle do freio (foto 19) estão todos agrupados e com excelente acesso (servofreio, cilindro mestre, módulo ABS, corpo de válvulas e reservatório de fluido).
A caixa de direção com assistência hidráulica também apresenta boa acessibilidade (foto 20), e apresenta baixo histórico de ocorrências de falhas.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Os reparadores entrevistados encontram barreiras para obtenção de informações técnicas da montadora, e relatam:
Mario: “da montadora e da concessionária não vem nada, nem a especificação do óleo mais adequado. Infelizmente eles dificultam, mesmo para nós que somos clientes no setor de peças. Eles querem que você leve o veículo até lá para fazer o serviço. Mas felizmente temos informações técnicas através dos equipamentos de diagnóstico, e no caso temos 3 scanners, e os fabricantes do equipamento possuem um suporte técnico que vez ou outra nos socorre.”
Edson: “a Nissan e as concessionárias são meio ‘lacrados’ na hora de passar informações técnicas, e isso não é bom para nós reparadores. Felizmente eu tive um melhor acesso a eles porque presto serviços nos componentes da injeção diesel, e ajudei eles a resolverem alguns problemas, e aí tudo ficou melhor. Mas o padrão deles é fechado mesmo, e obriga os reparadores independentes a recorrerem a outras fontes.”
PEÇAS DE REPOSIÇÂO
A baixa disponibilidade de peças genuínas na rede concesionária seria um problema, mas os reparadores apontam alternativas conforme depoimentos abaixo:
Mario: “em relação aos concorrentes, a facilidade para encontrar peças de boa qualidade no mercado paralelo é boa. Na concessionária próxima, praticamente é tudo por encomenda, com prazo de 3 a 5 dias para entrega, mesmo para alguns itens de giro. Pastilhas e filtros eles costumam ter à pronta entrega, mas se for uma bandeja, só por encomenda. Na parte de preço, depende do componente e do carro, não são competitivos. Aqui na Escudeiro, nosso mix de compra de peças fica em 70% no Distribuidor pela logística e preços competitivos com qualidade; 20% na concessionária e 10% no varejo.”
Edson: “aqui na Lara Diesel, nós sempre trabalhamos com peças originais, tanto na parte de componentes da injeção quanto nos filtros. Na concessionária nós temos um pouco de dificuldade, pois raramente eles mantêm itens da linha diesel em estoque. Você encomenda, e dentro de 2 ou 3 dias pode retirar. Até mesmo filtros, que são peças de alto giro, só por encomenda! O preço da concessionária é um pouco puxado mesmo, mas a confiabilidade é maior, e o custo-benefício é bom porque raramente vai ter quebra ou problemas de retorno. Quando não encontramos na concessionária, recorremos ao Distribuidor, procurando o item do mesmo fornecedor da montadora. Por esta razão, nosso mix de compra de peças fica em 70% nas distribuidoras, 25% nas concessionárias, e varejo, só itens emergenciais (5%).
CONCLUSÃO
Mais pelas virtudes do projeto do carro, e nem tanto pelo pós-venda oferecido pela montadora, a Frontier foi bem avaliada pelos reparadores entrevistados, que conseguem efetuar uma boa manutenção para os clientes Nissan, graças ao tradicional jogo de cintura e recursos do aftermarket, como Distribuidores de peças de qualidade original, e uma rede de contatos técnicos que provém as informações básicas necessárias, pois pela experiência relatada pelos dois empresários, a montadora e sua rede concessionária não demonstram interesse em fornecer aos reparadores independentes, informações técnicas para um correto procedimento de manutenção, tampouco priorizam a disponibilidade de peças genuínas no mercado.