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Feita para a terra: L200 Triton é robusta, mas tem falhas que merecem cuidado do reparador


Colocamos à prova à qualidade da picape através de um raio-X de seus componentes e tiramos a dúvida: foi feita para passear no shopping ou enfrentar uma trilha?

Por: Da Redação - 13 de junho de 2014

Com fama de carro de rali, a L200 adquiriu a posição de ser um dos veículos considerados mais resistentes do mercado. Com um modelo robusto, sendo também confortável para ser utilizado no transporte urbano, a picape faz sucesso entre os consumidores. Diante deste fator, avaliamos a Mitsubishi Triton na oficina “Atacama 4x4”, especializada em veículos off-road, localizada no bairro da Vila Maria, na zona norte de São Paulo, onde os profissionais apontam seus principais pontos fortes e fracos.

Para nos ajudar com a produção do conteúdo técnico desta matéria, contamos com os reparadores Rodrigo Adolfo Mera Junior (proprietário da oficina) e seu colaborador Anderson Rodrigues, que há mais de 6 anos trabalha no local (FOTO 1).

Foto 1

A Mitsubishi L200 Triton Savana, ano 2013, testada pela equipe da oficina, estava apenas com 9.049 km rodados. Segundo o reparador Junior, o veículo possui um pacote de modificações que apresentam características mais fora-de-estrada do que urbano. Com mesmo motor diesel de outras versões, o 3.2 16V DOHC turbo, com common-rail e intercooler, e potência de 170cv a 3.500 rpm e torque de 35kgfm a 2.000 rpm, sendo considerado um carro ideal para enfrentar trilhas.

“A maioria de nossos clientes possuem veículos com estas características e são novos, dentro do prazo de garantia. Eles reclamam que as concessionárias não estão preparadas para atender carros que realizam expedições ou viagens off-road. Nossa oficina é especialista neste nicho de mercado e já possuímos o conhecimento dos defeitos que essa aventura pode causar”, diz Junior.

O reparador nos informou que na oficina é realizado o processo de “raio-x” do veículo, como uma maneira de manutenção preventiva antes de cada expedição. O mesmo sistema é feito quando um carro chega pela primeira vez para revisão. “Neste procedimento [raio x] temos um controle melhor do histórico de falhas do veículo em geral, pois ficamos cientes dos problemas que o mesmo tinha antes de chegar aqui e os benefícios que conseguimos alcançar com o nosso trabalho”, acrescentou Junior.

INÍCIO DO “RAIO-X”

A análise começa pela parte inferior do veículo, onde é verificado primeiramente sobre o correto funcionamento dos freios e sua durabilidade, em seguida, verificam-se o chassis e suspensão.

1° Passo - Freios - Na checagem visual do sistema de freios conferimos as condições das pastilhas e discos. Também verificamos se há vazamentos no sistema. Observe nas fotos 2 e 2A.

Foto 2 e Foto 2A

Anderson nos orientou que ao verificar o sistema de freio traseiro (FOTO 2B) devemos conferir possíveis vazamentos internos do cilindro de freio (burrinho). “Este vazamento só é identificado fazendo a remoção parcial do retentor do cilindro, pois o líquido fica retido dentro da peça e não gera o gotejamento habitual”.

2° Passo – Embuchamento da Suspensão - Verificamos as condições das buchas de bandejas (FOTO 3), batentes de mola e vazamento de amortecedores (FOTO 3A). Anderson explicou que essas peças são as mais afetadas durante a realização de uma trilha. O reparador disse ainda que o veículo roda por todos os tipos de terrenos e fica exposto a condições severas de uso, e por estas razões, a vida útil dos componentes acaba sendo reduzida.

Foto 2B, Foto 3 e Foto 3A

 3° Passo – Busca de vazamento através dos diferenciais

Anderson comentou que algumas ações como passar em trechos formados por rios e lagos, podem acarretar a contaminação do óleo dos diferenciais traseiro e dianteiro. Por conta disto, é necessário sempre verificar as condições do óleo referente a seu nível e qualidade, pois o possível contato com a água pode causar danos irreversíveis ao lubrificante.

Nas fotos 4 e 4A observamos o reparador realizando o procedimento de análise do diferencial dianteiro. Já na foto 5, é mostrado o procedimento no diferencial traseiro.

Foto 4 e Foto 4A

4° Passo – Análise do eixo Cardã - Segundo o reparador, o rolamento da cruzeta do eixo cardan (FOTOS 6 e 6A) deste veículo, em algumas situações severas, acabam quebrando causando assim um barulho muito alto.“Devemos sempre nos atentar a este componente, verificando suas condições e também a folga entre o eixo e o flange, principalmente após a realização das trilhas”.

