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Mitsubishi L200 Sport 2.5 diesel apresentou quebra da ponta do virabrequim


Segundo o reparador, este é um defeito comum no modelo que, em sua opinião, foi mal projetado para o porte do veículo. Substituição desta por peça da Hyundai HR pode ser ainda mais um problema, mesmo sendo intercambiáveis

Por: Fernando Naccari e Paulo Handa - 10 de dezembro de 2013


Encontramos uma Mitsubishi L200 Sport 2010 2.5 de 141cv com 150.360km (Foto 1) apresentando um defeito interno ao motor. Conversamos assim com o reparador Adolfo Ribeiro Silva que, com 4 anos de profissão, já é um dos responsáveis pelos reparos em motores diesel na mecânica Diamantes, situada em São Caetano do Sul-SP.

“Este cliente é um dos nossos mais fiéis! Ele frequenta nossa oficina desde quando seu veículo era 0km”, disse Adolfo.

Falamos também com o proprietário da oficina, Erley Ayala (Foto 2) que nos confidenciou: “Somos uma oficina especializada em veículos Mitsubishi e já preparamos veículos que disputariam o Rally dos Sertões. Em três oportunidades estes foram campeões e isso nos deixa muito orgulhosos do nosso trabalho”.

A FALHA

“A quebra da ponta do virabrequim (Foto 3) é um defeito bastante comum neste modelo. Neste caso, foi necessária, inclusive, uma retífica completa do motor. Geralmente, a durabilidade ainda se faz mais reduzida quando utilizam o virabrequim da HR que, embora tenham os motores muito semelhantes e fabricados pelo mesmo grupo, possuem resistências e aplicações diferentes”, explicou Adolfo.

“Este é um dos principais defeitos da L200. Devido à introdução dos sistemas de conforto, emissões e potência, a Mitsubishi foi agregando componentes ao motor e na polia harmônica que, no início de sua construção foi projetada para certa quantidade de equipamentos e para suportar uma quantidade de peso para tracionar, mas isto foi crescendo e o projeto não foi melhorado”, disse Erley. (Foto 4)

Erley ainda acrescentou: “A picape cresceu demais e praticamente teve seu peso dobrado para o que o virabrequim foi projetado. Assim, se faz necessário no momento de uma intervenção substituir o parafuso de fixação da polia e torqueá-lo adequadamente com 100Nm, mais 90° e depois mais 90° de torque angular. Se não adotarmos esta medida, a polia corre o risco de se soltar com a alta rotação que este atinge, já que não é comum um motor diesel chegar a 4.500rpm. Nesta situação, ocorrem muitas vibrações e se não tomarmos estes cuidados, a polia também acaba se soltando, deteriorando a chaveta. A medida que isso aumenta de intensidade, a fadiga acaba quebrando o virabrequim em sua ponta”.

Para evitar que o problema tome grandes proporções como neste caso, Erley deu uma dica: “Um dos indícios que apontam que o problema irá acontecer é quando começa a vazar óleo pela ponta do virabrequim. Com a vibração, atrás da polia há uma engrenagem que traciona a luva da bomba de óleo do motor que costuma quebrar, causando barulho e o vazamento, sendo um sinal de que há algo de muito errado acontecendo. Se insistirmos com a falha, o virabrequim fatalmente irá quebrar”.

Esta polia ainda tem uma particularidade que agrava o problema. Segundo Erley, esta possui um dâmper (polia maior de borracha prensada em volta de outra polia menor) que com altas rotações e vibrações, perde o balanceamento, fazendo com que a polia maior se desloque um pouco, mas o suficiente para que esta vibração se intensifique ainda mais, e por consequência a vibração também aumente”.

PEÇAS E INFORMAÇÕES

Sobre essas duas vertentes de vital importância à eficácia dos reparos nas oficinas independentes, os reparadores opinaram conforme vemos a seguir:

“Infelizmente, algumas peças preciso adquirir as originais. Peças como jogos de juntas do motor, bronzinas de mancal de biela, bielas, válvulas de cabeçote e virabrequim, são aparentemente idênticas às fornecidas no mercado paralelo, mas sua durabilidade é muito reduzida quando comparadas às originais. Devido a isso, minha rotina de compra nas oficinas é de 50% em concessionárias e os outros 50% no mercado de auto peças, mas somente em itens como óleos, filtros e similares, para este último caso”, disse Adolfo.

“Para evitar demoras na chegada das peças, procuro manter um estoque das peças mais suscetíveis a falhas”, acrescentou Erley.

“As peças utilizadas no motor da Hyundai HR são compatíveis com as deste motor e, na grande maioria das vezes, são bem mais baratas. Mas como sabemos que não existem milagres, já notamos que quando as utilizamos a durabilidade cai significativamente. Assim, deixamos o poder de decisão por conta do cliente. Se ele optar pela durabilidade, utilizará as peças mais caras da Mitsubishi, porém, se optar pelo menor preço, utilizará as da Hyundai, sob a ciência de que não durarão a mesma coisa”, explicou Erley.

“Para conseguir informações técnicas da Mitsubishi não é nada fácil, porém, como preparo carros para rally, tenho esse caminho mais aberto, mas reconheço que o reparador que necessitar de algo, terá grande dificuldade em consegui-lo. Se não possuir algum contato em concessionárias, só conseguirá informações através de manuais de fora do nosso país”, disse Erley.

CONCLUSÃO

Conforme observamos, este é um defeito que tem acompanhado as L200 com essa motorização. Como dito pelo reparador, além do defeito ser recorrente, é causado por alguma falha de projeto que, um hora ou outra vai acontecer com todas essas picapes.

Como agravante, o item mais barato na reposição é fornecido pela Hyundai, por ser idêntico o da HR, mas possui baixa durabilidade e confiablidade.