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Sabe quais são os carros com menor desvalorização no mercado? Os preferidos dos reparadores


Pesquisa AutoInforme/Molicar 2014 coloca em evidência uma realidade do mercado e a importância da opinião do reparador independente no processo decisório de compra de um veículo, seja novo ou usado

Por: Marcelo Gabriel e Alexandre Carneiro - 13 de março de 2015

Que os reparadores independentes exercem um papel importante na formação do conjunto de opções que o dono de veículo se vale no momento de compra de um veículo é uma tese que advogamos aqui na CINAU há muitos anos e nosso relacionamento com mais de 55% das oficinas brasileiras fornece pistas sobre esta relação positiva entre a opinião do especialista e a venda do carro.

Com a reformulação metodológica introduzida na pesquisa “Imagem das Montadoras”, edição 2014, em que passamos a avaliar os veículos a partir dos critérios de segmentação da FENABRAVE, encontramos uma maneira robusta de testar nossas hipóteses, sem incorrer em vieses ou tendências.

O prêmio AutoInforme “Maior Valor de Revenda 2014” utilizou uma metodologia interessante para avaliar os veículos com menor depreciação: o valor do veículo 0 km em 2013 e o valor de revenda do mesmo veículo com 1 ano de uso, desmistificando aquela crença tão difundida de que ao sair da concessionária o veículo já vale 20% menos. Foram analisados veículos em 15 categorias diferentes.

IMAGEM DAS MONTADORAS
Na edição de dezembro de 2014 apresentamos os resultados da pesquisa Imagem das Montadoras 2014 com a introdução da nova metodologia que, ao invés de comparar os veículos em função da motorização, utilizou os conceitos de carro de entrada, hatch pequeno, monovolume, etc, permitindo a comparação dos veí­culos entre si, dentro da mesma categoria.

Cabe lembrar que este critério de segmentação é o utilizado pelas montadoras para posicionar sua oferta de produtos e comparar o desempenho relativo de cada modelo em sua categoria. E os reparadores independentes que participaram da pesquisa tiveram a oportunidade de avaliar todos os veículos comercializados no Brasil entre 2013 e 2014.

Esta sinergia entre a pesquisa da CINAU e a pesquisa da AutoInforme permitiu que comparássemos duas informações aparentemente sem relação e tabulássemos o resultado obtido a partir de uma metodologia econômico-financeira (AutoInforme) com uma metodologia mercadológica sobre pesquisa de opinião (CINAU).

A coleta de dados da pesquisa AutoInforme considerou as 15 categorias da FENABRAVE, enquanto a pesquisa CINAU se concentrou em 95% da frota circulante, representada por 12 categorias. Ficaram fora do levantamento da CINAU as categorias: hatchpremium, sedan grande e SUV pequena. Os veículos classificados como SUV pequenos foram agrupados em uma única categoria na pesquisa CINAU, como SUV.

Em 12 categorias comparáveis de veículos a opinião dos reparadores pesquisados pela CINAU confirmou os dados da pesquisa AutoInforme: os menos desvalorizados foram os preferidos dos reparadores independentes!

A seguir apresentamos as tabelas comparativas entre a pesquisa Imagem das Montadoras 2014 da CINAU com a pesquisa Maior Valor de Revenda 2014 da AutoInforme, divididas por categorias de veículos

O PAPEL DO REPARADOR NA VALORIZAÇÃO DO USADO
Como ficou evidente nas tabelas apresentadas, de 12 categorias comparáveis nas duas pesquisas 8 mostraram uniformidade, seja na opinião do reparador quanto à sua preferência, seja na avaliação econômica do valor de revenda.

Este equilíbrio demonstra que os reparadores, além da responsabilidade técnica de manter em circulação a frota brasileira, também exercem certa influência no mercado, pois seguramente a opinião do reparador entra na grande equação da relação custo vs. benefício na troca de um veículo.

Temos que considerar que a introdução das novas categorias na pesquisa Imagem das Montadoras ocorreu pela primeira vez e que o prêmio Maior Valor de Revenda também está em sua primeira edição, mas coincidir 8 resultados em 12 possíveis é, no mínimo, intrigante.

Mais intrigante ainda é o fato de compararmos carros com um ano de uso que, teoricamente, ainda estão em garantia e não deveriam frequentar ainda as oficinas independentes.  Ficamos a imaginar qual o grau de concordância que obteríamos se o levantamento da AutoInforme/Molicar incluísse carros com dois, três ou mais anos. Seguramente teríamos um número maior de “coincidências”.

Essa convergência de resultados torna-se mais importante quando observamos que o mercado de seminovos está em franca ascensão, como pode ser visto pelos resultados que o setor, através da FENAUTO, publica mensalmente. E esse mercado é menos suscetível aos apelos de marketing para venda de 0km, pois quem adquire um seminovo está mais atento a questões como robustez, facilidade e economia de uso e, especialmente, a facilidade de reparação quando for necessário.

Bingo! Nessa hora, mais do que em qualquer ocasião, o reparador exerce peso fundamental na construção da imagem de uma marca e/ou de um modelo, porque é ele quem dirá qual é o veículo que é mais complicado para reparar, para qual é mais difícil encontrar peças, qual não conta com suporte da montadora para fornecer informações técnicas, e assim por diante.

Então, a “coincidência” entre a opinião do reparador, aferida pelo Imagem das Montadoras, e a percepção de mercado, aferida pelo Maior Valor de Revenda, não pode ser considerada como algo espúrio e sem valor. O mercado é dinâmico, como estamos afirmando há tempos. 

Na hora de comprar um 0km, tudo é fascinação, sonho, desejo. Mas, no dia-a-dia, quando o proprietário precisa consertar seu carro ou quando o reparador precisa executar essa manutenção, se não houver peça, se não houver informação ou se a peça demorar para chegar, o glamour se esvai.

E, afinal de contas, quem é o cliente de uma marca. Quem compra 0km ou quem possui um carro da marca?

Cabe, agora, acompanhar as próximas edições de ambas as pesquisas para analisar o comportamento das estatísticas. Mas de nosso lado temos a convicção de que esta correlação existe sim, e que é fortemente positiva. E que entender o que se passa nas oficinas mecânicas independentes ajuda, e muito, a formular estratégias no mercado de pós-vendas, pois o cliente da montadora X ou da montadora Y não é apenas aquele que vai (ou não vai) na concessionária, mas aquele que tem um carro da marca X ou da marca Y.