Você já deve ter ouvido falar na palavra ‘Big Trail’ entre as rodinhas de motociclistas espalhadas por aí. Caso não, pode se acostumar, pois este estilo que mescla a versatilidade do fora de estrada a uma ciclística com desempenho esportivo ganha cada vez mais espaço no momento da escolha entre um modelo 0 km de alta cilindrada.
Na Europa, diversos modelos como a BMW GS 1200, KTM Adventure 990, Triumph Tiger 955i, Yamaha linha Ténéré, entre outras, lotam as estradas nos finais de semana prontas para encarar qualquer desafio, seja em estradas de asfalto ou em terrenos levemente acidentados e de terra.
Para matar a curiosidade sobre como é a construção deste estilo, a bola da vez no Caderno 2 Rodas do jornal Oficina Brasil é a Honda XL 1000 Varadero, motocicleta produzida na fábrica de Montesa na Espanha, e comercializada oficialmente em terras brasileiras desde 2007.
Comportamento Ao se deparar pela 1ª vez com a Varadero, o porte dela impressiona e chega até assustar. Frases do tipo “mas como você consegue andar em uma moto tão grande?”, ou “nossa, ela mais parece um carro”, provam que o modelo ainda é novidade por aqui. Durante os dois mil quilômetros percorridos em trechos que mesclaram trânsito intenso, deslocamentos pelo interior paulista e uma viagem de ida e volta entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, provaram que o habitat natural deste segmento é a estrada.
Os quase 290kg de peso total quando abastecida literalmente desaparecem assim que ela entra em movimento. Em certos momentos chega a dar vontade até mesmo de ziguezaguear entre os carros nos momentos de congestionamento, mas a tarefa deve ser evitada por causa das limitações do ângulo de esterçamento do guidão.
Em altas velocidades a sensação de segurança é completamente superior em relação a qualquer outro tipo de motocicleta, visto a disposição do banco, guidão e carenagem frontal permitirem que o condutor permaneça em altura elevada.
Motor Com exatos 996 cm³ de cilindrada, dois cilindros opostos em ’v’ inclinados a 90°, com duplo comando de válvulas no cabeçote, arrefecimento líquido e injeção eletrônica de combustível, o acerto favorece a pegada nos baixos regimes de rotação, bem diferente das esportivas. A partir dos 3.000 rpm o motor é capaz de fornecer o empuxo necessário para o ganho de velocidade, sem necessitar de trocas constantes de marchas.
Sob o ponto de vista de Bruno Gramola Filho, Conselheiro Técnico do jornal Oficina Brasil e proprietário da oficina Bruno Racing de Campinas, “este propulsor apresenta enorme robustez e resistência ao desgaste, pois o projeto nasceu para não quebrar, mas desde que efetuada a devida manutenção preventiva”, comenta ao visualizá-lo sem as carenagens laterais, que aliás, devem ser removidas com muito cuidado devido a grande quantidade de pontos de fixação pelos parafusos do tipo ‘allen’, e pelas grapas plásticas.
Para ter acesso a itens básicos como o filtro de ar do motor, velas de ignição (NGK IJR8B9 com máximo de 1mm de abertura entre o eletrodo central e massa), tampa de válvulas, corpo de injeção e tubulações, é necessário remover o enorme tanque de combustível de 25 litros.
Ao remover a tampa do alojamento do filtro de ar do motor, é possível visualizar um diafragma interligado a um corpo plástico, que neste modelo de motocicleta serve para restringir a passagem de ar enquanto o motor estiver na fase fria (aquecimento), ao contrario de outras motocicletas que possui um equipamento semelhante para o ganho de torque e potência.
No momento da troca do óleo lubrificante de motor, aplique o de viscosidade 20W50 SF ou superior (norma SAE), sem aditivos redutores de atrito recomendados para motores de automóveis, que poderão colaborar para a patinação do sistema de embreagem. Com a troca do filtro de óleo do tipo blindado, será necessário adicionar cerca de 3,6 litros.
O sistema de arrefecimento requer um total de 2,86 litros, sendo um total de 50% de água desmineralizada e 50% de aditivo original Honda. Logo a frente deste mesmo radiador estão localizados os módulos de injeção (ECU) e ABS.
Abaixo do banco está localizada a potente bateria de 12 volts e 18 Ah, o fusível geral de 30 ampères, e a tomada para o equipamento de diagnose com tampa protetora na cor vermelha.
Localizada após a união dos dois canos de escapamento, a sonda lambda utilizada possui quatro fios. Próximo a ela está o retificador de tensão, alojado a frente do pneu traseiro sem nenhuma proteção. Segundo Bruno Gramola Filho, “este equipamento 100% eletrônico não deveria ter sido instalado neste local, pois a peça será atingida por muitas impurezas ao rodar em pisos lamacentos ou em dias de chuva, o que poderá diminuir a sua vida útil”, avalia o reparador.
Análise de gases Em marcha lenta, os valores obtidos de CO (Monóxido de Carbono) foram de apenas 0,23%.
Os Hidrocarbonetos (combustível não queimado) ficaram na casa dos 40 PPM.
Freios Quando o assunto é diminuir a velocidade ou até mesmo parar por completo com a máxima segurança, a motocicleta da Honda se mostra imbatível em comparação as rivais. Além do sistema anti-travamento ABS, o sistema duplo combinado batizado de ‘Dual CBS’ é responsável em distribuir a frenagem proporcionalmente entre as duas rodas, mesmo que apenas o manete dianteiro ou traseiro sejam acionados de maneira isolada, ou ao mesmo tempo. Assim as pinças dianteiras operam em um valor próximo aos 70% de eficácia, enquanto a traseira recebe ‘apenas’ 30% da força de frenagem. Estes valores poderão sofrer alterações em acordo com o tipo de utilização, pavimento e situação.
Na prática fica evidente que para extrair a máxima velocidade de resposta do sistema, o ideal é acionar as duas alavancas de freio em conjunto.
Ao contrário de outras motocicletas equipadas com sistema ABS, a Varadero possui não apenas uma, mas sim duas unidades hidráulicas, sendo uma para os discos dianteiros e outra para o disco traseiro.
Suspensão Apesar de as suspensões dianteira e traseira serem simples quanto à estrutura, sendo desprovidas de eletrônica ou ajustes finos, a estabilidade da motocicleta é eficaz e surpreende principalmente em estradas sinuosas.
O longo curso de 175 mm na dianteira e 145 mm na traseira transmite total sensação de conforto. Se pudesse equivaler a um automóvel, seria o mesmo que andar a bordo de um Ford Galaxie 500.
Para aumentar o nível de conforto é possível efetuar a regulagem da pré-carga da mola traseira, ajustável em 40 diferentes níveis, partindo do ‘Low’ (macia) e ‘High’ (mais rígida), para terrenos irregulares e cargas maiores.
O reparador poderá também ajustar o nível de atuação do amortecedor traseiro através do parafuso do tipo ‘fenda’ localizado na base da peça. Para a esquerda o amortecedor passa a atuar menos. Para a direita o trabalho passa a ser mais rígido.
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