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No planeta Automóvel, acredite o leitor, a vida não se resume aos SUVs. Mesmo que este segmento tenha registrado um crescimento explosivo nos últimos anos abocanhando o espaço, inclusive, das familiares stations wagons, é ainda dos pequenos que o brasileiro gosta mais – por adequação econômica ou preferência pessoal. Enquanto no primeiro semestre deste ano a venda dos utilitários esportivos subiu 17,9% a comercialização dos sedãs compactos registrou uma alta de 58,6%, a maior de todo o mercado. Isso graças a recentes lançamentos que animaram os consumidores: VW Virtus, Toyota Yaris, Fiat Cronos e Caoa Chery Arrizo. E até outubro, a GM pretende disponibilizar o novo Onix Sedã que aposentará o Prisma, campeão do segmento com 49.226 unidades vendidas entre janeiro e julho, seguido de longe pelo Ford Ka Sedã com 27.459. Uma das razões do crescimento é que esses veículos são os preferidos por frotistas, taxistas e motoristas de aplicativos.
Entre os sedãs compactos as virtudes valorizadas são um bom custo-benefício, economia na manutenção, conforto e amplo espaço interno, o que faz algumas vezes os modelos serem confundidos com veículos médios. Na ponta da fita métrica, um exemplo que se destaca quanto ao espaço interno é o Logan, desenvolvido a princípio sob o codinome de projeto X-90 pela Renault em parceria com sua subsidiária romena Dacia, em 2004, com a proposta de ser um carro popular voltado para mercados emergentes de países do Leste Europeu e que chegou ao Brasil entre 2007 e 2008. Com 2.635 mm de entre-eixos e 510 litros de porta-malas, o Renault Logan bate o líder Chevrolet Prisma (2.528 mm/500 l), o Ford Ka Sedã (2.491 mm/445 l) e o Hyundai HB20S (2.500 mm/450 l), e perde por pouco para VW Virtus (2.651 mm/521 l), um projeto mais moderno. Mas o Renault está em uma faixa de preço inferior e tem um custo médio das revisões até os 60 mil km mais em conta: R$3.106 contra R$3.421.
O Logan se mostrou um projeto comercialmente tão bem sucedido que hoje ele é produzido em sete países e comercializado em outros 50 nos cinco continentes, seja com o marca Renault, Dacia ou Nissan, e deu origem a uma família de modelos que inclui o hatch Sandero, o SUV Duster, a picape de cabine dupla Oroch, a perua Logan MCV e o Logan Pick-up (este já fora de linha). Para pôr à prova as qualidades desse “pequeno” sedã, a reportagem do Oficina Brasil Mala Direta solicitou à Renault um modelo do Logan Zen 1.6 16V com câmbio manual e foi atendida. O veículo cedido, já na versão 2020 e oferecido por R$ 60.990,00 na página https://loja.renault.com.br/, contava com cerca de 1.500 km rodados e passou pela análise de três conceituadas oficinas independentes da cidade de São Paulo: a Mack Auto Serviço, no bairro do Jabaquara; Automotrix Serviços Automotivos, no Cambuci; e a Navega Mecânica-Ecocar, em Moema. Nelas, os técnicos responsáveis pela avaliação foram...
João Carlos Silva dos Santos. Natural de Entre Rios, na Bahia, João Carlos, 33 anos, passou praticamente metade de sua vida no mundo da reparação. Ele ingressou na profissão aos 16 anos, varrendo o chão das oficinas e lavando peças. Mas através da capacitação técnica, com cursos realizados no Senai, na Bosch e em diversas montadoras, João Carlos cresceu na profissão. Há 14 anos ele trabalha na Mack Auto Service, desde 1972 localizada na rua Carneiro da Cunha, 913, no bairro da Saúde, em São Paulo (SP). Como gerente, João Carlos é braço direito do empresário Ademir Kushima, que ingressou no oficio de reparador com o pai na cidade de Rinópolis, localizada no oeste paulista. Em meio a um incessante movimento de entra e sai de veículos – cujo movimento chega a 120 ordens de serviço/mês – é João quem estabelece uma ordem na oficina, comanda uma equipe de vários reparadores e ainda dá atenção à clientela. “O importante é atender todos”, assegura.
