Entenda como funciona este sofisticado mecanismo que reduz consumo e emissões de motores de grande cilindrada e que coloca estes grandões na linha do “ecologicamente correto”.
Introdução
Os principais fatores que nortearam o desenvolvimento de veículos desde os anos 80, foram:
Redução das emissões e diminuição do consumo de combustível
E isto, mantendo níveis de desempenho aceitáveis. Em grande parte esses objetivos foram atingidos com a aplicação intensiva de tecnologias de controle eletrônico. O motor foi o primeiro sistema automotivo a receber tais avanços tecnológicos.
Em particular, com relação às emissões, existem três fontes geradoras ligadas ao trem de força do veículo:
• Os gases de escape.
• A evaporação de combustível armazenado no tanque e na cuba do carburador (emissões evaporativas em ciclo Otto) e os vapores de combustível que escapam durante o reabastecimento.
• Os vapores de combustível não queimado, acumulados no cárter, resultantes do vazamento de mistura através da folga existente entre os anéis e as paredes dos cilindros.
Cabe salientar que, em paralelo com as emissões, a redução do consumo é o outro fator determinante da evolução tecnológica no desenvolvimento do motor de combustão interna.
É precisamente, durante a fase de projeto do motor que são implementadas as medidas específicas à redução de consumo.
Controle das Emissões no Escape
Em função dos prejuízos causados pelas emissões, e na procura de uma maior eficiência nos motores produzidos nos últimos anos, fez-se necessário o desenvolvimento de sistemas de controle mais sofisticados e precisos.
Os desenvolvimentos mais relevantes podem ser classificados em 4 grupos:
1. Os relacionados diretamente com o projeto do motor
2. Os relacionados com o sistema de admissão da carga
3. Os que fazem parte do sistema de pós-tratamento
4. Os relacionados ao uso de combustíveis alternativos
Um destes desenvolvimentos, relacionado com o projeto do motor, é o de desativação ou cancelamento de cilindro (cylinder shutoff).
Desativação de Cilindros
Principalmente aplicado em motores de 8 e 6 cilindros, este sistema tem por objetivo cancelar (desativar) cilindros mantendo as válvulas fechadas. Na maioria dos casos, são desativados um terço ou a metade dos cilindros. Desta forma, a desativação equivale a operar o veículo com um motor de menor cilindrada o que resulta em menor consumo e, consequentemente, na diminuição das emissões, principalmente, de CO2.
Durante a partida e alta carga, o motor opera com a totalidade dos cilindros. O cancelamento de cilindros nas condições de 1) carga parcial com velocidade estabilizada, 2) aceleração moderada ou 3) pendentes suaves, contribui para a economia de combustível.
O cancelamento consiste em manter as válvulas de admissão e de escape fechadas e, ao mesmo tempo, desativar a alimentação de combustível do cilindro cancelado.
A título de exemplo, será analisado o sistema aplicado em motores Honda 3.0/3.5 V6. Deriva do sistema VTEC de comando variável, que será abordado numa próxima edição.
O mecanismo de desativação (figura 1) consta do balancim de acionamento da válvula e do balancim de comando, este, por sua vez, acionado pelo ressalto do eixo comando. Um pino de engate, acionado hidraulicamente, produz o acoplamento do balancim da válvula com o de comando. A posição do pino, para ativar/desativar o cilindro, é controlada pela UC, através de uma válvula solenóide.
A diminuição no consumo resulta da eliminação das perdas de bombeamento correspondentes aos cilindros desativados como resultado de que estes não admitem ar. Ainda que a compressão de ar no cilindro fechado consuma potência, esta é, em grande parte, recuperada durante a expansão.
Por outro lado, as perdas de bombeamento nos cilindros ativos, também diminuem em função de que, para manter a potência requerida pelas condições de funcionamento, a borboleta deve abrir um ângulo maior; isto, com relação à posição que teria no caso do motor operar com todos os cilindros.