Foto 5 e Foto 6

Foto 6A

5º Passo - Diagnóstico de vazamentos da caixa de câmbio - Normalmente na oficina é realizada apenas uma análise em busca de vazamentos e verificações das condições de qualidade e nível do óleo (FOTO 7 e 7A). Porém, caso o cliente reclame de algum problema no sistema, Anderson afirma que o diagnóstico torna-se mais completo e os especialistas removem e desmontam a caixa em busca do problema.

Foto 7

“O coxim do suporte da caixa de câmbio (FOTO 8) apresenta um desgaste prematuro de acordo com a frequência das trilhas que o veículo realiza. Vale a pena, sempre conferir as condições da peça quando realizar este raio-X”, acrescentou Anderson.

Foto 7A e Foto 8

 6° Passo – Análise dos Coxins da suspensão do veículo - O especialista reforça que, dentre todas as verificações na oficina, uma das mais importantes é a revisão das condições dos coxins. “Estes componentes ficarão expostos às condições altamente severas dos diversos tipos de terrenos. Sendo assim, os coxins sofrerão fortes impactos no caminho percorrido. Por conta disto, em qualquer suspeita de dano, deve-se trocar os coxins”, afirma Anderson.

7º Passo - Conferir danos e deformidades no chassis - De acordo com o proprietário da oficina, Adolfo Mera Junior, ainda devido à utilização extrema do veículo, em alguns casos pode ocorrer à deformação do chassi. Sendo assim é necessário conferir esta parte estrutural antes de realizar qualquer atividade fora-de-estrada, ou quanto retornar da mesma.

8º Passo – Enfim, o motor da L200 Triton - Chegamos ao ponto mais crítico do sistema, a análise do motor. Segundo Anderson, esta é a parte principal do Raio-X, pois deve ser investigada qualquer suspeita de defeito. Nesta verificação, o reparador inicia a busca por problemas, conferindo locais de possíveis vazamentos (conforme foto 9). Nesta imagem, os principais componentes que podem apresentar a falha são os retentores do volante (parte traseira inferior do motor) e a polia (parte dianteira inferior do motor).

Foto 9

 Para estas verificações, Anderson comentou que devemos selar o sistema de arrefecimento e colocar pressão através de uma bomba manual (FOTO 10). “Aconselho esperar 20 minutos para certificar que a pressão se manteve estável, caso isso não ocorra, há algum vazamento dentro deste sistema”.

Foto 10

Este motor, mesmo sendo um 3.2 diesel, ainda possui correia dentada. Neste caso, Anderson esclareceu que devemos estar atentos às condições desta, pois qualquer evidência de danos, as consequências desastrosas com o motor serão incontáveis.

Na edição de dezembro de 2013, fizemos uma matéria com uma L200 equipada com motor 2.5 diesel, onde os reparadores relataram que convivem com uma falha comum no modelo: a quebra da ponta do virabrequim. Questionamos o reparador Anderson para saber se neste modelo a falha também ocorre, e ele comentou que esta versão não traz mais essa preocupação. “Nos motores 2.5 à bomba injetora essa falha era bem comum, mas a partir do lançamento deste 3.2 common rail nunca mais tivemos este problema”.

AVALIAÇÃO GERAL

Ambos os reparadores elogiariam o conjunto geral do veículo. “O L200 é um carro que consegue “segurar o tranco”, pois foi desenvolvido  para enfrentar a terra e, o pessoal que comprar um destes para passear por aí, estão jogando dinheiro fora”, disse Junior.

Os pontos negativos ficam por conta de diversos problemas recorrentes com a cruzeta do cardã que, em muitos casos, acaba danificando precocemente. A pior parte é a grande dificuldade em conseguir informações técnicas junto à montadora. “Eu possuo uma boa amizade com diversos chefes de oficinas de concessionarias Mitsubishi e isso facilita muito as coisas. Porém, para quem quiser começar um trabalho e tentar o acesso à essas informações, verá que a divulgação é muito restrita”, relata Junior.

Quando questionamos os reparadores sobre aquisição de novas peças e abordamos a linha de peças MITRENOVA (peças remanufaturadas oferecidas pela própria montadora), ambos fizeram cara feia e Junior foi incisivo na resposta. “Não trabalhamos com peças de segunda linha, o custo de qualquer componente desde veículo é muito alto. Compramos somente peças originais ou em alguns casos exclusivamente genuínas tiradas da própria concessionária. Não vamos correr o risco de pagar por um retrabalho ou até mesmo uma nova peça”.

LEGENDA

L200 Triton é colocada à prova pelos reparadores especializados em off-road

Junior a direita e Anderson Rodrigues, colaborador de sua oficina