Nesta matéria veremos o quanto é importante, além do diagnóstico com aparelhos adequados, questionar o cliente sobre seus hábitos de manutenção, o que poderá lhe dar diretrizes para a solução das falhas.
Um cliente trouxe à nossa oficina uma Volkswagen Saveiro 2011, relatando que a luz de avaria da injeção eletrônica estava acesa no painel. Informou-nos ainda que a falha ocorria quando trafegava em estradas, sempre após determinada quilometragem de percurso.
Para detectarmos o motivo da falha, realizamos a leitura do sistema de injeção (que neste veículo é a BOSCH 7.5.30) com o OBDBR2, mas nenhuma falha foi encontrada.
Em um primeiro momento, devido a não encontrarmos falhas registradas, decidimos trocar os bicos injetores de posição na flauta. Depois de montado, andamos com o veículo e a luz de injeção acendeu novamente. Realizando uma nova leitura com o scanner, este apontou falha no cilindro 1.
Conversando com o cliente, este relatou que o veículo possuía 80.000 km e nunca havia efetuado a troca de óleo do motor, apenas completava o nível. Conferindo o bico injetor correspondente, não havia nenhum erro de impedância, mesmo após o aparecimento da falha.
Neste sistema de injeção, há dois pulsos individuais para cada cilindro saindo da bobina de ignição, assim seria muito difícil apresentar problema na mesma.
Mas para cercarmos o defeito sem partir para grandes intervenções, verificamos se o erro poderia ser proveniente de uma falha na bobina de ignição.
Conforme descrevemos em nossa última matéria, em sistemas de injeção mais recentes, caso haja uma falha de ignição, o(s) bico(s) correspondente(s) àquela falha sofrerá (ão) corte de alimentação através da bobina.
O veículo foi colocado em teste novamente e apresentou o mesmo erro no cilindro número 1.
Pensamos então que o problema poderia ser na unidade de comando, o que seria muito raro neste sistema, já que nós nunca constatamos problemas em um único cilindro neste sistema de injeção Bosch. Como possuíamos uma unidade de comando equivalente em nossa empresa, partimos para a substituição da mesma, já que o defeito intermitente, como todos nós sabemos, é o de pior detecção para nós reparadores.
Fizemos adaptação no mesmo, colocamos o mesmo programa que estava no veículo, foi colocado novamente em teste e depois de alguns quilômetros rodados a luz acendeu novamente, apontando falha no mesmo cilindro.
Colocamos o osciloscópio no primeiro injetor para conferir os pulsos e, quando apresentava a falha, não chegava sinal da unidade de comando, mesmo após termos efetuado a troca da ECU.
Como descrevemos anteriormente, o proprietário do veículo nos informou que nunca havia efetuado uma troca de óleo do motor, apenas completado o nível. Assim, decidimos realizar testes mecânicos.
Conferimos o ponto mecânico e os sinais da roda fônica, e ambos estavam em ordem.
Em seguida, realizamos a medição da compressão do motor, e nesse teste também não foi encontrada nenhuma irregularidade.
A próxima etapa foi medir a vazão dos cilindros, e neste teste foi constatada uma pequena variação do primeiro cilindro em relação aos demais, mas nada que fosse tão elevado a ponto de ser o motivo da falha. Porém, como apresentou esta variação, resolvemos tirar o cabeçote do veículo. Depois de removido, constatamos a queima da válvula de escape do primeiro cilindro.
Como mostrado em equipamento abaixo.
Alguns reparadores não usam a ferramenta “medidor de vazão”, mas esta é muito útil em diagnósticos. Fizemos o cabeçote do mesmo trocando esta válvula e o veículo parou de falhar.
Conclusão
Quanto mais recente for o módulo, os fabricantes das unidades de comando integram novas tecnologias de processadores: mais rápidos e com novas estratégias de comparação de sinais de rotação (cruzando com detonação, depressão do coletor entre outros cruzamentos em si) estão conseguindo identificar uma pequena falha em um cilindro através das estratégias que são verificadas em cada volta do motor.
Aprendemos muito neste caso e tivemos a informação posteriormente de mais alguns casos parecidos, só que em veículos equipados com injeção 4GV da Marelli, que possui novo processador com características semelhantes às descritas para sistema 7.5.30.
Espero ter dado ajuda valiosa, pois logo em breve alguns companheiros podem se deparar com este defeito ou algo semelhante. Até a próxima.