Com o início da inspeção ambiental veicular na cidade de São Paulo, investir em um equipamento de teste de gases pode ser uma boa idéia. Confira nesta reportagem algumas opções disponíveis no mercado
As empresas Delphi, Sun, Napro, Alfatest e Tecnomotor, apresentaram o analisador de gases no Raio x da ferramenta
A partir de fevereiro, cerca de 41% da frota de veículos ciclo Otto da cidade de São Paulo, que representam os veículos fabricados a partir de 2003, terão de passar pela inspeção ambiental veicular. Do contrário, a prefeitura não irá liberar o licenciamento do carro. Isso significa que o reparador deve ficar atento a novas oportunidades, pois a tendência é de aumento na demanda de serviços de reparação, ainda que menor do que a prevista inicialmente, quando a inspeção era obrigatória para 100% dos carros com emplacados na cidade de São Paulo.
Ainda assim, haverá alguma demanda, principalmente com relação à manutenção no sistema de escape e regulagem de motores, por conta das emissões de gases.
Por este motivo, escolhemos o analisador de gases como aparelho para o Raio X. Entre as empresas convidadas, cinco participaram da matéria: Sun (PGA500), Napro (PC-Multigás), Alfatest (Discovery G4), Delphi (DS 2000) e Tecnomotor (TM131 e TM 132). Outras fornecedoras de equipamentos são Actia, Bosch e Magneti Marelli, que não aceitaram o convite ou não tinham disponibilidade de equipamento no dia de realização da reportagem.
A aferição do equipamento realizada pelo INMETRO é valida por seis meses
De um modo geral, todos os equipamentos realizam a medição de quatro gases (monóxido de carbono - CO, dióxido de carbono - CO2, oxigênio - O2 e hidrocarbonetos - HC), em duas modalidades de testes, um de inspeção ou oficial, idêntico ao feito nos centros de inspeção ambiental, e outro, chamado de oficina ou manutenção. O primeiro apresenta somente os valores, enquanto o &lsquooficina’ indica também as probabilidades do defeito.
Aparelhos
Todas as máquinas vêm com o analisador e uma série de acessórios, como cabo de alimentação, termômetro, cabo serial, mangueira, pinça indutiva (para leitura da rotação) e coletor de gases, além do sensor de NOx, que pode ser adquirido como opcional. Existem ainda peças que devem ser substituídas com o tempo, como os filtros de papel, carvão e coalescente, sensor de O2, sonda coletora de gases do escapamento e mangueira da sonda.
Com exceção do modelo TM 131 da Tecnomotor, todas as máquinas devem ser ligadas a um computador (desktop ou notebook) com o software fornecido pela fabricante. Sem essa integração, não é possível ler, gravar e imprimir os parâmetros medidos pelo analisador.
O TM 131 possui quatro displays que mostram os valores de CO, CO2 e HC, e a função do aparelho, além de um display de cristal que mostra as mensagens e medidas. O equipamento imprime os valores da análise.
Teste de inspeção
O teste de inspeção ou oficial é realizado somente para verificar os valores de gases emitidos pelo veículo, tal como será feito nos centros de inspeção ambiental veicular da Controlar. Em resumo, o procedimento padrão é inserir o coletor de gases no escapamento do veículo, acoplar a pinça indutiva no cabo da bateria, acelerar o veículo a 2.500 rpm e realizar a medição dos gases, que deve ficar entre os parâmetros definidos pela Resolução nº 7 do Conama (leia mais na seção Entrevista, na página 8).
Teste de oficina
Já para realizar o teste de oficina, é recomendado ao reparador adquirir o sensor de medição de óxido de nitrogênio (NOx) que é vendido como acessório opcional. Assim, é possível utilizar o analisador de gases para identificar tecnicamente diversos tipos de falhas no veículo, como, por exemplo, se a mistura está pobre, rica ou ideal, observando os valores apresentados pelo aparelho.
A mistura pobre é detectada a partir das combinações dos seguintes gases:
- Baixo índice de CO e CO2
- Alto índice de O2 e HC
O reparador poderá identificar uma mistura rica com os valores:
- Baixo índice de CO2 e O2
- Alto índice de CO e HC
O resultado ideal de uma análise apresenta:
- Alto índice de CO2
- Baixo índice de O2, CO e HC
Manutenção
O analisador de gases é um equipamento que necessita de manutenção periódica pois do contrário pode apresentar erros de medição. Quando isso ocorre, o reparador pode realizar uma descontaminação do componente, assim como trocar filtros e sensores, de acordo com a recomendação de cada fabricante.
Uma dica dos fabricantes é evitar utilizar o aparelho em veículos com irregularidades perceptíveis, como motor que apresenta queima de óleo, pois isso pode obstruir os filtros e contaminar as peças que compõem o analisador.
Calibração
O analisador é fornecido pelas fabricantes com o lacre do Inmetro, que garante a calibração correta do aparelho. Este lacre possui a validade de seis meses, porém o equipamento pode precisar de uma calibração antes deste prazo, dependendo da quantidade de testes executados com o analisador. O Inmetro verifica apenas se o aparelho está aferido, porém a calibração é realizada pela fabricante do equipamento. Neste caso é recomendável entrar em contato com a assistência técnica da fabricante, para realização da manutenção do equipamento.
Dicas
1. O reparador deve ficar atento à medição que deve ser feita com o carro na temperatura de trabalho.
2. As cinco fabricantes indicam que os aparelhos possuem um sistema de autocalibração. Mesmo assim, é recomendado que a cada seis meses os equipamentos sejam enviados à empresa para manutenção preventiva.
3. É importante que os reparadores tenham filtros reservas de papel e de carvão.
Matéria da edição Nº215 - Janeiro de 2009