A Scania Latin America promoveu no mês passado o 1º Workshop Scania de Conceitos Básicos em Transporte com Caminhões Pesados, com objetivo de informar especificações técnicas e características dos motores, transmissão, suspensão, freios, tipos de carrocerias, inovações da marca, legislação vigente, entre outros, dos veículos da marca. Segundo o gerente da Engenharia de Vendas da Scania no Brasil, Celso Mendonça, é comum algumas mídias apresentarem resultados duvidosos em comparativos com outras marcas de caminhões. “Este fato não é culpa do jornalista, mas sim falta de atenção por parte da própria montadora em conseguir transmitir o máximo de informações que serão pertinentes à matéria em questão”, afirma.
Um dos principais destaques abordados foram os sistemas Opticruise e Turbocompound Scania. Vamos saber em detalhes o que faz e quais os benefícios de cada um.
Opticruise
Se conduzir um veículo de 5 marchas já parece algo desconfortável no trânsito do dia-a-dia, imagine um equipado com 14! Pois é, os caminhões pesados da Scania podem chegar a ter 14 marchas à frente + 1 reversa (ré). Pensando na necessidade de oferecer uma solução que, além de garantir o conforto do condutor, melhore o consumo de combustível, proteja a embreagem, caixa de marchas, cardã e diferencial, a montadora Sueca desenvolveu o sistema Opticruise, que consiste na troca automatizada de marchas, porém em uma caixa mecânica.

Caixa equipada com Opticruise
O sistema funciona da seguinte maneira: um sofisticado software coleta as principais informações de funcionamento, tais como rotação do motor, velocidade do veículo, marcha engatada, posição do acelerador etc. Após a combinação das informações através de cálculos matemáticos em tempo real, o sistema sabe se o veículo está subindo ou descendo um morro, além de escolher a melhor marcha possível (dentro da faixa de torque máximo, que no motor 12 litros de 470cv varia de 1100 a 1500 rpm), por exemplo.
Desta maneira nenhuma marcha é “pulada”, fato comum decorrente do cansaço do motorista, que engata uma marcha acima da ideal e compensa no acelerador (pé na tábua). Essa atitude compromete o consumo de combustível, força o pacote torcional da embreagem (que vai ao limite), transmissão etc.
Além das vantagens operacionais do Opticruise, a cabina ganha em espaço, pois a alavanca de mudança de marchas não é necessária. No lugar dela, o assoalho é fechado e as funções de escolha da marcha à frente ou reversa é feita no comutador do volante (semelhante a uma chave de setas).
No momento da condução o motorista necessita acionar o pedal da embreagem apenas no momento da saída ou parada do caminhão. Esta operação diminui em 95% a necessidade de pisar no pedal em comparação a um caminhão equipado com caixa convencional.
Quem calcula os custos operacionais da frota por km rodado, opta pelo opcional Opticruise, pois a diferença gasta a mais, em comparação a uma caixa convencional, é recuperada com a economia de combustível (na ordem dos 5%) e demais componentes (embreagem, desgastes da caixa de marchas e diferencial etc.).
Turbocompound
Os caminhões utilizam o turbocompressor há anos, sendo que o imenso volume de gás de escape era “jogado fora”, para a atmosfera, após a passagem pela carcaça quente (turbina).
Para garantir o máximo aproveitamento deste volume de gás, os engenheiros da Scania desenvolveram a tecnologia Turbocompound, que significa turbo composto.
Turbocompound vista externa
Turbocompound em ação
A própria palavra já explica o princípio de funcionamento, ou seja, o caminhão possuirá o turbocompressor convencional (compressor frio + turbina/carcaça quente) e uma segunda turbina quente, que aproveitará novamente os gases de escape para girar um 2° eixo, que ao invés de ser ligado a um compressor (carcaça fria), é interligado a um conversor de torque, que por sua vez multiplica e transmite a força através de uma engrenagem, a qual impulsiona a engrenagem entalhada na árvore de manivelas (virabrequim), contribuindo para o maior desempenho do motor.
Em motores de 12 litros o sistema permite um ganho de aproximadamente 100 Nm de torque e 30cv de potência. É um ganho e tanto se pensarmos que esta energia era desperdiçada após o trabalho na 1ª turbina.
Veja acima a vista externa e em ação do Turbocompound.