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Peças chinesas no mercado de autopeças: a visão das oficinas mecânicas independentes

REMOVER SUBTITULO MATERIA NÃO PUBLICADA

Anderson Tomé
10 de setembro de 2013

mercado01mercado02mercado03mercado04mercado05Especula-se que os centros mecânicos independentes utilizam peças chinesas nas manutenções.  Os relatórios do Sindipeças e do governo federal confirmam o aumento da importação, porém, os reparadores demonstram rejeição por autopeças vindas da China

Como em muitos outros segmentos, as peças chinesas invadiram o mercado e já estão entre os quatro maiores fornecedores de autopeças para o País. A China tem se destacado no mercado global principalmente por seus preços competitivos e a alta produção, em escala suficiente para abastecer o mercado de veículos chinês e ainda entregar produtos para o restante do mundo.

O relatório do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), referente à balança comercial de autopeças, feito com base nas informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), demonstra que houve crescimento de 59,70% no déficit comercial (saldo devedor) no acumulado de maio deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em 2012, as importações somaram US$ 16,26 bilhões, e as exportações US$ 10,47 bilhões; o que resultou no déficit anual de 5,79 bilhões de dólares. Já o relatório de julho de 2013, mostra que as importações de autopeças vindas da Ásia (que tem a China como principal exportador), somaram US$ 1,60 bilhão, e as exportações US$ 819,96 milhões; produzindo um déficit total de US$ 779,58 milhões.

Atualmente, as maiores participações nas importações brasileiras são da Europa, com 39,4% e da China e Oceania, com 35,9%.

É necessário ressaltar que tanto o relatório do Sindipeças e dos órgãos federais, quanto do MDIC, compreendem apenas as importações de peças chinesas originais das montadoras e das genuínas da indústria de autopeças. Ou seja, as peças chinesas paralelas não estão contabilizadas nestes relatórios, podendo entrar no País através de importadores oficiais, ou outros meios, sejam legais ou clandestinos.

Porém, antes de contextualizar as experiências dos reparadores com as peças chinesas, ou generalizá-las como um produto sem qualidade, é necessário qualifica-las. De acordo com a Andap, a classificação das peças “Made in China” se dividem em três níveis no mercado brasileiro, que são:

Peças Originais das Montadoras: “Podem ser produzidas na fábrica da montadora na China, ou em Joint Ventures (parcerias com fabricantes de autopeças chinesas), e também por outra empresa, com a supervisão e total respaldo da marca. São as mesmas peças instaladas no veículo durante sua fabricação na linha de montagem”.

Peças Genuínas da indústria de autopeças: “Trata-se de peças idênticas às instaladas nos veículos, porém sem a marca e a participação da montadora. Pode ser produzida pela mesma empresa que fornece para a montadora, porém, sem o suporte da fabricante de veículos”.

Peças paralelas: foco desta reportagem, são “popularmente conhecidas como “Ching-Ling”. Estas peças tem aplicações diversas e deveriam atender às especificações do fabricante do veículo para servir como item de substituição, mas em sua maioria não alcançam os padrões de qualidade ou não possuem qualquer garantia e respaldo da montadora ou fabricante de reposição. Geralmente são peças que empregam menor tecnologia e materiais de menor durabilidade”.

Não é Preconceito é Precaução

“Ainda optamos por não utilizar itens chineses”, afirma José Tenório Júnior, gerente da oficina Jr Mecânica Automotiva, no Capão redondo, Zona Sul de São Paulo. “Todas as autopeças adquiridas por nossa oficina têm a garantia e qualidade assegurada por nossos fornecedores, o que não acontece com itens paralelos vindos da China”, diz.

Já Anderson Alves, gerente da oficina Auto Mecânica São Carlos, em Pirituba, Zona Oeste de São Paulo, afirma que só trabalha com peças originais, de preferência das concessionárias: “Não trabalhamos com peças chinesas, não. Aqui na oficina, importação de peças somente quando a autorizada não tem disponível ou para carros importados, mas aí vem tudo dos Estados Unidos ou da Europa, porque o cliente confia mais e conto com assistência técnica e garantia, tudo disponibilizado pelo fornecedor”, disse.

Enquanto Pereira e Alves se apoiam na garantia das peças originais, Rodrigo Spigariol, gerente da Oficina Auto Center Universal, na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, ressalta a procedência das peças e a confiança do consumidor: “Ainda não trabalho com peças chinesas alternativas. Por enquanto, para nós é mais confortável utilizar itens originais ou genuínos, pois temos certeza que a peça vai servir no veículo, e ainda tem a garantia e a assistência técnica”, concluiu.

