
O sensor de rotação é um transdutor essencial no gerenciamento eletrônico dos motores modernos. Sua função é gerar, a partir do movimento do virabrequim, um sinal elétrico proporcional à posição angular e à velocidade de rotação, permitindo à ECU calcular o ponto exato de ignição e injeção. Qualquer perda ou distorção desse sinal inviabiliza o funcionamento do motor, já que não há referência para sincronismo.
Trata-se de um componente eletrônico sensível, submetido a condições severas de operação: variações térmicas elevadas, vibrações mecânicas constantes, presença de óleo, poeira metálica e campos eletromagnéticos. Por isso, defeitos nesse sensor são recorrentes e se manifestam de diversas formas, desde falhas intermitentes em alta temperatura, partidas prolongadas e engasgos em aceleração até a completa ausência de partida.
No motor EA111 utilizado em diversos veículos da VW, o sensor de rotação possui uma particularidade importante: está instalado na flange localizada na parte traseira do motor. Esse arranjo, diferentemente de outros projetos, torna sua substituição mais complexa, exigindo a remoção da transmissão para acesso. Essa característica reforça a necessidade de um diagnóstico criterioso com scanner e osciloscópio, de modo a confirmar a falha antes de autorizar uma intervenção de alto custo e complexidade.
Visão Geral
Função do sensor:
- Mede a posição e velocidade do virabrequim, informando à ECU o ponto exato de rotação, sincronismo para injeção de combustível e ignição.
- Em muitos carros, há também o sensor de fase (camshaft position sensor) que trabalha em conjunto para determinar qual cilindro está no ciclo certo (tempo).
- O sensor de rotação é fundamental para permitir que a ECU faça temporização correta, controle de ignição, injeção de combustível, partida, marcha lenta e rpm variável.
Localização
- O sensor fica apontado para a roda fônica do virabrequim;
- Ele está posicionado no bloco do motor, próximo à parede corta-fogo, quase junto ao câmbio. Acessos podem ser complicados por causa do espaço reduzido, calor e proximidade de componentes auxiliares.
Sinal Elétrico
O sensor envia pulsos digitais para a ECU, definindo quando cada dente da roda dentada passa pelo sensor. Pode haver um arranjo de dentes com marcas de “gap” para permitir que a ECU reconheça uma referência de posição fixa (por exemplo, PMS = Ponto Morto Superior) ou sincronismo de referência.
No caso do EA111, é comum que o sensor de rotação (CKP) e sensor de fase (CMP) sejam usados em conjunto: o CKP dá a cadência de rotação + referência, o CMP confirma em qual cilindro/fase o motor está.
Falhas Comuns

O sensor envia pulsos digitais para a ECU, definindo quando cada dente da roda dentada passa pelo sensor. Pode haver um arranjo de dentes com marcas de “gap” para permitir que a ECU reconheça uma referência de posição fixa (por exemplo, PMS = Ponto Morto Superior) ou sincronismo de referência.
No caso do EA111, é comum que o sensor de rotação (CKP) e sensor de fase (CMP) sejam usados em conjunto: o CKP dá a cadência de rotação + referência, o CMP confirma em qual cilindro/fase o motor está.
Falhas Comuns
- Motor não dar partida ou demorar para pegar.
- Motor liga, mas logo “morre” após alguns segundos.
- Funcionamento irregular / falhas de ignição (“misfire”), marcha lenta instável.
- Luz de verificação do motor, códigos de falha relacionados a sensor de rotação/ignição/sincronismo.
- Baixo desempenho, cortes de ignição, falhas sob carga ou rotações médias-altas.
Possíveis causas
- Sensor danificado internamente (elemento Hall ou circuito interno queimado).
- Conector elétrico corroído, pinos oxidados, mal encaixado.
- Fiação danificada, curto ou circuito aberto.
- Interferência magnética ou falha no aterramento.
- Acúmulo de sujeira, óleo, resíduos na roda dentada ou na região de leitura do sensor.
- Desalinhamento ou desgaste da roda dentada ou falha na marca de referência de sincronismo.
- Sensor fora de especificação (resistência incorreta, variação de tensão fora do aceitável).
Diagnóstico: Ferramentas Necessárias
- Scanner OBD-II com capacidade de ler códigos de falha, dados ao vivo (live data), idealmente com módulos VW ou Marelli 4GV / ECU compatível.
- Multímetro digital (para medir tensão, resistência, continuidade).
- Osciloscópio (altamente recomendado para examinar forma de onda do sensor).
- Ferramentas como chaves e soquetes para acessar o sensor.
- Spray de limpeza de contato elétrico.
Passo a Passo de Diagnóstico