Carlos Biazão . Há 33 anos na profissão e com 55 anos de idade, Carlos está desde 2001 à frente da sua oficina, a Automotrix Serviços Automotivos, instalada em prédio próprio à Rua da Independência, 87, no Cambuci. Ele aprendeu os primeiros macetes da reparação automotiva na oficina do pai, Pedro Biazão, hoje com 83 anos. “Comecei lavando peças, mas depois me capacitei tecnicamente. Sou da primeira turma do curso de Técnica Automobilística do Senai, formada nos anos 1990, e ainda fiz diversos treinamentos na Magneti Marelli, Luk, Brosol, Continental etc. Aliás, continuo fazendo cursos, pois o reparador desatualizado perde mercado”, argumenta. Sua oficina trabalha com motor, suspensão, freio, injeção eletrônica, parte elétrica e alguma coisa de câmbio. “O que não faço aqui terceirizo”, explica. Atualmente ele atende uma média de 50 carros por mês, mas recorda que o movimento foi maior na época da inspeção veicular obrigatória. “A expectativa é que ela volte em 2020, em nível nacional”, projeta.
Pedro Alexandrino Rodrigues. Já criança, Pedro consertava sua bicicleta e, adolescente, arriscava mexer em motos. Ali estava, portanto, definido seu futuro. Aos 14 anos, quando começou a trabalhar em uma empresa de engenharia, aproximou-se da seção de máquinas pesadas e só saiu dela para fazer um curso intensivo de Mecânica Diesel no Senai. Seis meses depois, formado, fez o curso de Mecânica Leve, ocasião em que conheceu o empresário Marcelo Navega que o convidou para trabalhar em sua oficina, a Navega Mecânica-Ecocar, localizada na Rua Gaivota, 860, Moema, onde é hoje reparador-chefe. Há 30 anos na empresa, Pedro responde pelo trabalho de nove colegas que, juntos, dão conta de uma demanda mensal aproximada de 100 veículos. “Trabalhamos com veículos de todas as procedências. A parceria da oficina com a Rede Ecocar possibilita a nosso pessoal estar sempre atualizado com o que existe de mais moderno”, avalia.
Lançado em 2004 como um precursor dos sedãs compacto-médios, o Logan ainda está em sua primeira geração, o que contraria toda a lógica do ciclo de padrão de vida de um veículo, e tem se mantido em dia com atualizações mecânicas, de conteúdo e facelifts. Estes últimos, aliás, melhoraram consideravelmente sua aparência. A primeira versão do sedã, de linhas retas , estava longe de ser um primor de design e o acabamento interno não ia além do sofrível. Em 2013, porém, uma remodelação interna e da carroceria deixou o carro mais apresentável e valorizou sua boa relação custo-benefício e amplo espaço interno. No modelo 2020, o Logan traz de série quatro airbags (dois frontais e dois laterais) em todas as versões, dianteira com nova grade com frisos cromados e luzes de condução diurna com assinatura luminosa em C – faróis auxiliares são opcionais. Sua versão com câmbio manual de cinco velocidades – a testada nesta matéria – é a primeira do mercado a contar com um sistema start-stop.
Segundo a Renault, o Logan, como o Sandero, ganhou reforço na estrutura de sua carroceria com aços estampados a quente na coluna B e outras regiões para atender aos novos parâmetros de crash tests frontais e laterais do instituto Latin NCAP – no ano passado, Sandero e Logan somaram apenas uma estrela de cinco possíveis nos testes de proteção de adultos e três estrelas na proteção de crianças. O sedã também traz novos materiais internos como bancos mais largos, tecidos de melhor qualidade e espuma de maior densidade. “Os bancos estão mais confortáveis e a excelente visibilidade externa contribui para uma percepção de maior espaço interno. O porta-malas de 510 litros é um show à parte”, enxerga Pedro Alexandrino. “É um sedã compacto com espaço de um sedã médio”, ratifica João Carlos. “Embora o plástico duro predomine internamente, o acabamento melhorou e o carro não tem mais aquela aparência externa de caixote. Mas o design da carroceria precisa corrigir algumas falhas, como esse inacreditável buraco aparente na dobradiça do capô”, repara Carlos Biazão.
