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Oficina de Guarulhos destrincha desgaste da embreagem do Caminhão Volvo FH 400


Problema é geralmente provocado pela deterioração do disco de embreagem; espessura do disco, detectadapelo scanner, mostra suas condições reais

Por: Paulo Handa - 13 de março de 2015

Equipe da Oficina do Profissional: a partir da esq., Élcio Ferreira dos Santos, Priscila Collodetti Guimarães, Emerson Ferreira dos Santos e David Ferreira Sena. No destaque o Caminhão Volvo FH 400 I Shift, 2010O Jornal Oficina Brasil esteve em Guarulhos, na Oficina do Profissional, de propriedade de Emerson Ferreira dos Santos, 33, que desde a adolescência se dedica à reparação automotiva. Ele iniciou a carreira com 15 anos e ressalta a importância de passar pelos diversos estágios de aprendizado, principalmente na área dos pesados: lavador de peças, mecânico iniciante, mecânico C, B, até se tornar um profissional qualificado, e tudo isso somado a treinamentos na área técnica, comercial e gerencial.

“Os garotos de hoje frequentam mais as escolas técnicas, que dão uma boa base ao início de carreira, mas muitos não querem passar pelas etapas que passamos. Percebo que parte da essência de nossa profissão está se perdendo com esta nova geração, que pensa somente no valor agregado de salários, e não em ser mecânico”, relata Emerson.

O profissional relembra que, após o início de carreira, lavou muitas peças, limpou muito chão de oficina, por dois anos, e, aos 17, já trabalhava em uma transportadora. “Nos anos 2000, entrei na primeira concessionária da Mercedes e lá minha carreira alavancou, pois unindo a minha prática aos treinamentos oferecidos pela marca, me aperfeiçoei muito. Frequentei todos os treinamentos que me ofereceram e me apliquei muito”, lembra.

Emerson explica que, a partir daquele momento, sua carreira se alavancou e ele trabalhou em quase todas as marcas. Depois de alguns anos, se formou no curso superior em Gestão, e foi convidado a trabalhar como chefe de oficina na concessionária da Volvo. Já havia, então, conquistado o título de técnico em diagnose, passados cinco anos e com o incentivo de sua esposa Priscila Collodetti Guimarães, 30. Abriu sua Oficina que é denominada Oficina do Profissional em 2014, em Guarulhos, na Via Dutra. Vista interna de uma transmissão automatizada Volvo com I Shift: é como uma transmissão mecânica normalNesta edição, será detalhado o desgaste do sistema de embreagem da transmissão automatizada que equipa este modelo de Volvo I Shift 2010, com 895.350 km rodados e motor seis cilindros em linha de 13 litros, turbo de 400 HP.

O caminhão foi montado em Curitiba, Paraná, e algumas peças foram lá fabricadas. Emerson relata que não viu ainda um caminhão com melhor custo-benefício.

Como na linha leve, este sistema é muito confundido com a transmissão automática. O sistema automatizado é uma transmissão convencional mecânica, que possui um robô que aciona o sistema de embreagem, para que o condutor tenha mais conforto em dirigir o veículo.

Já na transmissão automática, a proposta é totalmente diferente: existem pacotes de embreagens para cada marcha a ser acionada, e o sistema mecânico está junto ao sistema hidráulico.

“Atendo, em média, uns oito caminhões por mês, entre manutenções preventivas e corretivas, e este em específico está aqui por um problema no engate das marchas – em alguns casos, provocado pelo desgaste do disco de embreagem e detectado pelo scanner”, explica Emerson.Sistema de embreagem FH 400 com desgaste – platô, disco e rolamento / A espessura do disco vista através de scanners geralmente reflete a realidade de desgaste, como observadoO reparador Élcio Ferreira dos Santos, 28, atua há mais de dez anos na reparação automotiva e trabalha na Oficina do Profissional desde a sua fundação. Segundo ele, a substituição da embreagem que equipa o caminhão DH 400 com sistema I-shift foi necessária, “pois o condutor começou a sentir trancos ao mudar as marchas e, ao passar no scanner, o mesmo dá o percentual de desgaste do disco e a sua espessura, e com essa informação temos a certeza de que o disco deve ser trocado”.

A remoção desta embreagem não é considerada difícil pelos profissionais. “Também temos que considerar que é um pesadão, então todo cuidado é pouco e, em algumas situações, temos que trabalhar em equipe, como para remover o cardã”, afirma Élcio: uma pessoa tem que segurar com uma corda o cardã e, a outra, remover os parafusos para não causar danos ao componente.

Élcio Ferreira dos Santos explica que a substituição da embreagem foi necessária, pois o condutor sentia trancos ao mudar as marchas

O desgaste dos componentes da embreagem (disco, platô e rolamento) começa a ser sentido pelo corpo robótico. Como consequência, atrasa o engate de marchas, provocando um tranco que, se o condutor persistir, poderá causar danos mais sérios à transmissão e ao diferencial. “Tratando-se de um pesadão, o prejuízo é certo: por isso, quando for observado qualquer defeito no engate, siga o procedimento de diagnóstico prescrito e, se necessária, a substituição dos componentes para o reparo ser feito o mais rápido possível”, finaliza Emerson.

Neste caso, há um sistema de corpo de válvulas e uma ECU que, conforme a rotação do motor, carga e velocidade, atuam para mudar as 12 marchas, sem que o condutor tenha o desconforto em pisar no pedal de embreagem todas as vezes que se fizer necessário reduzir ou aumentar as marchas. Isso torna o sistema de embreagem mais eficiente e mais autônomo. 

INFORMAÇÃO TÉCNICA
“Quando trabalhava na rede autorizada realmente, não me preocupava, pois as informações vinham naturalmente. Quando me vi do lado de cá da reparação independente, relato que estou muito preocupado com esta questão”, afirma Emerson.

Ele explica que, em conversa com os colegas de rede, soube de que este novo modelo está totalmente diferente em relação ao seu antecessor, principalmente a parte eletrônica.

“Como isso é muito recente, estou traçando uma estratégia de atualização que, com certeza, envolverá os meus amigos, internet e até treinamentos no exterior”, afirma Emerson.Corpo de válvulas do sistema I Shift Volvo FH 400 / Solenoides do corpo de válvulas do Volvo FH 400 com sistema I Shift

PEÇAS DE REPOSIÇÃO
O proprietário da Oficina do Profissional se diz realista quanto às peças Volvo, “caríssimas em comparação às do mercado independente, além de não as encontrarmos com facilidade”.

Porém, Emerson explica que sua durabilidade e a perfeição, no momento de colocá-las, são incomparáveis: “Acredito que qualquer reparador profissional não vá arriscar, em um caminhão de mais de uma tonelada, colocar peças só pelo preço. O que também ajuda é que o dono do caminhão, geralmente transportadoras renomadas, sabe fazer contas e chega à conclusão de que as peças originais são mais caras, mas o custo-benefício é compatível”, relata.

Por isso, 95% das peças que ele usa neste modelo são originais,ele arrisca apenas em 5%, e em peças como lonas de freios, pastilhas, e alguns filtros, que também são de fabricantes renomados.