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Dimensões do mercado de reposição: quem somos, onde estamos e quanto representamos?


Qual o tamanho de nosso mercado? Qual o tamanho da frota reparável que existe no país? Quantas oficinas independentes há? Muitas perguntas e, até ontem, nenhuma resposta

Por: Luiz Sérgio Alvarenga e Alexandre Carneiro - 13 de abril de 2015

Em um país onde as estatísticas são tratadas com desdém ou ignoradas, solenemente, querer saber algum número é uma dificuldade. Agora, imagine querer mensurar um setor, torna-se uma missão (quase) impossível... Mas, como se diz, a necessidade move montanhas e com isso em mente, o SINDIREPA NACIONAL se lançou na tarefa de pesquisar, verificar, calcular e estimar os números que dimensionem o setor da reparação independente no país com o apoio da CINAU – Central de Inteligência Automotiva, unidade do Grupo Oficina Brasil dedicada à pesquisa e inteligência de mercado. E é disso que vamos tratar a seguir. O tamanho e as estatísticas do mercado da reparação.

QUAL A FROTA BRASILEIRA?
Começando pela estimativa do tamanho da frota de veículos automotores leves que rodam no país e que compõem o chamado estoque reparável, aquele universo de veículos que não estão mais na garantia de fábrica e frequentam as oficinas independentes. Pelos dados do DENATRAN, há quase 49 milhões de veículos leves no país, números relativos a fevereiro de 2015. Porém esse não é o número real de carros que circulam no país, pois não se considera o sucateamento da frota, apenas os emplacamentos. Pelo SINDIPEÇAS, em dezembro de 2013, havia no país uma frota circulante de veículos leves igual quase 38 milhões. A ANFAVEA estima a frota em aproximadamente 42 milhões em 2014. A GIPA, por sua vez, estima que o país possui uma frota reparável de 39 milhões de veículos. Pela disparidade dos números já é possível perceber que definir alguma estatística com, no mínimo, uma margem pequena de erro, é tarefa bastante complexa. 

E QUANTAS OFICINAS?
Sem entrar no mérito da legalidade e ilegalidade, que é um tema que transcende nossa competência e área de atuação, podemos imaginar que exista uma zona cinza em relação às oficinas. No caso, a chamada informalidade, algo que não dá para, sequer, delinear um contorno. Para qualquer lado que se corra, sempre se esbarra na disparidade dos números que, de tão diferentes, acabam se anulando mutuamente.

Então, como parte do esforço de consolidar os números do setor, o SINDIREPA NACIONAL e a CINAU se juntaram para levantar, estudar, analisar, criticar e tentar chegar a algum denominador comum de tantas estatísticas que são de interesse de nosso setor saber e conhecer.

Como a CINAU desde 2006, sistematicamente, levanta estatísticas sobre o setor no estado de São Paulo, foi possível se valer dessa experiência acumulada por quase 10 anos e auxiliar o SINDIREPA NACIONAL a chegar a algumas conclusões e aproximações factíveis e que muito auxiliarão nosso mercado a se entender e entender quais as possibilidades que esse universo reserva.

OS NÚMEROS
Comecemos por dimensionar a frota circulante. Para o SINDIREPA NACIONAL a melhor estimativa de frota circulante é de 41,7 milhões de veículos, sendo que automóveis e comerciais leves representam 93,5% do total (39 milhões) e caminhões e ônibus representam 6,5% ou 2,7 milhões de veículos. Estão excluídas as motocicletas, máquinas e implementos agrícolas. E essa é considerada a melhor estimativa com base na menor imprecisão dos números da ANFAVEA, pois quem representa os fabricantes dos carros deve saber quantos carros circulam pelo país, que estima haver 41,7 milhões de veículos leves circulando pelo país. Desse total, aproximadamente, 30 milhões correspondem a veículos que estão fora do período de garantia e 9 milhões correspondem à frota que está com menos de 2 anos e, portanto, ainda gozando da garantia de fábrica. 

A frota circulante de automóveis e comerciais leves se divide em duas categorias: os que ainda estão sob o período de garantia regulamentar ou complementar, por volta de 23,1% do total (9 milhões) e os que já não estão sob nenhuma garantia com 76,9% do total (30 milhões), que compõem o estoque reparável de veículos (ERV), conceito cunhado pela CINAU para identificar a parte da frota que frequenta diariamente as oficinas independentes. Ou seja, o ERV – a quantidade de carros que, certamente abandonaram a concessionária e frequentam a oficina independente, é igual a 30 milhões de veículos leves. Guardem esse número!

Primeira charada decifrada; vamos agora adiante. Pela experiência de quase 10 anos apurando dados de mercado para composição do IGD, CINAU estima que cada veículo passa pela oficina de reparação mecânica, em média, 2 vezes e meia pagando um tíquete médio em torno de R$ 570 a cada vez que é devolvido ao proprietário. Lógico que esses valores são médias estatísticas e, dependendo do porte da oficina, eles apresentarão diferenças. 

Após pesquisar, analisar e criticar algumas fontes de dados chegou-se à estimativa confiável que há 121.317 empresas de reparação automotiva no país, legalmente estabelecidas. Desse total, 60% dizem respeito a oficinas de reparação mecânica (72.790 oficinas), 15% se dedicam a reparos de colisão (18.197 reparadoras) e 25% (30.329 empresas) se dedicam a outras atividades relacionadas à manutenção da frota de veículos. Considerando que 20% das oficinas de colisão (ou 3.639 empresas) prestam serviços de reparos mecânicos para a linha leve, podemos afirmar que do total de 121.317 estabelecimentos existem 76.429 dedicados à reparação mecânica de automóveis e comerciais leves. Neste contingente, há, ainda, um total de 5.091 concessionárias no país. 

