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Válvula EGR em motores diesel diminui a emissão de poluentes e dispensa uso do ARLA 32


Comum em veículos a gasolina, recirculação dos gases de escape passou a ser utilizada também em motores diesel. Veja seu funcionamento e conheça os problemas mais comuns

Por: Paulo Handa e André Silva - 19 de janeiro de 2015

Sérgio (a dir.) e Vladimir ao lado do caminhão Volkswagen Constellation 24-280Com a adoção da legislação ambiental PROCONVE P7, em vigor no Brasil desde 2012, os limites de emissão de poluentes por motores movidos a diesel foram reduzidos, com isso a exigência sobre as fabricantes de veículos e motores, bem como as produtoras de combustíveis aumentou, tornando necessário o uso de novas tecnologias que permitem atender os índices mais rígidos. Às últimas, foi determinada a redução do teor de enxofre presente no óleo diesel, que atualmente está em 10 partes por milhão, e é atendido pelo diesel com a designação “S10”. Já às montadoras coube a modernização dos propulsores a fim de atender os novos limites de emissão de material particulado e óxido de nitrogênio. Para conseguir isso, elas seguiram em duas frentes: a utilização do Arla 32, um reagente à base de ureia, injetado no sistema de escapamento dos veículos, que reduz drasticamente a emissão do óxido de nitrogênio NOx. Ou então o uso da válvula de recirculação dos gases de escape (EGR, na sigla em inglês), que como o próprio nome já diz, direciona os gases do escape para as câmaras de combustão em regimes pré-determinados de funcionamento, com o objetivo de reduzir a temperatura da combustão e consequentemente a formação do óxido de nitrogênio. Em geral a utilização da válvula EGR é mais comum em caminhões pequenos e médios, enquanto o reagente ARLA 32 é mais utilizado nos segmentos pesado e extrapesado.

As duas tecnologias possuem seus prós e contras, porém, a maior vantagem da válvula EGR é justamente dispensar o uso do ARLA 32 e com isso diminuir os custos operacionais do caminhão. Além disso, as fraudes e falsificações relacionadas ao reagente tornam-se impraticáveis em veículos equipados com válvula EGR.

Tendo em vista a importância da válvula EGR nos modernos motores movidos a diesel, fomos até a oficina SP Diesel, em São Paulo-SP, e conversamos com seu proprietário Sérgio Pereira e Vladimir Leme a fim de compreender melhor o seu funcionamento e descobrir os problemas mais comuns apresentados pelo componente.Moderno motor VW biturbo / Detalhe de uma das turbinasLogo de início, Sérgio salienta que este é um dos componentes com a maior incidência de problemas nos motores que atendem à legislação PROCONVE P7. Segundo o reparador, embora em geral estes motores sejam muito bem projetados e construídos, eles também são mais sensíveis à desatenção do proprietário ou condutor, e uma das principais causas de problemas nestes motores, segundo ele, é o abastecimento com óleo diesel adulterado. Além deste, outro fator que colabora com o aparecimento de problemas nestes motores mais modernos é o desrespeito aos prazos e aos procedimentos corretos de manutenção preventiva: “isso ocorre devido ao preço das peças e à especificidade da mão de obra, que encarecem o serviço e muitas vezes fazem o cliente adiá-lo, o que frequentemente leva ao surgimento de problemas graves e muito mais caros de resolver do que o custo da manutenção preventiva”, ressalta Sérgio. Ele também credita vários problemas à utilização da quilometragem como único critério para a realização da manutenção preventiva. Segundo ele ineficiente se levarmos em consideração as especificidades de cada operação: “a utilização de um simples “horímetro”, comum em máquinas agrícolas, bastaria para evitar muitos gastos com manutenção corretiva. Desde que as montadoras fornecessem os prazos corretos”, completa. Voltando à EGR, Vladimir diz: “esta válvula serve para reduzir a emissão de NOx através da recirculação dos gases de escape, ou seja, ela permite que o sistema de admissão aspire uma parte dos gases de escape em determinados regimes de funcionamento, com isso a temperatura nas câmaras de combustão diminui e por consequência também diminui a formação do NOx”. O reparador destaca que atualmente a válvula EGR é controlada pelo módulo de injeção, que determina a sua abertura em função de diversos fatores: “Basicamente ela é uma borboleta eletrônica, e assim como as borboletas eletrônicas dos veículos a gasolina, a EGR também sofre com a formação de depósitos em seu interior, que, às vezes, impedem o seu fechamento total, levando ao funcionamento irregular do motor, carbonização das câmaras de combustão e até mesmo pré-ignição”. Destaque para a proteção dos fios e componentes eletronicos / Filtro de óleo em refilPré-ignição, falta de potência e emissão de fumaça branca enquanto frio. Estes são os principais sintomas apresentados por um moderno caminhão Volkswagen Constellation 24-280 recém-chegado à SP Diesel. E, de acordo com ambos reparadores, estes são sintomas típicos de problemas na válvula EGR. Embora o veículo apresente estes sintomas, não havia nenhum registro gravado no módulo de injeção, o que segundo os reparadores apenas reforça a hipótese de problemas no sistema de recirculação. Vladimir diz que isso ocorre porque a entrada dos gases de escape na admissão não necessariamente, embora possa ocorrer, altera o funcionamento do motor a padrões não previsto na programação do sistema: “há uma alteração no funcionamento, a gente pode ver, mas os parâmetros registrados pelos diversos sensores do motor se situam dentro do mapa de injeção, de forma que o módulo de controle não registra essa alteração no funcionamento como um erro”.Parte superior do motor seis cilindros turbocomprimido / Válvula EGR com atuação controlada eletronicamenteQuestionados sobre se há, além da observação dos sintomas acima descritos, um método eficaz de diagnosticar assertivamente problemas na EGR, eles dizem que é possível através da leitura dos parâmetros dos sensores com auxílio de um scanner, ou então a análise dos gases de escape. Contudo, eles asseguram que, observados os sintomas típicos, a simples desmontagem da válvula e observação já é suficiente para constatar o problema. Para solucioná-lo, caso seja de fato decorrente da formação de depósitos, os reparadores recomendam efetuar a limpeza do componente, com o devido cuidado para não danificá-lo, principalmente a parte eletroeletrônica. Isso, garantem, resolve o problema na maioria das vezes.