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Ninguém tinha dúvidas: o biodiesel, passada a primeira fase de implementação e vigilância por parte dos órgãos públicos, iria se desenvolver e conquistar novas frações dentro do litro de diesel mineral que é comercializado no Brasil.
Estamos, desde o início deste ano, com 5% de biodiesel adicionado ao diesel (o chamado B5), e isso representa uma tremenda conquista já que a previsão das próprias autoridades fixava 2013 como o ano em que essa fração iria ocorrer. Hoje, fala-se que a fração é tímida, que poderia ser maior. Vejam só: nosso vizinho, a Argentina, adotou o B7 desde meados deste ano e deve passar para B10 no início de 2011.
O Brasil não possui especificação para misturas. Especifica apenas o biodiesel puro, além do diesel com B5. Isso poderia ser um problema para quem pretendesse utilizar misturas maiores já que não haveria como saber se a mistura é adequada ao uso ou não. A situação está mudando. No dia 22 de novembro último, o Brasil deu mais um passo: a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apresentou em audiência pública a especificação do B6 – B20, isto é, quais características físico químicas uma mistura contendo entre 6% e 20% de biodiesel deve ter para que seja considerada adequada.
É certo que a nova especificação, que deve ser publicada em breve, ainda traz muitas lacunas, porém, solicita dos produtores que anotem algumas características consideradas importantes e as relatem à ANP. Isso trará massa para que, diante da decisão governamental de aumentar a fração de biodiesel a ser adicionada ao diesel, os valores para fechar uma especificação mais abrangente estejam disponíveis.
A referida especificação B6 – B20 é destinada exclusivamente à utilização em frotas cativas ou testes, porém já dá demonstrações claras de que pode ser adotada como base para a definição de normas futuras visando aumentar a quantidade de biodiesel produzido no País para ser adicionada ao diesel.
Nunca é demais repetir. O biodiesel, em termos de agricultura, é adicional, ou seja, o que se produz hoje de óleo já tem um destino e, sendo assim, a necessidade que será apresentada de uso do biodiesel é um plus de produção agrícola, gerando renda maior no campo e emprego. De quanto estamos falando? Se o governo seguir o exemplo de nossos vizinhos e resolver aumentar a fração de biodiesel para 7% e a oleaginosa for a soja, por exemplo, serão necessários mais 2,5 milhões de hectares de cultivo. É muita coisa! E tem mais: os sistemistas, já aprovam a mistura B7 na Europa. O que se espera?
A nossa nova presidente Dilma Roussef acompanhou de perto a introdução do biodiesel no Brasil. Todos sabem do apreço que tem pelo projeto, seja devido aos apelos ao meio ambiente, seja pelos benefícios sociais. Agora que a partir de janeiro de 2011 ela estará vendo a cidade de Brasília de seu novo gabinete no Palácio do Planalto, será que não nos fará uma surpresa logo no início de seu governo? Quem viver, verá.
*Vicente Pimenta é vice-diretor do Comitê de Máquinas Agrícolas do Congresso SAE BRASIL 2010