E como estão distribuídas as oficinas pelo país, por região? Bem, vejam o quadro abaixo com o comparativo entre distribuição da frota e das oficinas de reparação mecânica.

Ainda como consequência da experiência com o IGD, CINAU conseguiu definir as faixas de porte das oficinas mecânicas que se dividem em pequeno porte (atendem, em média, até 45 veículos por mês) e correspondem a 40% desse universo; médio porte (atendem em média entre 46 e 120 veículos por mês) e correspondem a 35% do total de oficinas, e as oficinas de grande porte (que atendem mais de 121 veículos por mês) e correspondem a 25% do total.

Ainda, analisando-se o perfil das oficinas do país pelo porte, observou-se que as 30.571 oficinas existentes de pequeno porte atendem, em média, 23 veículos por mês totalizando 8.437.596 atendimentos por ano (30.571 x 23 x 12). As 26.750 oficinas de médio porte atendem, em média, 83 veículos por mês totalizando, ao fim de um ano, 26.643.000 veículos (26.750 x 83 x 12). As 19.107 oficinas de grande porte atendem, em média, 180 veículos por mês, totalizando 41.271.120 carros no ano ( 19.107 x 180 x 12). No total geral, as oficinas independentes de reparação mecânica no país, ao cabo de um ano, prestam 76.351.716 atendimentos a veículos que precisam de algum tipo de manutenção. Isso apenas falando em termos de atendimento. Desta forma é possível sustentar de forma empírica o número de passagens por veículo por oficina por ano, bastando dividir o número de atendimentos (76.351.716) pelo número de veículos – automóveis e comerciais leves (30.000.000) e chegamos a 2,54.

Quando falamos em faturamento, a situação é a seguinte: oficinas de pequeno porte faturam, ao cabo de um ano, R$ 3.965.670.120; as oficinas de médio porte faturam em igual período R$ 15.186.511.000 e as oficinas de grande porte faturam, em período igual, R$ 27.445.291.000. O setor, como um todo, fatura por ano o equivalente a R$ 46.597.472.120. Desse total, em média, 35% cabe à mão-de-obra que é composta por 209.000 empregos diretos e 211.963 empregos indiretos.

Os números acima dizem respeito à reparação mecânica. Quando falamos em colisão, os números também foram investigados, analisados e criticados e as estatísticas obtidas são as resumidas no quadro a seguir, no qual mostramos a quantidade de oficinas de reparação de colisão, a participação de cada tipo segundo o porte, a quantidade de carros que passam por mês e por ano.

Em termos de faturamento, o setor da reparação de colisão tem o faturamento mostrado no quadro abaixo.

O setor da reparação de colisão gera um total de 137.073 empregos diretos e 211.963 empregos indiretos.

Mas, e como se comporta o faturamento em termos da divisão do bolo entre os canais de fornecimento de peças e componentes? Novamente, com base na experiência acumulada no levantamento do IGD desde 2006, CINAU traçou o perfil que é mostrado no quadro abaixo, que mostra o comportamento nos últimos 24 meses. 

Ao se fazer os cálculos com base nos números obtidos e disponíveis, temos o seguinte quadro:

Usando o mesmo raciocínio em relação à reparação de colisão, temos o quadro abaixo:

Em suma, esses são os números do setor da reparação automotiva no país, separados por reparação mecânica e reparação de colisão. Esperamos, com eles, contribuir para um melhor conhecimento e entendimento desse setor que faz parte da cadeia automotiva e que é a origem da demanda, pois quem cuida da manutenção da frota de veículos que circula no país é ele, tanto cuidando da parte mecânica quanto da parte de carroceria.

Constatações e comentários
Por Marcelo Gabriel

A análise dos dados divulgados pelo SINDIREPA NACIONAL sobre o dimensionamento do mercado de reposição brasileiro, apresentados nesta matéria, traz ao leitor atento muitas informações importantes sobre qual o real tamanho do mercado em que atuamos e o potencial de consumo das oficinas independentes, nascedouro da demanda.

Parafraseando o filósofo estóico Sêneca: “não há vento favorável para quem não sabe aonde vai”, conhecer mais e melhor quem somos e onde estamos é um passo estratégico que permite nortear esforços e investimentos.

Este trabalho inédito, inovador e amparado em fontes fidedignas, ressalta a importância estratégica em posicionarmarcas e produtos junto a este amplo mercado consumidor com o uso de ferramentas de comunicação que comprovadamente chegam às oficinas.

Como sempre destacamos na capa do jornal, considerávamos atingir de forma comprovada pelo Instituto Verificador de Circulação -IVC (único instituto realmente dedicado a auditorias de tiragem, circulação e distribuição de mídia validado por associações de agências e anunciantes) 54% das oficinas mecânicas de linha leve (automóveis e comerciais leves) no Brasil.

Porém esta realidade mudou. Considerando que no Brasil, segundo o SINDIREPA NACIONAL existem 76.429 oficinas que se dedicam à manutenção mecânica de automóveis e comerciais leves e que o Jornal Oficina Brasil chega mensalmente a 43.000 estabelecimentos no Brasil, cujos dados são atualizados regularmente e que de fato existem, podemos considerar que atingimos 56% das oficinas.

Não há, dentro dos mesmos critérios técnicos e isentos que utilizamos para avaliar nossos indicadores (IVC, BDO, Código de Ética da ABEMD, banco de dados atualizado, etc), nenhum outro veículo no Brasil que tenha esta abrangência e competência, os números confirmam.