Cada montadora tem características conhecidas pelos reparadores, que as posicionam melhor ou pior na concepção destes profissionais de acordo com a identificação de cada um. E são exatamente as características da Subaru que vamos apresentar neste Caderno Premium, baseados nas informações contidas nos manuais de serviço e passadas por profissionais e entusiastas da marca, com o intuito de familiarizar o leitor.
As oficinas especializadas e concessionárias podem ser grandes parceiros dos reparadores multimarcas que têm pouco contato com estes veículos, já que a vasta experiência pode economizar tempo precioso e evitar prejuízos com diagnósticos incorretos ou falhas de instalação. Como contrapartida ganham um novo cliente de peças e serviços, pois muitas vezes compensa terceirizar um trabalho mais complexo, além do equipamento original deste tipo de veículo possuir mais recursos para diagnóstico.
De toda forma, a principal contraste entre estes carros e os que recebemos convencionalmente nas oficinas está no tipo construtivo, mas basta uma observação cuidadosa para reconhecer os componentes. Vamos utilizar como exemplo os veículos Impreza e Legacy da década de 90, para facilitar o entendimento de sua estrutura, podendo em outra oportunidade apresentar os veículos modernos e tecnologias da marca.
Personalidade própria
A primeira forte característica da Subaru aparece logo ao abrir o capô, onde se encontra tradicionalmente um motor boxer de cilindros opostos, como nos VW a ar e maior parte dos Porsches. Esta configuração faz com que o centro de gravidade do veículo seja mais baixo com os pistões e bielas trabalhando horizontalmente.
A segunda está na tração e também visa obter um comportamento superior do veículo utilizando um sistema integral nas quatro rodas. A distribuição é feita por dois diferenciais, um dentro da caixa de câmbio para as rodas dianteiras, outro na traseira e um central de acoplamento viscoso.
Por essas características os veículos da Subaru ganharam fama pelo mundo, vencendo diversos campeonatos de rali, inclusive mundiais, mas não fica apenas na fama, já que seus modelos têm desempenho em pisos escorregadios e irregulares equiparado ou até superior, dependendo da situação, quando comparados a veículos europeus de custo muito mais alto.
Motores EJ
Esta série identifica os motores de quatro cilindros opostos, basicamente o que mais vamos encontrar nas oficinas independentes. No número do motor, os dois números que aparecem em seguida ao EJ representam a capacidade volumétrica.
Veja abaixo os principais modelos que você irá encontrar:
EJ16 -1.6l - EJ18 - 1.8l - EJ20 – 2.0l - EJ22 2.2l - EJ25 – 2.5l
Todos com quatro válvulas por cilindro, podendo ser com um ou dois comandos por cabeçote. Os modelos de Impreza GT, WRX e STI são turboalimentados e têm potência acima de 220 cv de potência e são muito modificados para aumento de performance, devido ao seu potencial. A turbina fica localizada na parte traseira direita do motor, que envia o ar comprimido para um intercooler acoplado ao corpo de borboleta, tendo o ar externo sendo direcionado por uma abertura no capô.
A ordem de ignição destes motores é 1-3-2-4 e os cilindros estão dispostos como na foto abaixo:
Na parte superior frontal do bloco do motor há algumas importantes informações gravadas, que se referem às posições de montagem das carcaças, a indicação dos 5 mancais do virabrequim e as medidas dos pistões, que se dividem em três categorias de tolerâncias: A, B e C. No caso dos motores turbo, apenas A e B.
As camisas de cilindro e respectivas galerias de passagem de líquido de arrefecimento fazem parte do bloco do motor e isso traz duas consequências: 1- Alguns parafusos de união das duas carcaças (e fixação dos mancais) ficam com a cabeça exposta à oxidação do sistema de arrefecimento e por isso pode ter o estriado danificado. Caso isso aconteça e não seja possível soltar algum parafuso, pode ser necessário o serviço de tornearia, que custa em média R$ 50,00.
2- Os pistões não passam do final das camisas para dentro e não há acesso aos parafusos das bielas, por isso é preciso remover os pinos dos pistões, o que é uma tarefa simples e deve ser feita começando pela remoção de grandes parafusos do tipo Allen. Os pinos são facilmente removidos após a remoção das travas e leves pancadas pelo lado oposto, caso não possua a ferramenta especial.
Para trabalhar neste motor tenha em mãos chaves com medidas 10 mm, 12 mm e 14 mm, são as mais utilizadas. O sincronismo do motor é feito por correia dentada e pode ser conferido por marcas bem explícitas nas engrenagens e capas plásticas. Devido à grande extensão da correia, precisa de diversos rolamentos e engrenagens de apoio. Para facilitar a montagem, faça um desenho com as suas posições. Quando efetuar a inspeção da correia observe as vedações dos comandos de válvulas, que costumam apresentar vazamento e danificar a correia.