Na Auto Mecânica “K.Brito”, situada na Vila Medeiros, Zona Norte de São Paulo, as peças chinesas têm encontrado resistência, segundo o gerente da oficina, Alexander Pelegrini: “É realmente tentador porque a diferença de preço chega a 80, 90%. Eu tentei usar uma vez, mas no começo já tive problema. Tentei instalar um jogo de embreagem na linha Honda, sem sucesso. Ou tinha folga ou não cabia. Quando consegui instalar deu problema em um sistema eletrônico. Acredito que foi bom para mim, porque hoje trabalho apenas com peças originais”, encerrou.

Igualmente seduzido pelo preço, Laurindo da Silva, gerente da Auto Mecânica Falcão, na Vila Remo, Zona Sul de São Paulo, conta que já trabalhou com peças chinesas, mas explica porque atualmente utiliza apenas peças originais e genuínas: “Apesar de muito mais barato, peça chinesa do tipo paralela é dor de cabeça e prejuízo. Resolvi trabalhar com esses itens aqui na oficina até que instalei dois rolamentos dianteiros em um Fiat Uno 1992. Após 15 dias o cliente estava na oficina novamente, reclamando de trepidação e “ronco” no rolamento. Tive que refazer o trabalho e depois de um mês e meio o mesmo Uno retornou com folga na roda e nos rolamentos instalados. Deixei de pegar outros serviços, parei o que estava fazendo e precisei refazer o serviço pela terceira vez, sem faturar a mão de obra. Se continuasse assim iria à falência”, afirma.

Da Silva relata que lojas de autopeças têm oferecido insistentemente peças chinesas, mesmo quando solicita por itens originais: ”A última que recusei foi uma sonda lambda. Pedi uma MTE Thomson, mas o vendedor tentou “empurrar a ching-ling” a todo custo”, revela.

Se o cliente pedir

Nivaldo Belan, gerente da Auto Mecânica Belanscar, que fica em São Caetano (SP), é um caso à parte entre os entrevistados. Sente-se à vontade para dizer ao cliente quais são as opções que ele tem na hora de solicitar o reparo: “Às vezes alguns clientes vêm para a oficina com o objetivo de economizar e muitas vezes a manutenção tem valor elevado, fazendo com que ele realize o serviço parcialmente ou não autorize o conserto. Se não der alternativa acabo perdendo dinheiro”, disse.

Belan destaca que dá prioridade à manutenção utilizando peças originais ou genuínas, porém, caso o proprietário manifeste o desejo da redução de custo, informa a possibilidade de trabalhar com peças chinesas: ”O orçamento sempre é feito baseado em peças originais ou genuínas. Porém, ressalto que o serviço pode ser barateado com a utilização das peças chinesas”, afirma.

“Eu deixo o dono do veículo à vontade para escolher o que é mais conveniente para sua situação financeira, e quando solicitado indico os lugares e ele mesmo realiza a compra da peça, para que percebam a grande diferença de preço que existe”, revela Belan.

O gerente da Belanscar diz que decidiu incluir as peças chinesas em seu portfólio por causa dos preços e principalmente disponibilidade de peças: “Alguns itens, originais e genuínos, de grande rotatividade no mercado ‘vira e mexe’ faltam na prateleira quando mais precisamos, enquanto que as peças chinesas sempre estão disponíveis. Para grande parte dos meus clientes, o tempo conta mais que o preço. E mesmo que a peça dure metade da vida útil da original, ainda vale a pena, porque a diferença de valor chega a mais de 70%”, conclui.

Já na Faizer Auto Mecânica, na Cidade A.E. Carvalho, Zona Leste de São Paulo, o gerente da oficina Júlio Alves dos Santos confirma a utilização de peças chinesas: “Desde que o cliente solicite, porque já tive problemas com este tipo de peça. Tive que mexer em um Astra três vezes, e só ficou bom na quarta, quando instalei uma peça original”, explica.

Apesar de contrariada, Ieda Avanzi, proprietária da oficina mecânica Espaço Único Serviços Automotivos, localizada na Zona Leste de São Paulo, também utiliza peças chinesas se o cliente pedir: “Trabalho com peças originais. Prefiro e indico para meus clientes por causa da compatibilidade, mas principalmente da garantia. Quando o cliente se preocupa mais com o custo, passo a opção da peça chinesa, mas não dou garantia em hipótese alguma. Ele fica responsável por pedir a instalação, autorizar a manutenção com este tipo de item, algumas vezes por comprar a peça e também com as possíveis consequências da utilização deste tipo de produto. A vantagem das peças chinesas é o baixíssimo custo e sempre estarem disponíveis no mercado”, encerra.

