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Depois de fabricar por anos a fio, mais do mesmo, (refiro-me ao modelo 207 em relação ao 206) finalmente, dentro do mesmo segmento, a Peugeot produziu um carro que, na minha modesta opinião, será um novo paradigma para a marca.
Lançado na Europa em 2012 o modelo 208 da fábrica francesa só chegou ao Brasil no início do ano seguinte. Montado sobre a plataforma do Citroen C3, o 208 supera seus antecessores, principalmente em relação à suspensão traseira. (Cá pra nós, aquele sistema de rolamentos do eixo traseiro do 206 e do 207 é de chorar de desgosto!)
Dentre todas as opções de motorização e transmissão a que se destaca é a versão do modelo 2018 (foto 3) que saiu com motor 1.6 16V (foto 4) e transmissão automática de 6 velocidades - o conjunto é simplesmente, irretocável!
Esse modelo possui quatro formas diferentes de condução que pode ser alterada a qualquer momento pelo motorista, por um simples toque nos botões localizados próximos à alavanca de marchas e na própria alavanca (foto 05). São eles: econômico “Eco” (foto 6) - troca automática das marchas em baixas rotações; esportivo “S” (foto 6) – troca automática das marcha em altas rotações; “Auto” – é uma média entre os dois modos anteriores; e para fechar com chave de ouro temos ainda o modo manual, no qual o motorista troca as marchas no momento que desejar, com um breve toque na alavanca.
Para quem não sabe a diferença entre essas quatro opções, pode parecer algo desprezível. No entanto, quando se aprende a utilizar os diferentes modos de condução de acordo com a necessidade momentânea ou perfil, a satisfação ao dirigir é realçada pelo notório desempenho ou pela perceptível economia de combustível.
Deixando de lado as minhas impressões obtidas na condição de motorista enquanto avaliava o carro, vamos direto àquilo que faz jus ao nome da sessão “Avaliação do Reparador”.
Para tanto, entrevistamos Reparadores de oficinas independentes, com larga experiência no assunto e também no modelo avaliado. São eles:
Eric Faria P. Silva, 33 anos (foto 01 – direita), proprietário da oficina 3E Motors que está localizada no bairro Chácara Santo Antônio, Zona Sul da cidade de São Paulo.
Eric e seu irmão Eder Faria E. Silva, 36 (foto 01 – esquerda), desde pequenos, por influência do irmão mais velho, começaram a gostar de carros e assuntos relacionados. Aos 14 anos de idade, Eric iniciou em seu primeiro curso técnico na escola Argos, logo após, fez outro curso na escola Senai e com 16 anos já estava trabalhando na área automotiva como auxiliar. Trabalhou como Mecânico na Peugeot, onde seu irmão Eder já trabalhava; depois passou pela Citroen, Mitsubishi, Volvo e ainda se formou em Administração de empresas. “Por causa da crise, em 2008 saí da Volvo e decidi comprar uma oficina montada. Devido à grande experiência em carros franceses, sobretudo a linha Peugeot, que meu irmão e eu adquirimos durante o tempo que trabalhamos em concessionárias, apesar de atender veículos multimarcas, nosso foco é em Peugeot, Citroen e Renault”, completa Eric.
Kleberson Diego Gomes (foto 7) tem 29 anos de idade e 19 de experiência no ramo, dos quais 14 foram trabalhando com veículos das marcas francesas. O interesse pela profissão surgiu logo cedo, aos 15 anos de idade iniciou um curso técnico na escola Senai e antes mesmo de conclui-lo já conseguiu emprego numa concessionária Peugeot. Depois trabalhou na Citroen e Renault. “Durante os anos que trabalhei nas concessionárias pude fazer vários cursos de especialização, o que me deu bagagem para abrir a minha primeira oficina, a Arcar Serviços Automotivos, que fica no município de Taboão da Serra, em sociedade com meu antigo chefe no início do ano de 2016. No segundo semestre do ano seguinte abrimos a segunda oficina na zona oeste da cidade de São Paulo, bairro da Barra Funda,; ambas são especializadas na linha francesa”, conta Kleberson.
