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Dicas de ouro sobre diagnósticos em motocicletas no dia a dia do reparador – parte 2


Nesta sequência abordaremos outros defeitos que ocasionam falhas no funcionamento do motor, baixo desempenho, consumo excessivo de combustível, instabilidade na marcha lenta ou a motocicleta não funciona.

Por: Paulo Josá de Sousa - 19 de fevereiro de 2016

Seguindo uma lógica de análise avaliaremos os defeitos, sintomas e as causas prováveis (DSC) nos componentes do sensor híbrido das motocicletas Yamaha 250 cilindradas, nosso objetivo é agilizar os diagnósticos do reparador. 

Lembrando que as dicas são compartilhas do livro Injeção eletrônica de motocicletas da editora Senai.

Nem todo condutor está atento ao período das revisões preventivas, alguns só recorrem à oficina quando a motocicleta apresenta algum sintoma de mau funcionamento ou a lâmpada de advertência de injeção começa piscar indicando algum defeito.       

Após um longo período sem manutenção a motocicleta dá sinais de cansaço e normalmente apresenta  consumo excessivo de combustível e ou falta de potência do motor. 

A pergunta que vem é: por onde começar os diagnósticos?

Corpo de borboleta de aceleração e sensor híbridoCONHECENDO MAIS SOBRE O SENSOR HÍBRIDO

O sensor híbrido está instalado no corpo de borboleta de aceleração e é composto de três sensores: sensor de posição da borboleta de aceleração conhecido como TPS, sensor de temperatura do ar da admissão e sensor da pressão do ar da admissão (MAP). As informações fornecidas pela unidade de sensores são necessárias para a ECU calcular o volume de ar admitido no motor e ajustar a mistura ar/combustível.

Sensor híbrido 1. Sensor de pressão da admissão (MAP). 2. Sensor de posição da borboleta do acelerador (TPS). 3. Sensor de temperatura do ar da admissão

SENSORES DO HÍBRIDO

Acompanhando os sintomas de mau funcionamento, também podem ocorrer  códigos de piscadas na luz de alerta da injeção localizada no  painel, todos os sensores do híbrido possuem código próprio (veja tabela abaixo),  a lógica de funcionamento será a seguinte: uma piscada longa equivale a “10” e uma piscada curta será igual a “1” 

O sinal pode estar indicando uma pane decorrente de possível falta de manutenção preventiva ou alguns cuidados básicos, falhas no funcionamento da injeção nem sempre têm como causa a eletrônica, a origem do defeito pode ser mecânica.

Para solucionar o problema o reparador deve sempre atuar com duas linhas de raciocínios, são elas: causas mecânicas e as causas eletroeletrônicas.

Tabela de códigos de piscadas do sensor híbrido

PEÇA COM DEFEITO – COMPONENTES DO HÍBRIDO

Sensor de pressão do ar de admissão – MAP

Sintoma de mau funcionamento: Motocicleta falha em baixa rotação, consumo excessivo de combustível ou  não mantém marcha lenta.

CAUSAS DE FALHAS NO FUNCIONAMENTO:

Pane mecânica: Falha na vedação do sensor, sensor entupido, falha de instalação da peça, corpo de borboleta com obstruções nas passagens de ar, trinca no corpo de borboleta, nesta condição o autodiagnóstico pode indicar o defeito por meio do código”14”.

Pane elétrica: Mau contato nos conectores, circuito aberto, curto circuito na fiação principal, Sensor com defeito, falha na ECU, falha na comunicação da ECU com o sensor, nesta condição o autodiagnóstico pode indicar o defeito por meio do código”13”.

SENSOR DE POSIÇÃO DO ACELERADOR – TPS

Sintoma de mau funcionamento: Dificuldade na partida, motocicleta falha, consumo excessivo de combustível, aumento nas emissões de gases.

CAUSAS DE FALHAS NO FUNCIONAMENTO:

Pane mecânica: Falha na instalação da peça, TPS travado, defeito no eixo da borboleta. Nesta condição o autodiagnóstico pode indicar o defeito por meio do código ”16”.

Pane elétrica: Mau contato nos conectores, circuito aberto, curto-circuito na fiação principal, sensor com defeito, falha na ECU, falha na comunicação da ECU com o sensor. Nesta condição o autodiagnóstico pode indicar o defeito por meio do código ”15”.

SENSOR DA TEMPERATURA DO AR DA ADMISSÃO

Sintoma de mau funcionamento: Dificuldade na partida, consumo excessivo de combustível, aumento nas emissões de gases ou motocicleta falha.