Com até 118 cavalos de potência e 16 kgfm de torque, o Logan Zen 1.6 16V com câmbio manual mostrou disposição em seu teste dinâmico realizado, predominantemente, em situações urbanas. “A boa relação peso/potência e a combinação entre motor e câmbio fazem o sedã responder bem às demandas de aceleração inicial e de retomada de velocidade. O rendimento do combustível, tanto com etanol como gasolina, condiz com a proposta do veículo, ou seja, ele é bem econômico. Em razão disso, do bom espaço e do relativo conforto interno a gente entende porque o Logan é um dos preferidos por taxistas e motoristas de aplicativo”, interpreta Pedro Alexandrino. “Agradável de dirigir no meio urbano e com bom isolamento acústico. Sua embreagem é mais macia do que a de modelos anteriores. Embora o painel de informações seja simples traz informações essenciais como a temperatura do radiador, dado que muitos veículos novos negligenciam e que deveria ser obrigatório por lei, e a indicação da melhor marcha a ser utilizada”, destaca João Carlos.
Segundo Carlos Biazão, a direção eletro-hidráulica do sedã tem um comportamento progressivo em altas velocidades, mas poderia ser mais leve, e a suspensão é relativamente seca para um sedã, mas plenamente adequada para a realidade ruim de nossas pistas e para um carro que, afinal, não tem a proposta de ser luxuoso. “Sim, a direção tem respostas rápidas e, da mesma forma, o câmbio tem engates curtos e precisos”, aponta João Carlos. “Ao volante, o Logan entrega o que promete: agilidade, robustez, economia e conforto mediano. Só por isso sua dirigibilidade merece nota 10”, conclui Pedro Alexandrino.
O Renault Logan Zen 1.6 16V apresenta o propulsor de código H4M, conhecido também como SCE (Smart Control Efficiency), desenvolvido pela Renault Tecnologia Américas (RTA) e fabricado em São José dos Pinhais (PR). Com 1.597 cm3 de litragem real, quatro cilindros em linha, injeção multiponto, duplo comando de válvulas no cabeçote e acionado por corrente metálica de transmissao, ele traz bloco e cabeçote de alumínio, bielas e virabrequins forjados. O motor entrega potência máxima de 118 cavalos no etanol e 115 cavalos na gasolina a 5.500 giros e um máximo torque de 16 kgfm, no etanol ou na gasolina, a 4.000 giros. Com isso, o sedã alcança uma velocidade de 186 km/h e pode ir de 0 a 100 km/h em 10 segundos. Segundo a Renault, esse motor possibilita uma redução de 21% no consumo de combustível em relação aos modelos anteriores e dispõe da tecnologia ESM (Energy Smart Management), trazida das pistas da Fórmula 1 e que controla a carga da bateria, proporcionando maior rendimento do combustível e menor emissão de gases como o CO2.
“Esse motor é moderno sob muitos aspectos, mas ainda conserva o jurássico tanquinho de gasolina para partida a frio. Certamente a Renault é uma das últimas montadoras a manter esse sistema. Deve ser uma concessão para não encarecer a produção e ter que repassar o custo ao comprador”, aponta João Carlos, que centímetros abaixo do bocal do tanquinho identificou um dado positivo. “Veja aqui, a torre do amortecedor está fora da churrasqueira e isso facilita tremendamente seu acesso. Poucos carros têm essa facilidade”. Da mesma forma, o reparador considerou acessível a correia de serviços do tipo elástica do alternador e aprovou o espaço entre a ventoinha e o bloco do motor. “Temos cerca de 20 centímetros, mais do que o suficiente para trabalhar”. O que complica um pouco, segundo ele, é o coletor de admissão que passa sobre bobinas, velas e bicos e exige sua remoção na necessidade de acessar essas peças. “Nada que não possa ser resolvido, embora demande mais tempo de oficina”, justifica.
Pedro Alexandrino também viu mais facilidades do que dificuldades. A começar pelo acesso à caixa do filtro de ar, “Tão simples quanto abrir uma gaveta”, comparou o reparador, que não encontrou a mesma facilidade na caixa de fusível, cuja tampa está posicionada um pouco abaixo da lata superior do para-lama. “No geral, porém, tudo está acessível e visível, como o coxim principal do motor, corpo de borboleta, módulos da injeção e do ABS. É um motor que melhorou muito em relação aos primeiros da Renault produzidos aqui e que merece nota 10 no quesito reparabilidade”, atribui.
