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Ferrari F355 encanta o reparador independente


Ferrari F355 1996 é um clássico da montadora de Maranello que traz ao reparador o prazer na manutenção

Por: Fernando Naccari Alves Martins - 11 de novembro de 2013

Embora não tenha manutenção simplificada, muito pelo contrário, modelo exige  que o reparador se aprimore e adquira equipamentos e literaturas específicos para cada modelo, mas ele não reclama...

A Ferrari F355 foi um dos esportivos produzidos pela montadora de Maranello de maior sucesso e desejo dos anos 90. Sendo uma evolução da F348 e, posteriormente, sendo substituída pela F360.

Com o motor V8 “aprimorado” da F348, passou de 3.4 litros para 3.5 litros, e recebeu aumento no número de válvulas, ganhando assim 5 válvulas por cilindro, sendo três de admissão e duas de escape. Na verdade, essa característica é o que define o nome desta Ferrari, os dois primeiros números referentes à capacidade volumétrica do motor, e o último referente ao número de válvulas por cilindro. A F355 também foi a última Ferrari de produção a utilizar faróis escamoteáveis.

MODIFICAÇÕES
Durante os seis anos em que o modelo foi produzido, houveram algumas alterações importantes de seu projeto, mas a principal foi a alteração da central eletrônica de injeção, onde inicialmente usava-se a Bosch Motronic 2.7, onde em seguida foi atualizada para a Bosch Motronic 5.2.

Houve também a disponibilização do câmbio F1, onde nestes a F355 “perdeu” o “F” da nomenclatura e ganhou o F1, sendo chamada de Ferrari 355 F1.

MANDALÁ
Foto 1Para aprendermos e admirarmos ainda mais o superesportivo italiano, visitamos o centro automotivo Mandalá com 40 anos de história, do proprietário e reparador Ricardo de Souza Mandalá, localizada em São Paulo-SP. Com 20 anos de profissão e herdando a oficina e a profissão de seu pai, especializou-se no segmento de veículos ‘Premium’, dentre eles Ferrari, Lamborghini e Porsche.

“Esta Ferrari F355 1996 está com 26560 quilômetros rodados e chegou com a luz de injeção acesa, vazamento na bomba d’água e optam pela substituição da correia dentada. Neste caso, será trocada por tempo e não por quilometragem percorrida”, disse Ricardo. (Foto 1)

Foto 2, 2A e 2BSegundo Ricardo, a F355 tem uma característica interessante no sistema de injeção eletrônica: “Esta Ferrari utiliza uma bancada independente para os sistemas de injeção (Foto 2 e 2A), uma para cada lateral do V8 (Foto 2B), possuindo nesta uma central de bicos e bobinas independentes”. 

ESPECIALIZAÇÃO
Para atuar diariamente com veículos deste segmento, segundo Ricardo, é necessária especialização: “O reparador que desejar trabalhar com uma Ferrari deverá estudar muito para saber o que pode ou não fazer”.

“Por exemplo, o motor possui estratégias eletrônicas próprias muito diferentes dos carros convencionais, ângulos específicos de montagem e funcionamento, portanto, ter conhecimento e equipamento apropriado para o reparo é indispensável”, completou Ricardo.

Segundo Ricardo, até a troca da correia dentada exige cuidados e conhecimentos apurados do reparador: “Para a substituição desta, faz-se necessária a retirada do motopropulsor inteiro, portanto, é um reparo que não pode ser feito com pressa. Mas para mim, é aí que reina a parte mais gostosa da profissão, o reparo por mais que seja trabalhoso, tem de nos trazer algum desafio, pois é aí quando sentimos realmente que colocamos à prova nossos conhecimentos na profissão. Eu sinceramente gosto desses desafios”.

Não só conhecimento apurado, trabalhar neste segmento exige que os reparadores desembolsem altos valores em equipamentos e ferramentas para a rotina de manutenção. É o que conta Ricardo: “A ferramenta que devemos utilizar para efetuarmos o sincronismo do comando custa em torno de € 8.000 (Oito Mil Euros). Existe ainda outra ferramenta que deve ser utilizada para conferir se a correia esta muito tensionada ou pouco tensionada, pois como a potência desses motores é altíssima, qualquer ‘vacilo’ poderá causar grandes danos este”.

Foto 3

“Aconselho a quem deseja trabalhar neste tipo de veículo a adquirir manuais de reparação destes no mercado americano e europeu. Eu, por exemplo, adquiri todos os manuais referentes a todos os modelos de Ferrari, e isso é de suma importância, pois sem eles não poderia atuar no reparo destes veículos corretamente”, comentou Ricardo.

Foto 4

Os principais causadores de falhas neste modelo de veículo são o nosso combustível e a maneira de se conduzir o veículo: “Uma Ferrari não foi feita para andar abaixo dos 4.800rpm. Associada ao nosso combustível de baixa qualidade e rotações baixas para transitar nas cidades, isso causa carbonização das velas e dos coletores (Foto 3). É um motor de alta performance e só a partir dos 5.000rpm é que conseguimos sentir o torque que ele nos dá, pois só a partir de então é que a ‘brincadeira começa’ nestes modelos”, afirmou Ricardo.

“Neste modelo resgatamos o prazer de dirigir com seu câmbio H (Foto 4). Não existia Padle Shifts na época, portanto, são trocas manuais onde é ‘jogar’ a marcha, acelerar e sentir o V8 lhe empurrar”, comentou o apaixonado pela marca Ricardo.

“Como toda Ferrari, a F355 possui monitoramento eletrônico da suspensão (Foto 5), embora este modelo não conte com sistema pneumático, mas tenha um conjunto eficiente e preparado para altas performances”, disse Ricardo.(Foto 5A)

Foto 5 e 5AEnfim, este veículo é um símbolo de performance que resgata a essência da mecânica automotiva,  retomando o reparo como algo ‘artesanal’, mas que não afasta o conhecimento técnico como primordial ao processo e que ainda oferece ao condutor todo prazer e esportividade que uma legítima Ferrari têm a oferecer.

FICHA TÉCNICA

  • Motor: Traseiro-central, 3.5 litros, 8 cilindros em "V" a 90º, 40 válvulas DOHC, injeção integral Bosch Mono-Motronic M5.2
  • Cilindrada: 3496 cm³
  • Taxa de compressão: 11,0:1
  • Diâmetro X Curso: 85,0 mm X 77,0 mm
  • Potência: 380cv @ 8250 rpm
  • Torque: 37,0 kgfm @ 6000 rpm
  • Aceleração: (0 – 100 km/h) 4,6 segundos
  • Velocidade máxima: 295 km/h
  • Câmbio: Manual de 6 Velocidades
  • Pneus: Dianteiros: 225/40 ZR 18 — Traseiros: 265/40 ZR 18
  • Rodas: Dianteiras: 7.5J X 18" — Traseiras: 10J X 18"
  • Comprimento: 4249 mm
  • Largura: 1900 mm
  • Altura: 1171 mm
  • Entre-eixos: 2451 mm
  • Peso: 1444 kg