Porém, é necessário esclarecer que a condição de não oferecer garantia para a instalação de peças chinesas, citada por Avanzi e explorada por diversas oficinas é muito preocupante, uma vez que não é legal, de acordo com o Procon-SP. Através de sua assessoria de imprensa, o instituto de defesa do consumidor ressalta que o cliente está protegido por lei durante 90 dias a partir da data da compra, independente de qualquer que seja a alegação. Nesse período, mesmo que exista alguma declaração assinada pelo cliente, a oficina mecânica que realizou o serviço é responsável por refazer todas as manutenções, trocas e reparos, tanto para peças como para serviços. Basta que o proprietário do veículo possua a nota fiscal emitida pelo estabelecimento referente ao serviço executado ou peça instalada.

Contra Ataque

Pensando em controlar um eventual avanço das peças automotivas chinesas que tem aumentado sua oferta no mercado brasileiro, os sindicatos que representam os produtores e distribuidores de autopeças, órgãos de qualidade e segurança também têm se manifestado em conjunto com o governo federal, que passou a regulamentar tecnicamente o comércio de peças automotivas através do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

Desde o segundo semestre de 2012, o Inmetro fiscaliza seis importantes itens (sistemas de direção e componentes, baterias e pneus), que só poderão ser vendidos - inclusive os nacionais - após receber o selo do Inmetro, como já ocorre com poucos produtos automotivos e brinquedos.

Outra ação do governo é o Inovar-Auto que faz parte do Plano Brasil Maior e está em vigor desde 1º de janeiro deste ano. Basicamente, trata-se de uma troca entre o governo e as empresas do segmento, que cumprem metas pré-estabelecidas, como por exemplo, ter no mínimo 65% de peças nacionais na composição do veículo, investimentos em tecnologia e em produção local, podendo assim ficar isentas de uma alíquota maior de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além de apurar crédito presumido desde 18 de dezembro de 2012.

Diante deste cenário podemos concluir que a especulação sobre a utilização de peças chinesas nas oficinas mecânicas é um fato verdadeiro, mas que não apresenta maiores impactos no setor, uma vez que não conta com o apoio dos reparadores, e sua escolha depende dos clientes, principalmente em oficinas situadas na periferia, onde o proprietário interfere no reparo e tem maior poder de decisão do que nas oficinas mais tradicionais, instaladas em bairros mais elitizados e que geralmente não abrem margem para a discussão, impondo a instalação de peças originais ou genuínas.

Baseado na opinião dos reparadores é possível traçar um paralelo entre a representatividade das peças chinesas no mercado brasileiro e o IGD – Índice Gerador de Demanda – pesquisa realizada pela Cinau (Central de Inteligência Automotiva), referente ao mês de julho de 2013, que apura o canal preferido para o reparador receber a peça.

Este último levantamento aponta que 54% dos reparadores compraram peças nas lojas de autopeças, outros 20% em concessionárias, 18% em distribuidores atacadistas, 1% é recebido por outros canais, e apenas sete por cento das oficinas receberam peças de clientes, justamente onde existe a vulnerabilidade para a entrada de peças chinesas. Portanto, é uma hipótese bastante considerável que as peças chinesas abocanham seis por cento do mercado de reposição brasileiro.

Mas o depoimento dos reparadores ainda deixa claro que as oficinas mecânicas que trabalham com peças chinesas, somente as utilizam quando o cliente solicita ou levam-nas até o reparador, porque está explicito em suas entrevistas que nenhum deles quer trabalhar com as peças vindas da China.

Outro fato constatado é que as peças chinesas sem qualidade já estão presentes nos principais níveis do mercado, mas os reparadores destacam, principalmente, o forte incentivo das lojas de autopeças, seguidas das distribuidoras, para a comercialização destes itens.

Fica evidente, ainda, que a utilização de peças chinesas, por vezes, supre a indisponibilidade de peças originais ou genuínas, e que a escolha, em sua maioria é meramente econômica, definindo ainda a qualidade da peça chinesa no ato da compra, de acordo com os recursos financeiros disponibilizados pelo cliente.

Porém, o que as lideranças tanto do governo quanto do mercado de autopeças ainda não perceberam, é que trata-se de uma lacuna não preenchida, pois os reparadores que utilizam peças vindas da china e os que não fazem uso delas tem o mesmo argumento: “As peças chinesas aproveitam a fragilidade do mercado e da indústria de autopeças brasileira para oferecer o que eles ainda não podem fazer, ou seja, disponibilizar as peças sem interrupções, quando precisamos e com preço competitivo”.

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