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Reparador dá dicas de manutenção para a Kia Besta ser aprovada na Inspeção Veicular


Veículo é um dos considerados ‘problemáticos’ no teste realizado na cidade de São Paulo. Emissão de fumaça preta em excesso é uma das falhas mais comuns no modelo

Por: Fernando Naccari e Paulo Handa - 12 de agosto de 2013

Quem é do ramo sabe o quanto a Kia Besta é reprovada na Inspeção Veicular Ambiental da cidade de São Paulo. Diversos são os motivos, mas o principal deles é o excesso de emissão de fumaça preta.

Devido a essa demanda, fomos até a oficina Orion de São Paulo, especializada em veículos diesel. Lá encontramos um exemplar Kia Besta 2.7L 1998 que estava com 380.800km, o qual o reparador Rogério Tadeu da Silva nos contou como realizar os reparos necessários para adequar o veículo às normas ambientais vigentes.

“Atendo estes modelos desde 1995, portanto, posso dizer que ele já é um velho conhecido meu. Quase que diariamente encostam estes veículos em minha oficina para efetuar reparos comuns como troca de correias e manutenção do sistema de freios, mas a grande maioria vem para efetuar regulagens em bomba injetora para que este atenda os limites de emissões de poluentes”, afirmou Rogério.

“Este veículo não tem uma manutenção difícil, mas requer muita atenção em alguns pequenos detalhes que podem fazer a diferença”, completou.

“Para que possam ter uma ideia, minha oficina atende em média 120 veículos por mês e deste total, 40% são deste modelo”, disse Rogério.

“Outro item que tenho observado que tem aumentado a frequência do reparo é o sistema de transmissão. Por se tratar de uma van com tração dianteira e trabalhar com carga, o alto peso nessa região acaba danificando bastante a caixa de satélites, rolamentos de roda e freios dianteiros. Na caixa de satélites é bem perceptível o defeito, pois em curvas produz ‘ronco’ na parte inferior. Também ocorrem  com frequência reclamações de terceira marcha escapando, sendo necessária uma fresa nas engrenagens do câmbio”, disse Rogério.

ROTINA DE MANUTENÇÃO
“Os clientes destes veículos geralmente trabalham com serviços de transporte em quase sua totalidade com transporte escolar, portanto, praticamente 100% destes clientes só trazem os veículos quando quebram mesmo, pois alegam que não podem ficar parando o carro toda hora para trocar peças”, alegou Rogério.

“Este veículo chegou para efetuar a regulagem para ser aprovado na inspeção veicular, pois nas condições em que está ele não está preparado. Na verdade nem o carro e nem o cliente, pois  na maioria dos momentos em que comento das necessidades de manutenção do veículo ele não entende e não concorda. Determinados reparos são necessários para que o veículo seja aprovado na inspeção. Vazamentos de fluidos em geral, mangueiras ressecadas e fios descascados, por exemplo, são itens que interferem no resultado”, acrescentou Rogério.

REPAROS INDICADOS
Afinal, qual é a sequência de reparos que devemos efetuar nestes veículos para nos certificarmos que ele será aprovado na Inspeção Veicular Ambiental?

Foto 1Baseado nessa pergunta, o reparador Rogério nos citou quais as causas mais comuns de reprovação do modelo e, com estas, como o reparador deve proceder:

1) Faça a regulagem das válvulas (Foto 1), pois se estiverem desreguladas, podem provocar fumaça azulada. Este tipo de falha é motivo de rejeição do veículo na inspeção veicular. A regulagem correta das válvulas é de 0,30mm de folga na admissão e 0,40mm no escapamento, lembrando que esta deve ser feita com o motor frio sempre;

2) É muito importante verificar as regulagens da bomba injetora (Foto 2) e dos bicos injetores (Foto 3). Lembrando que o teste de emissão é feito na rotação de corte do motor e este deve emitir fumaça negra abaixo do limite recomendado (limite de opacidade);

Foto 2 e 33) Devido a resíduos que possam ficar no escapamento do veí­culo, sempre os removo e efetuo a lavagem do mesmo. Algumas oficinas optam pela substituição deste, mas não vejo a necessidade;

Foto 4

Foto 5

Foto 6Foto 7

4) Atentem-se às condições da vela de aquecimento (Foto 4). Se estas não estiverem funcionando corretamente, o motor terá dificuldade em dar partida mesmo acelerando e, por consequência, gerará carbonização das válvulas e do sistema de escape. Por este motivo sempre faço a manutenção na vela e logo em seguida levo o veículo para fazer a inspeção, para evitar que neste período haja nova carbonização e o veículo seja novamente reprovado;

5) Verifico que muitos veículos chegam aqui com a hélice (Foto 5) do sistema de arrefecimento travada (100% do tempo ligada) ou prestes a quebrar e este é um dos primeiros itens a ser verificado para a inspeção. Geralmente a travam por ser uma peça cara e difícil de encontrar. Esta hélice travada pode provocar graves acidentes ao operador no momento da aceleração, como também manter o motor trabalhando em regime não adequado de temperatura, causando carbonização excessiva e, por consequência, aumento no índice de opacidade. Mesmo com o custo elevado é um item que tem que receber a manutenção adequada;

6) Tenho pegado com frequência problemas de superaquecimento que danificam o cabeçote (Foto 6), tornando necessário retificá-lo. Isso ocorre nem tanto por descuido do proprietário, mas também por ter sido um projeto estrangeiro não bem adaptado ao nosso clima tropical;

7) É muito comum também veículos serem reprovados devido a remendos com fitas isolantes em mangueiras e fios desencapados (Foto 7). Não é um reparo trabalhoso, é até bem simples de resolver, mas não pode ser deixado para trás e os donos dos veículos devem entender a necessidade do reparo não só para que este seja aprovado, mas também para sua própria segurança e do motor também;

8) Por último, outro item de grande reprovação é referente ao nível do óleo do motor. Este deve SEMPRE estar entre as marcações de mínimo e máximo. Se estiverem fora dessa faixa, o veículo não passará!

PEÇAS E INFORMAÇÕES
“Gosto muito de reparar estes veículos e não possuo dificuldades em encontrar informações técnicas para realizar manutenções nele. No início as coisas foram bem difíceis, pois a montadora era nova no país e não passou nada para a comunidade de reparadores, portanto, se fosse depender da KIA eu estava em apuros. Tudo o que sei sobre a manutenção deste carro, posso dizer que foi ‘na raça’. E claro, o que não conseguia sozinho,  recorria a ajuda de outros reparadores mais experientes”, comentou Rogério.

 “Outro parceiro meu na hora de conseguir informações é a autopeças. Consigo muita coisa através dela como, por exemplo, alguns manuais de reparo. Com isso, 100% das peças que adquiro são através de autopeças e praticamente todos os itens que procuro tenho encontrado”, completou Rogério.

“Não depender das concessionárias para peças e informações técnicas que, ao meu ver nestas é bem carente, é um alívio!”, comentou o reparador Rogério.

“Quando por ventura um cliente exige peças de concessionárias, costumo orientar para que estes as comprem e tragam para que eu possa realizar o serviço. Não gosto do tipo de atendimento prestado pelas concessionárias”, finalizou Rogerio.