Notícias
Vídeos
Fórum
Assine
O veículo sofreu uma colisão na traseira e com isso o conjunto trem de força foi deslocado para frente
A Auto Mecânica Vilela, situada na zona leste de São Paulo e pertencente ao reparador Levi Vilela, recebeu um Volvo FH12 motor D13A de 400cv ano 2007 que recentemente havia sido recuperado de uma colisão na parte traseira, acarretando uma série de problemas mecânicos, incluindo um alto ruído metálico quando em funcionamento. Além dos reparos corretivos, foram trocadas também peças para manutenção preventiva.
Motor
O motor que equipa a unidade avaliada é o D13A de 400cv com injeção eletrônica direta. Esta série de 13 litros pode ser capaz de gerar também 440cv, 480cv ou 520cv em outras versões de caminhões da linha FH. Trata-se de um projeto europeu, de alta tecnologia e robustez.
Devido o caminhão ter sido envolvido em um acidente que o atingiu na parte traseira, o conjunto trem de força foi ligeiramente deslocado para frente, ocasionando a quebra de diversos itens, como coxins e suportes do motor, sensor de pressão do turbo localizado no coletor de admissão, que permitia a perda de pressão de sobrealimentação, pescador de óleo do carter feito em material plástico, conectores elétricos e por último, a principal e mais onerosa avaria, o desalinhamento entre cabeçote e bloco do motor, resultante na perda de todas as engrenagens responsáveis pelo sincronismo mecânico do motor, localizadas na parte traseira do bloco.
Com a colisão o cabeçote produzido em uma única peça de ferro fundido avançou exatamente 1mm em relação ao bloco. O motor funcionava sem apresentar perda de compressão, mas o desalinhamento foi retransmitido à placa afixada entre o bloco e cabeçote, que serve de base para a engrenagem intermediária do sincronismo mecânico. Com a engrenagem trabalhando ‘torta’, todas as demais foram forçadas também e tiveram os dentes avariados. Alguns dentes chegaram a quebrar e por pouco não houve maiores danos no sistema. O ruído gerado por este problema era insuportável, de elevada altura e semelhante ao ‘ronco’ gerado por um pinhão e coroa desajustados em um diferencial.
Antes de os reparadores perceberem o problema do desalinhamento entre bloco e cabeçote, que aparentemente parecia ser algo característico do motor, um novo jogo de engrenagens foi aplicado, mas o problema persistiu. Após a segunda desmontagem, a avaliação foi mais criteriosa e o problema foi logo identificado. Vilela desabafa que “muitas vezes a correria do dia a dia somada à pressão do proprietário do caminhão que necessita estar com ele o quanto antes, nos deixa um pouco ‘cegos’ perante um problema como este. Fica aqui a dica para os colegas reparadores, que ao se depararem com problemas inéditos na oficina, avaliem muito bem as possíveis soluções com o máximo de atenção e serenidade, para evitar fazer o retrabalho.”
Como o caminhão não podia ficar mais nenhum dia parado, a ordem para a solução foi inserir uma chapa de alumínio especial com 1,1mm de espessura justamente entre a placa intermediária e o cabeçote, que no momento do torque assentou e eliminou o vão. Desta maneira a placa intermediária ficou 100% alinhada e o problema de esforço excessivo entre os dentes das engrenagens foi eliminado.
Para colocar o conjunto no ponto é simples. Basta alinhar as duas ‘bolinhas’ de referência encravadas na engrenagem do eixo comando de válvulas com a ‘bolinha’ menor no canto inferior direito do cabeçote, e as duas ‘bolinhas’ encravadas na engrenagem do virabrequim com a única ‘bolinha’ encravada na engrenagem intermediária inferior.
O reparador deverá ficar muito atento no momento de apertar os parafusos da engrenagem intermediária inferior e a engrenagem intermediária superior, pois ambas possuem o miolo excêntrico, ou seja, permitem que a distância livre entre os dentes de todo o conjunto seja ajustada. Veja na tabela 1 as folgas ideais entre os dentes das engrenagens.
A trinca no corpo do pescador de óleo ocasionava uma sucção deficiente, que em determinados momentos gerava o acendimento da luz de advertência de baixa pressão de óleo do motor, devido à entrada de ar.Mesmo com a avaria, as peças móveis do motor não chegaram a ficar danificadas.
Dois sensores que o reparador deverá ficar atento e que podem apresentar problemas são o de rotação, localizado na parte superior da caixa seca e o responsável pelo momento e ordem da injeção de combustível, localizado na parte inferior da engrenagem do comando de válvulas.
Neste projeto o sistema de freio motor está acoplado a parte traseira da carcaça quente do turbocompressor. A peça ostenta uma válvula de acionamento pneumático comandada pela ECU, que impede parcialmente a saída dos gases de escapamento no momento das frenagens.
Caso o caminhão apresente sintomas de engasgos, baixo desempenho, dificuldade de partida, entre outros relacionados ao sistema de alimentação, troque todos os filtros, pois nesta linha eles são extremamente sensíveis a entupimentos. Lembre-se desta simples verificação antes de considerar um possível defeito eletrônico gerado na memória de avarias do scanner, que possivelmente existiu perante uma restrição.
Segundo Vilela, “a linha de motores D13A é muito econômica e robusta, mas o único ‘porém’ da linha Volvo é o alto preço das peças, acima da média quando comparado ao seus concorrentes diretos”, ao comentar sobre o preço do jogo de engrenagens de sincronismo do motor, que superou os R$ 18 mil.
Transmissão
O sistema de embreagem possui um disco simples de 430mm de diâmetro externo, e apresentou fim de vida útil com ligeira patinação quando carregado.
Outro problema diagnosticado foi o não funcionamento da caixa de transferência, localizada na caixa de marchas. Ela possui uma válvula pneumática que controla o funcionamento das marchas reduzidas, que se mostrou emperrada.
Direção, suspensão e habitáculo
Em consequência da colisão, a suspensão traseira teve alguns itens trocados, como feixe de molas e amortecedores.
Na dianteira nenhuma avaria foi detectada, assim como o sistema de direção e habitáculo.
Segundo a montadora, dentro de sua categoria os caminhões da família FH são os mais seguros do mundo.
Ficha Técnica