“É verdade. Nem se compara ao motor daqueles antigos Clio”, confirma Carlos Biazão que, entre outras qualidades, gostou do tanquinho de expansão do radiador localizado a certa distância da frente do capô. “Permite uma melhor visibilidade do nível do fluido, sem falar que o tanque é preso por uma braçadeira reaproveitável e não por um engate rápido que facilmente quebra”. Carlos também aprovou a eficiência do motor com 16 válvulas que possibilita uma melhor entrada e saída de gases, a corrente metálica que substituiu a antiga correia dentada e mesmo a já questionada posição do coletor de admissão. “Até entendo quando alguns colegas dizem que ele atrapalha o acesso a bobinas, velas e bicos e necessita ser removido nessas ocasiões. Mas o importante e que ele otimiza a queima do combustível e acopla uma câmara de ressonância, o que melhora o isolamento acústico do motor”, argumenta.
A novidade mais bem-vinda da linha 2020 dos veículos da Renault equipados com os motores 1.6 SCe é um recurso conservador: a transmissão do tipo CVT, continuamente variável, com seis marchas virtuais. É a mesma utilizada pelos utilitários esportivos Duster, Captur e alguns veículos da Nissan. Com isso ninguém pode culpar a Renault de omissão, pois trata-se da sua terceira tentativa de encontrar a melhor solução para a automação da transmissão de seus carros. A primeira escolha recaiu sobre um câmbio automático de quatro marchas, o problemático AL 4, que não oferecia um escalonamento satisfatório, esticava muito as marchas e resultava em alto consumo de combustível. A segunda foi o câmbio automatizado de uma embreagem, o Easy-R, que pecava pelos trancos durante as trocas de marcha, um gerenciamento ruim (trocas no momento errado), manutenção dispendiosa e desvalorização excessiva na revenda.
Como o veículo testado nesta matéria contava com uma transmissão mecânica absolutamente convencional, de cinco velocidades, não há muito o que comentar sobre ela. Exceto por seus engates e relações curtas que enfatizam mais o rendimento do combustível. Na quinta velocidade, por exemplo, é possível manter a rotação do motor na casa dos três mil giros, ou um pouco menos, suficiente para deixar o Logan pronto para retomadas e reduzidas ligeiramente mais espertas. “A embreagem hidráulica deixa os engates mais precisos e o pedal da embreagem mais macio”, confere Pedro Alexandrino. “Se a embreagem fosse a cabo o pedal ficaria mais alto”, confirma João Carlos. “Também é possível notar que o coxim inferior do câmbio, agora do tipo raquete pequena, foi modificado. Antes apresentava muitos problemas e era necessário fazer uma adaptação com um suporte e buchas da bandeja”, completa Carlos Biazão.
FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO
A fim de comportar uma caixa de transmissão do tipo CVT, a versão 2020 do Logan equipada com esse câmbio precisou ter sua suspensão elevada em 40 mm. Para disfarçar o estranhamento que provocaria um sedã com suspensão tão alta a Renault fez do limão uma limonada: pôs molduras nas caixas de rodas, para-choques invocados e resolveu chamá-lo, ao menos provisoriamente, de Logan Stepway. E assim criou o primeiro sedã com pinta de aventureiro do mercado brasileiro . O que a nossa versão com câmbio manual tem a ver com isso?! A rigor nada, mas enquanto a carroceria do Logan com suspensão elevada rola mais nas curvas, fazendo sua traseira sambar em altas velocidades, a equipada com câmbio mecânico, que não teve a suspensão mexida, mantém um desempenho estável e uma dirigibilidade firme.
