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Câmbio da Renault Master é simples e não trará dificuldades nas oficinas independentes


Atendendo a pedidos de nossos leitores que possuíam dúvidas no reparo deste, daremos inicio a uma série de três matérias em que abordaremos os procedimentos de desmontagem, avaliação e montagem desta transmissão

Por: Fernando Naccari e Paulo Handa - 14 de outubro de 2014

A Renault Master atingiu uma marca importante no mês de Agosto de 2014: 1.193 unidades emplacadas, ultrapassando as concorrentes Fiat Ducato com 857 unidades e MB Sprinter com apenas 263.

Com este número expressivo e atual liderança do mercado, a Master é uma das vans que mais frequentam as oficinas independentes de nosso país, o que se explica o número de dúvidas que os reparadores possuem acerca de alguns detalhes de sua manutenção. 

Dessa maneira, um dos itens que mais despertam o interesse dos profissionais é a transmissão de seis velocidades da Master 2.4 DCi fabricados a partir do ano de 2013. Apesar das dúvidas, o conjunto tem como trunfo ser um exemplo de engenharia simples que funciona bem. Essa qualidade se estende ao ponto de sua manutenção também ser bastante simples, apesar de possuir alguns novos detalhes e tecnologias perante à comercializada anteriormente.

Para colaborar com nossa grande comunidade, todo procedimento de reparo foi elaborado de acordo com o depoimento do professor Melsi Maran que ministra aulas na unidade do SENAI- Conde José Vicente de Azevedo, localizada no bairro do Ipiranga na capital de São Paulo.

O câmbio que será desmontado foi concedido pelo SENAI em parceria com a Renault, e serve como material de treinamento das turmas da escola. É uma caixa de transmissão compacta de seis marchas e possui uma característica ainda nova no mercado, na qual adota o conceito de 2 pinhões acoplados à coroa do diferencial. 

Antes de iniciarmos os procedimentos de desmontagem, Melsi nos conta que devemos realizar a limpeza da peça quando esta for retirada do veículo, retirando todo tipo de sujeira e óleo ainda presentes. “Isso evita que impurezas entrem em contato com os componentes internos e gerem desgastes prematuro e mal funcionamento posterior”. 

DESMONTAGEM
O procedimento a seguir é o indicado pelo profissional Melsi Maran. Acompanhe:
1° Passo – Retire o pino elástico (FOTO 1) que fixa a alavanca seletora ao eixo seletor de marchas. Recomenda-se a utilização de um ‘saca-pinos’ (FOTO 1A) para evitar que a peça seja danificada;

Foto 1 e Foto 1A2° Passo – Solte o suporte dos cabos de seleção e engate (FOTO 2). Este é fixado através de 3 parafusos;

Foto 23° Passo – De maneira alternada, solte os parafusos que fixam a capa da caixa de transmissão. Esse procedimento é importante para evitar qualquer tipo de dano e diminui o risco de empenamento da peça;

DICAS IMPORTANTES 
- Lembre que,  para sacar a tampa da caixa de transmissão, é necessário apoiar a alavanca nos pontos determinados (FOTO 3) para também evitar deformação da peça;

Foto 3- Com a tampa da caixa completamente retirada do corpo, engate a 4ª Marcha (FOTO 4), pois isso fará com que ela saia facilmente. Caso não realize este procedimento o processo de retirada se torna muito mais difícil;

- Nesta caixa de transmissão não há ‘dispositivo retém’. Nele há um eixo seletor (FOTO 5) que se desloca entre a abertura das alavancas de engate;

Foto 4 e Foto 5- O câmbio possui dois eixos secundários, nos quais dois pinhões trabalham diretamente ligados à coroa (FOTO 6). 

 4° Passo – Para retirar a haste seletora, desencaixe a mola de sua base (FOTO 7). Este componente tem a função de manter a haste na posição de 3ª e 4ª marcha quando retiramos a capa da caixa de transmissão;

Foto 6 e Foto 75° Passo  – Retire o conjunto de alavancas (FOTO 8) que faz o engate junto ao garfo da 5ª, 6ª e 1ª marchas; 

6° Passo – Inicie o processo de remoção do primeiro conjunto de engrenagens da árvore secundária juntamente com o respectivo garfo de engate, neste caso, pela árvore da marcha ré, 3ª e 4ª (FOTO 9). Em seguida, solte o conjunto da 1ª, 2ª, 5ª e 6ª associado à árvore primária (FOTO 10); 

Foto 8 e Foto 9

7° Passo – Agora, resta somente a carcaça do conjunto da coroa do diferencial (FOTO 11). Para remover o diferencial basta puxá-lo para cima;

Foto 10 e Foto 11IMPORTANTE: Com a carcaça vazia, verifique as folgas entre os anéis dos rolamentos internos.

NOTA -  Neste conjunto, na parte de contato interno, há uma ligação com a coroa (FOTO 12) que trabalha agregada ao pinhão do velocímetro (FOTO 12A). Deve-se observar se este não está amassado. Caso esteja, no ato da montagem, será necessária a troca do componente. 
Foto 12 e Foto 12ADesmontagem das árvores primárias e segundárias

8° Passo – Inicie sempre pela engrenagem movida da 1ª marcha. Para realizar este procedimento é necessária a utilização de uma ferramenta especial de fixação (FOTO 13), sendo que ela deve estar apoiada abaixo da engrenagem sem tocar os dentes do anel sincronizador, pois este apoio pode danificá-los;

9° Passo – Desmontagem da árvore secundária retirando a trava elástica do rolamento cônico superior (FOTO 14). Após a remoção do componente, leve o eixo até a prensa em que é possível fazer a remoção tanto do rolamento quanto da engrenagem da 1ªmarcha (FOTO 14A); 

Foto 13 e Foto 14A

Foto 14B

  DICAS DO MELSI 
- Quando for fazer qualquer desmontagem, mantenha as peças organizadas na ordem, pois dessa maneira ficará facilitado o processo de montagem;

- Segure o conjunto na parte inferior enquanto estiver sobre a carga da prensa. Desta maneira não há risco d nenhum componente cair e ser danificado.

10° Passo – Separe o conjunto sincronizador da 1ªmarcha. Ele é composto por três anéis (FOTO 15);

11° Passo – Remova o conjunto sincronizador da 2ª marcha. Verifique que este componente possui a pista do rolamento da 1ªmarcha e as duas engrenagens da 2ª marcha (FOTO 16); 

Foto 15 e Foto 16A12° Passo – Agora retire o conjunto da 5ª e 6ª velocidades. Elas também são removidas com interferência através de uma prensa, no entanto, verifique que estas engrenagens são bem menores e devemos ficar atentos com o ponto de apoio da prensa para não danificar o conjunto; 

Observe que, após retirar este conjunto, ele possui duas molas que tem a função de pressionar o anel sincronizador em direção da engrenagem. Recomenda-se que sempre que for feita qualquer manutenção nesta árvore secundária as peças sejam substituídas.

Melsi ainda nos contou que as peças possuem um lado correto de trabalho. “Ao remover qualquer com¬ponente nos quais as faces tanto superior como inferior sejam semelhantes, não esqueça de marcar qual o lado que o conjunto trabalha”.

Na próxima edição continuaremos com o processo de desmontagem da árvore secundária da 3ª, 4ª marcha e ré além de demonstrar os procedimentos corretos para diagnóstico de possíveis falhas no conjunto. Até lá!