Verificação de códigos de falha
- Conectar scanner OBD-II à porta de diagnóstico.
- Verificar códigos armazenados relacionados a CKP, CMP, sincronismo e ignição. Exemplos de códigos genéricos: P0335 (sensor de rotação), P0340 (sensor de fase), etc., embora os códigos VW possam variar.
- Verificar se há falhas relacionadas a RPM irregular, falha de sincronismo ou perda de sinal do sensor de rotação.
Verificação visual
- Desligar a bateria como precaução.
- Inspecionar o conector do sensor de rotação: verificar pinos tortos, oxidação, umidade, sujeira, mau encaixe.
- Verificar se a roda dentada do virabrequim está em boas condições: dentes faltando, dentes danificados, sujeira metálica ou farelos próximos.
- Verificar se há fios ou chicotes perto do sensor danificados por calor, vibração, fricção.
- Verificação elétrica básica com multímetro
- Identificar os pinos: normalmente três: alimentação (Vcc), terra (massa), sinal.
- Com o contato de ignição ligado (sem dar partida), medir tensão entre o pino de alimentação e o terra, deve haver tensão de referência da ECU (às vezes +5V ou +12V, dependendo do sistema). Se não houver alimentação, problema é upstream (ECU, fusível, fiação).
- Verificar continuidade entre o pino de massa do sensor e o chassi / terra do motor. Resistência deve ser praticamente zero ohms.
- Verificar resistência interna do sensor (com 3 pinos desconectados) entre alimentação e terra ou entre sinal e terra conforme especificação (se disponível). Pode haver variação, mas valores fora dos extremos normalmente indicam defeito.
Verificação dinâmica com multímetro / osciloscópio
- Usar o scanner para visualizar “RPM vs tempo” enquanto se gira manualmente o motor (com a chave ou por compressão, se seguro). Verificar se o RPM sobe suavemente conforme se gira. Se houver pulso intermitente ou perda de sinal, sensor pode estar com mau funcionamento.
- Com osciloscópio, conectar nos terminais sinal e terra, capturar forma de onda enquanto o motor roda: deve haver sinal de pulsos regulares, com amplitude, forma de onda limpa sem ruído excessivo, sem distorções.
- Verificar a marca de referência: se há “gap” ou dentes faltantes, ver se o sensor detecta isso corretamente. Osciloscópio ideal para identificar se o gap de referência está correto em amplitude e tempo.
Diagnóstico de temperatura e condições variáveis
- Testar o sensor em condições variadas de temperatura (motor frio, motor aquecido). Às vezes falhas aparecem somente quando o componente está quente.
- Verificar se há falha de funcionamento somente em rotações médias ou altas, ou sob carga.
Confirmação e substituição
- Se sensor falhar nos testes acima, substituir por peça nova ou pelo menos peça recondicionada de qualidade, preferivelmente OEM ou equivalente de boa marca.
- Ao instalar novo sensor, garantir que seja ajustado corretamente, conector bem encaixado, torque correto (se aplicável), limpeza da superfície de acoplamento, sem folgas mecânicas.

Dicas Avançadas
- A leitura do scanner pode mostrar RPM “saltando” ou intermitente, mas o osciloscópio permite ver exatamente se o pulso está limpo ou se há ruído induzido, oscilação, instabilidade.
- Certifique-se de que o espaço entre a face sensora e os dentes da roda dentada está dentro das especificações (normalmente fração de milímetro; verifique no manual de serviço específico). Gap muito grande ou muito pequeno prejudica o sinal.
- Fios/chicote do sensor devem estar protegidos de calor excessivo do bloco / exaustão, isolamentos derretidos ou chicote exposto pode causar falhas intermitentes.
- Verificar aterramento da ECU do motor. Um terra ruim pode causar falhas de sinal ou variação na tensão de referência, gerando diagnósticos erráticos.
- Se a roda dentada estiver suja de óleo ou contaminantes metálicos, eles podem atrapalhar o sinal.
Procedimento Prático de Troca
- Desligar a bateria para segurança.
- Localizar o sensor de rotação do virabrequim.
- Desconectar conector elétrico. Marcar ou verificar orientação do sensor para evitar instalação invertida.
- Remover os parafusos que fixam o sensor. Observar vedação (se houver “O-ring” ou gaxeta), elevação de temperatura, deformação etc.
- Instalar novo sensor, garantir que fique bem firme, alinhado, com bom contato de vedação se aplicável. Aplicar torque conforme especificação do fabricante.
- Reconectar o conector, garantir que o chicote está bem posicionado, sem tensão ou próximo de partes móveis ou quentes sem proteção.
- Reconectar bateria, limpar códigos de falha com scanner.
- Testar partida, marcha lenta, aceleração. Verificar se houve anormalidades no RPM e se os códigos de falha não retornam.
Possíveis Códigos de Falha
- Embora as nomenclaturas possam variar conforme ano/modelo, ECU e software, aqui alguns que aparecem em diagnósticos relacionados:
- Falha de sinal do sensor de rotação (CKP error)
- Signalintermittente CKP / perda de referência, sensor de fase fora de especificação ou comunicação perdida com CMP
- Erro de sincronismo – ECU detecta descompasso entre CKP e CMP