O Renault Logan dispõe de uma caixa de direção com assistência eletro-hidráulica e esforço variável que ajusta a resistência do volante à medida que a velocidade aumenta, ficando mais pesada em altas velocidades e proporcionando maior segurança ao realizar curvas. A bomba da direção é acionada por um motor elétrico à parte, e não pelo motor do carro, e isso evita a perda de potência e reduz em até 3% o consumo de combustível. À frente, o Logan conta com suspensão do tipo MacPherson e discos ventilados; atrás, freios a tambor e eixo de torção. “Este eixo tem, em seu vão, uma barra estabilizadora interna que proporciona mais conforto e uma melhor torção. A cobertura do plástico certamente evita a ação da ferrugem e previne a quebra da barra”, acredita Pedro Alexandrino, que atentou para o detalhe da barra estabilizadora dianteira sair debaixo das bandejas , e não da parte de cima. “Já tinha visto em outros carros, mas é a primeira vez que noto isso no Logan. Aprovo, até porque ficou bem feito”.
João Carlos classificou o undercar do Logan como resistente, de boa reparabilidade e preparado para resistir às agruras das pistas brasileiras. “O que pode dar um pouco mais de trabalho aqui são as pequenas bieletas, mas todo o conjunto me pareceu razoável. O compressor do ar-condicionado é pequeno e fácil de trabalhar, assim como o filtro de óleo está acessivel e o quadro da suspensão passa a ideia de robustez, o que é importante. No semieixo , um eventual serviço de manutenção na trizeta não está complicado”, define.
Já Carlos Biazão destacou que há acesso ao sensor do nível do tanque de combustível logo abaixo do banco traseiro do Logan, o que dispensa o trabalhoso serviço de ter que abaixá-lo para algum intervenção nesse sentido. “A gente fica feliz quando o engenheiro pensa na gente”, alegra-se o reparador. Outra boa notícia, segundo Carlos, foi a eliminação de uma complicada válvula de freio traseiro. “Com a instalação dos sensores da ABS ela se tornou desnecessária”, argumenta o reparador.
ELÉTRICA, ELETRÔNICA E CONECTIVIDADE
Embora conte com uma central multimídia com Android Auto e Apple Carplay, os recursos elétricos, eletrônicos e de conectividade não são o forte do Renault Logan Zen 1.6 16V com câmbio mecânico, um carro essencialmente básico que sequer dispõe de vidros elétricos nas portas traseiras – ao menos a versão testada aqui – e controles eletrônicos de tração e de estabilidade. Ainda assim ele tem um item que foge absolutamente à regra: é o primeiro carro do mercado nacional com câmbio mecânico a dispor de um sistema start-stop. O dispositivo funciona em conjunto com a regeneração da energia dissipada nas frenagens – tecnologias só vistas antes em carros de alto valor.
“O condutor pode desativar o recurso através de um botão localizado no console, mas se uma tecnologia foi inventada para nos ajudar a poupar combustível fazer isso para quê?”, questiona Pedro Alexandrino, para quem os motoristas devem se lembrar que todo o sistema elétrico do veículo foi preparado para suportar uma maior demanda de ignição, a começar pela bateria. “Devido ao câmbio manual o start-stop funciona quando eu ponho a alavanca no neutro e tiro o pé da embreagem. Aí o motor apaga. Para ligar o motor, eu piso na embreagem, engato a marcha e vou embora”, explica o reparador. “A princípio, algumas pessoas poderão estranhar o funcionamento do sistema, mas é fácil de aprender. Eu mesmo nunca tinha dirigido um carro com câmbio manual dotado deste recurso e o assimilei logo”, admite Carlos Biazão.
PEÇAS DE REPOSIÇÃO
Um problema que parece cada vez menos recorrente entre os carros de montadoras de origem francesa é a reposição de peças. Ao menos quanto aos veículos da família Sandero da Renault, em especial o Logan, e segundo os reparadores entrevistados nesta matéria. “Um exemplo de como melhorou a oferta é que antes tínhamos dificuldade em encontrar uma válvula do freio traseiro de alguns modelos do Logan que ainda não têm sensores de ABS. Hoje a peça é oferecida em qualquer loja de autopeças”, confirma Carlos Biazão. “Em uma revisão básica temos filtros, óleos, peças de embreagem, bucha de bandeja, coxim, amortecedor, pastilhas e velas em muitos distribuidores”, completa.