CAUSAS DE FALHAS NO FUNCIONAMENTO:

Pane mecânica: Falha na vedação do sensor, falha de instalação da peça, peça contaminada, trinca no corpo de borboleta. Não há código de defeito para esta condição.

Pane elétrica: Mau contato nos conectores, circuito aberto, curto-circuito na fiação principal, Sensor com defeito, falha na ECU, Falha na comunicação da ECU com o sensor. Nesta condição o autodiagnóstico pode indicar o defeito por meio do código ”22”.

LEVANTAMENTO DO DEFEITO PRESENTE 

Para o levantamento do defeito presente na motocicleta não há necessidade de um scanner , visto que a função autodiagnóstico da ECU irá apontar por meio de piscadas na lâmpada de alerta qual componente apresenta a pane.  

DIAGNÓSTICO DO MAP COM AUXÍLIO DE UM SCANNER 

Fique atento, para os defeitos relacionados a falhas nas vedações o diagnóstico com scanner não é apropriado, o defeito não está no sensor. O funcionamento irregular do motor é causado pela entrada de ar, podemos considerar como falha mecânica.

No teste por meio de um scanner, se o sensor estiver funcionando normalmente a ferramenta de diagnósticos do fabricante irá indicar a pressão medida pelo sensor, no caso o valor deve ser igual à pressão atmosférica local. 

Na motocicleta versão Blue Flex as funções da ferramenta de diagnósticos estão incorporadas no painel de instrumentos

Corpo de borboleta de aceleração- parafuso batente do eixo

DIAGNÓSTICO DO TPS COM AUXÍLIO DE UM SCANNER 

Na opção diagnósticos a ferramenta irá indicar a posição do acelerador, ou seja, para acelerador aberto o valor padrão correspondente será de: 94 a 99 graus, para o acelerador fechado os dados são: 15 a 17 graus. Valores diferentes sugerem a troca da unidade de sensores, porém é necessário que seja verificado se a posição da borboleta não tenha sido alterada por meio do parafuso batente de seu eixo, caso necessário reposicione a borboleta e confira os ângulos novamente.

DIAGNÓSTICO DO SENSOR DE TEMPERATURA DA ADMISSÃO COM AUXÍLIO DE UM SCANNER 

Na opção de diagnóstico do sensor de temperatura o display da ferramenta irá indicar o valor da temperatura do ar no coletor do corpo de borboleta de aceleração, o dado serve de parâmetro para indicar que a peça está em boas condições. Se o motor estiver frio podemos considerar que a temperatura medida pelo sensor é igual à temperatura ambiente.

DIAGNÓSTICOS DO SENSOR HÍBRIDO COM AUXÍLIO DE UM MULTÍMETRO

Para saber se o sensor híbrido está em bom estado, o reparador deve efetuar os testes da tabela abaixo: 

Tabela de códigos de piscadas do sensor híbrido

Nota: para os testes, não é necessário remover o sensor do corpo de borboleta de aceleração.

Para as medições de resistência o componente deverá estar desligado, caso haja divergência nos testes verifique os seguintes itens: 

• Fiação danificada;

• Conexões soltas;

• Bateria descarregada;

• Pinos da ECU.

Nota: Não havendo defeito nos componentes acima substitua o sensor hibrido e o reparo de borracha (figura abaixo)

Sensor híbrido e conjunto de reparos de borracha

Corpo de borboleta de aceleração sem o sensor híbridoVerifique no manual de peças do fabricante se a unidade é vendida separadamente do corpo de borboleta de aceleração

Após o reparo é necessário acessar o histórico de falhas da ECU e remover o defeito memorizado.

CONSELHOS ÚTEIS

Independente da marca e modelo de motocicleta, nunca responsabilize algum componente do sistema de injeção antes de conferir os seguintes itens abaixo:

• Quantidade e qualidade do combustível;

• Pressão de combustível;

• Condição do filtro de ar;

• Vela de ignição;

• Condição de compressão do motor; 

• Tensão da bateria; 

• Falha de contato nas conexões elétricas.

CUIDADOS RECOMENDADOS NA LAVAGEM DA MOTOCICLETA 

Durante a lavagem da motocicleta, tenha cuidado para não deixar cair água nas conexões dos fios e dos demais sensores, pois a moto pode falhar e o sistema de injeção interpretar o defeito sugerindo códigos de piscadas enquanto houver água no sistema.

Evite os jatos de água de alta pressão.

Motocicletas que praticam o off road exigem mais atenção pois estão mais suscetíveis a infiltrações de água e sujeiras nos componentes eletrônicos.