Ederson José da Silva Sá (foto 8), 31 anos de idade é proprietário da oficina Edermatic, especializada em câmbios automáticos. Ederson começou a trabalhar como ajudante em uma oficina que só trabalhava com transmissões automáticas, aos 9 anos de idade. Ao longo dos anos, teve a oportunidade de trabalhar em oficinas especializadas em transmissões automáticas, nas quais pode acumular grande experiência e muita prática. Quando já era um profissional, além do seu trabalho na oficina, fazia bicos em casa e em outras oficinas dos amigos, até que, em 2010 conseguiu abrir a Edermatic na Zona Sul da cidade de São Paulo no bairro Vila São Francisco. Depois, uma filial em Apucarana - PR Paraná, que é uma loja de peças para câmbios automáticos.
As perguntas feitas aos participantes, que gentilmente nos concederam as entrevistas compartilhando valiosas informações, são estruturadas e sequem um padrão próprio do autor, baseado na realidade das oficinas independentes. Portanto, as respostas obtidas se diferem da maioria dos trabalhos semelhantes, pela ausência da subjetividade. São relatos fundamentados na vivência prática de cada um dos entrevistados e também, do autor que está há mais de 30 anos com as “mãos na graxa”.
Suspensão dianteira
Diferente dos seus antecessores, no 208 a suspensão dianteira merece destaque por utilizar bandeja de chapa (foto 9) com pivô rebitado (foto 10), que é mais resistente aos pisos brasileiros e permite reparos parciais (troca das buchas e do pivô), reduzindo o custo de manutenção sem comprometer a qualidade e segurança.
Tanto na Arcar Serviços Automotivos quanto na oficina 3E Motors, as peças que são substituídas com maior frequência são: as buchas da barra estabilizadora, batentes dos amortecedores e buchas de bandejas. Neste último item, segundo Eric, ocorre algo curioso: “os carros de clientes que transitam mais pelas vias da região central da cidade, demoram mais para apresentar defeitos. Já os carros que circulam mais para a periferia, apresentam desgaste das buchas de bandejas com maior frequência. Aqui na 3E Motors, quando encontramos avaria nas buchas das bandejas, substituímos a bandeja por outra genuína, normalmente disponível em nosso estoque”, diz o Reparador.
O Reparador Kleberson relata que em sua oficina a maior incidência é de avarias nos batentes dos amortecedores. Quanto às buchas e pivô, Kleberson diz: “quando o pivô apresenta folga e as buchas estão boas, trocamos só o pivô. Mas se as buchas também estiverem danificadas, substituímos a bandeja completa.”
Um defeito comum no modelo avaliado, revelado e descrito pelos Reparadores, é o desgaste da bucha da barra estabilizadora (foto 11). Quando isso ocorre, a barra se desloca para o lado, fica raspando no quadro e rangendo. De acordo com os Reparadores, a solução é simples, basta substituir as buchas por outras genuínas.
Dica do Reparador Eric: quando for substituir os batentes dos amortecedores, aproveite para fazer uma avaliação minuciosa nos amortecedores quanto a vazamento, folgas lateral e axial. Isso porque, alguns problemas só aparecem quando se desmonta o amortecedor. Se encontrar alguma avaria, informe ao cliente sobre a necessidade e importância de substituir os amortecedores.
Suspensão traseira
Neste tópico terei que sair da terceira pessoa e passar para a primeira, eu. Vou dizer por mim como Reparador, mas sei que a minha voz irá ecoar em forma de coro: “finalmente a Peugeot mudou o sistema de suspensão traseira!!” Porque aquele sistema que utiliza barra de torção e rolamentos que “detonam” o eixo, ninguém aguenta!
A suspensão adotada pela Peugeot no 208 é de eixo rígido, molas helicoidais (foto 12) e a fixação do eixo à carroceria é por intermédio de buchas super- resistentes (foto 13) - outro nível!
De acordo com os entrevistados, o único defeito constatado na suspensão traseira foi avaria nos amortecedores por tempo de uso ou por não suportar as condições das vias. Nos modelos 208 mais antigos, as molas também são substituídas preventivamente por tempo de uso – nada que chame a atenção.
O técnico Éric relata: “até o presente momento ainda não constatamos nenhuma bucha do eixo traseiro avariada!”
Sistema de freios
Equipado com discos ventilados na dianteira (fotos 14a e 14b) e tambores na traseira (fotos 15), o sistema conta com o auxílio do ABS (Anti-lock Braking System ou Sistema de freio antitravamento) para garantir a eficiência e segurança desejada.