De fato, antigamente, os veículos da Renault davam dor de cabeça na hora de repor certas peças. Hoje, não. Componentes como velas, filtros, fluidos, óleos, bobinas, peças do freio e da suspensão como amortecedores são encontrados fora das concessionárias, entre os distribuidores independentes, e de muito boa qualidade. Recorremos às concessionárias na necessidade de alguma peça da injeção eletrônica, sensores e atuadores. Em geral, ali, o preço está na faixa das concessionárias de outras marcas e o tempo previsto de entrega é de 48 horas, pois elas não estocam mais nada. explica Pedro Alexandrino
João Carlos confirma que o único inconveniente é mesmo a falta de estoque de peças nas concessionárias, o que obriga as oficinas muitas vezes a postergar a entrega de um serviço. “Esse não é uma deficiência apenas das concessionárias Renault, mas de todas”, explica o gerente, para quem o mercado independente abastece razoavelmente suas necessidades, com variedade de opções. “Muitas vezes até podemos apresentar ao proprietário do veículo a opção de escolher entre peças originais e as alternativas do mercado paralelo de boa qualidade”, aponta.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
A relativa facilidade encontrada nos procedimentos reparativos do Renault Logan deve-se menos aos esforços da montadora em promover iniciativas, como cursos e palestras, que auxiliem os profissionais no seu trabalho do dia a dia e mais à simplicidade do conjunto mecânico do veículo. Isso segundo os próprios reparadores. “Não temos muito acesso às informações técnicas vindas da montadora ou das concessionárias. Em alguma eventual necessidade lançamos mão do banco de dados do Sindirepa. Outras fontes de informação são o fórum do Oficina Brasil e a nossa network. No caso da família Sandero, porém, isso não tem sido necessário. Outra facilidade que encontramos nesses veículos é a sua compatibilidade com a maioria dos scanners automotivos, que facilmente obtém um diagnóstico da injeção eletrônica”, admite Pedro Alexandrino. “Sim, os scanners ajudam muito. Já entre o Sindirepa e o Senai, prefiro usar o segundo como fonte de pesquisa”, escolhe Carlos Biazão.
Ao contrário dos colegas, João Carlos, em caso de alguma dúvida técnica dos veículos da Renault, recorre à concessionária da marca que tradicionalmente lhe fornece peças originais e tem encontrado um bom retorno. “Em razão do nosso bom relacionamento comercial temos, informalmente, acesso ao chefe da oficina. Há um tempo atrás, por exemplo, tivemos uma dificuldade aqui com o funcionamento de uma bobina elétrica do Sandero 1.6 de oito válvulas, pois precisamos de seu esquema elétrico. Entramos em contato e conseguimos resolver a demanda. Lembro que esse é sempre um caminho de duas mãos, pois também, quando solicitados, podemos tirar algumas dúvidas deles. Outra fonte de pesquisas é o Sindirepa”, lembra o gerente da Mack Auto Service.
RECOMENDAÇÃO
Em razão de ser um modelo pouco além de básico, o Renault Logan Zen 1.6 16 V com câmbio manual entrou nas oficinas discretamente, com um ar humilde e uma autoestima meio abalada, mas saiu botando banca de quem se deu muito bem na avaliação. E isso é verdade...
“Claro que recomendo. Sua mecânica é plenamente confiável, com uma manutenção em conta e uma reparabilidade acima de qualquer suspeita. É um carro robusto, que não dá dor de cabeça aos proprietários e, até onde sei, com um bom valor de revenda. Clientes meus que possuem o modelo estão satisfeitos e tem sido fiéis a ele, o trocando por versões mais novas.”
Carlos Biazão
“Sim, um carro recomendável quanto à manutenção, que não é das mais caras e tem boa oferta de peças. Não teremos dor de cabeça por esse motivo. Quanto à reparabilidade, ela é simples e descomplicada. Tirando aquela pequena dificuldade com o coletor de admissão, o restante é fácil. A cada ano, percebo que a Renault evolui em tecnologia para agradar o consumidor brasileiro.”
João Carlos Silva dos Santos
“Já vai longe o tempo em que os carros franceses despertavam suspeitas. A Renault, por exemplo, é uma marca cada vez mais confiável entre os reparadores porque hoje temos mais acesso às informações sobre seus veículos. Esse Logan foi muito bem em todos os quesitos: motor, câmbio, suspensão, dirigibilidade e conforto. Manutenção e reparabilidade s&a