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Alguns usuários e reparadores de motocicletas torcem o nariz quando chega a hora da inspeção de emissões de gases de escapamento, realizado pela Controlar em São Paulo (SP). Existem procedimentos que contribuem para a aprovação do veículo
O programa de controle da poluição do ar por veículos automotores nem sempre é visto com bons olhos. Seria a falta de informação dos benefícios ao meio ambiente que o programa promove, alguma dificuldade no ajuste da motocicleta ou ambas as situações? O drama ocorre quando a motocicleta é carburada.
Outro fator que dificulta a vida do reparador é o custo muito alto do equipamento para análise de gases, logo, são poucas as oficinas e concessionárias que possuem este equipamento (foto 1).
Mas isso não desqualifica o reparador e o serviço de ajuste pode ser bem elaborado, permitindo que a motocicleta seja aprovada com louvor na medição dos gases e o cliente fique satisfeito. E o ambiente mais ainda.
Mesmo sendo obsoleto, o carburador ainda é muito utilizado pela maioria das motocicletas de baixa cilindrada que estão nas ruas, e até mesmo em produção nas montadoras. Portanto não temos como evitá-lo no dia a dia.
Breve descrição do funcionamento do carburador: O mecanismo é o responsável pela formação da mistura ar/combustível que alimenta o motor.
A manutenção é simples e o funcionamento básico, na maioria dos casos, ocorre assim: o combustível contido no reservatório da motocicleta desce por gravidade por meio de uma tubulação até chegar ao carburador, onde é armazenado na cuba e controlado por uma boia de nível. Quando o motor está em fase de admissão, o movimento de descida do pistão cria um fluxo de ar, que atravessa o carburador e gera uma baixa pressão no venturi (tubo coletor do carburador que tem uma seção mais estreita) que, por consequência, cria um arrasto no combustível contido na cuba, injetando-o no motor por meio dos giclês e pulverizadores, agulha e válvula que previamente promoveram a formação da mistura ar/combustível em forma de spray (atomização). (foto 2).
Quanto à formação da “mistura estequiométrica”, para que a proporção ideal ocorra, além da quantidade e qualidade do combustível, contamos com três variáveis das quais não temos controle e que influem diretamente na quantidade de ar necessária. São elas: temperatura, umidade do ar e pressão atmosférica.
Mesmo que a motocicleta esteja funcionando de maneira satisfatória, necessariamente o carburador pode não estar com as regulagens adequadas às condições ambientais, e por não possuir um auto-ajuste, assim como no sistema eletrônico de injeção, o carburador por si só não irá adequar-se, e a análise de gases irá indicar um volume alto de poluentes podendo até ocasionar uma reprovação na inspeção. Por isso, há necessidade de uma avaliação mais crítica do reparador. Em épocas de inspeção, todos os cuidados são necessários para que a motocicleta esteja em ordem.
Os desgastes do corpo do carburador, assim como os componentes internos resultam numa queda de rendimento da motocicleta, acréscimo do consumo de combustível e aumento nas emissões, por isso vamos a alguns sintomas e suas causas.
Outras causas para o aumento nas emissões - Combustível velho: é comum, em motocicletas que ficam inativas por longos períodos, o envelhecimento de combustível no tanque e na cuba do carburador. As consequências são: obstruções nos giclês, corrosão nos componentes que estão em contato com o combustível, etc. (foto 7)
Tipo de combustível: os manuais de proprietário das motocicletas sempre trazem a recomendação de fábrica. Sendo aditivada ou não, o mais importante é que o combustível mantenha as especificações originais, em outras palavras, não seja adulterado.
Vazão do combustível: o volume fornecido pelo tanque de combustível é controlado pelo registro (torneirinha), por isso é importante limpar o filtro interno e também o reservatório, para não interferir no volume adequado ao motor.
Escapamento: esteja atento à condição do escape, que pode estar amassado, deteriorado, furado, miolo solto, falha na vedação na junção da saída do motor, catalisador danificado e também pode não ter a qualidade de um original.
Válvulas: falha na vedação por estarem presas, queimadas ou danificadas.
Nível de óleo: manter o nível de óleo do motor correto é necessário para assegurar a lubrificação interna e também para aprovação na inspeção, porém é importante verificar se não há vazamentos no motor. Também é importante seguir a especificação do lubrificante recomendada pelo fabricante da moto.
Motor queimando óleo: o óleo queimado aumenta a emissão de poluentes. Pode ser causado pelos seguintes itens: pistão, anéis, retentores de válvulas, etc.
Motor consumindo água do radiador: nas motocicletas com arrefecimento à água, é importante considerar as vedações nas juntas de cabeçote e cilindro, anéis de vedação, além de possíveis trincas no bloco, cilindro e cabeçote.
Filtro de ar: a ausência do elemento irá permitir um maior volume de ar para o motor ocasionando uma mistura pobre e também danos internos ao motor pela passagem de resíduos. Se o filtro de ar estiver muito sujo irá faltar ar para o motor e a consequência será uma mistura rica.
Caixa do filtro de ar: verifique se não há objetos internos ou na entrada, exemplo: panos, cadeados, centrais de alarmes e rastreadores. Todos os objetos citados interferem no fornecimento de ar para o motor e a consequência será mistura rica.
Vela de ignição: a vida útil da vela e a folga do eletrodo são fundamentais para garantir a queima completa da mistura ar combustível. (foto 8)
Condição da ignição: se a faísca que chega à vela de ignição for fraca, a queima na câmara de combustão será incompleta e o que não queimou sai pelo escape em forma de HC (gasolina não queimada). Verifique os seguintes itens: volante magnético, estator, pulsador, bobina de ignição, cachimbo de vela, CDI, bateria, fiação, conexões e interruptores.
Entrada de ar: a conhecida entrada falsa de ar é suficiente para provocar a elevação da temperatura e a quebra do motor pela mistura pobre, e ainda provoca ligeiro aumento nas emissões. Verifique as vedações do coletor, caixa do filtro de ar, tampa da caixa. As causas podem ser: trincas, fixações frouxas, empenamentos, furos, etc.
Percolação: de acordo com o departamento de Físico-Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: “percolação é o resultado de uma vaporização descontrolada de combustível, que pode acontecer quando o veículo para, depois de um longo período operando a altas temperaturas”. Traduzindo: se a motocicleta está superaquecida, é possível que o combustível contido na cuba do carburador comece a evaporar e o vapor seja aspirado pelo motor, ocasionando um ligeiro aumento nas emissões no momento da análise dos gases. Por isso há uma verificação prévia da temperatura do motor.
Ruídos no motor: são várias as causas. O reparador deve passar um pente fino na motocicleta, vamos às sugestões: sistema de admissão e escape, válvulas, corrente de comando, entre outros.
RPM: a rotação do motor não pode ser superior nem inferior ao padrão estabelecido. Ela é um dos motivos de reprovação na inspeção, o ajuste de rotação deve ser feito com o motor aquecido, em temperatura normal de uso, de acordo com o fabricante da motocicleta.