Mecânica não traz grandes alterações. Visual acompanha demais modelos da marca
A família C4 da Citroën ganhou um novo integrante no Brasil: a C4 Picasso, monovolume de cinco lugares que chega da Espanha diretamente ao consumidor por preço a partir de R$ 80.700, equipado com motor 2.0 litros de 16 válvulas a gasolina, o mesmo apresentado no Grand C4 Picasso e muito similar ao do C4 VTR e C4 Pallas. Ao contrário do que se imagina, a Citroën manterá a produção da linha Xsara Picasso, que passa a ser o monovolume médio de entrada da marca.
A nova minivan de cinco lugares da montadora francesa chega com motor gasolina 2.0 litros de 16 válvulas. No detalhe, a alavanca de câmbio
Ao sentar no banco do motorista, a primeira impressão é de que falta algo. A alavanca do câmbio, que normalmente está em um console central, entre os bancos, foi instalado atrás do volante. A do freio de estacionamento foi eliminada. O dispositivo agora é elétrico, acionado por um botão no painel. Isso dá mais liberdade aos ocupantes do banco dianteiro, que conta com um generoso porta-luvas.
No acento traseiro o conforto também predomina. Ponto a favor para a nova mesa de bordo, mais prática e fácil de abrir do que a do Xsara Picasso.
MecânicaÀ primeira vista, o C4 Picasso não deve trazer muitas surpresas para o reparador. Apesar de a Citroën afirmar ter feito uma atualização no motor 2.0 16v que equipa o carro, a base é a mesma do C4 Pallas vendido até novembro de 2008, quando o sedan ganhou motorização bicombustível. Assim, não existem muitas novidades no propulsor, que fornece 143 cv a 6.000 rpm e 200 Nm de torque a 4.000 rpm.
A transmissão é automática, com opção de troca de marchas manual. Isso leva a uma reflexão: com a eliminação do câmbio no console central, onde fica a alavanca para trocar as marchas? Não fica. O novo Picasso, apesar da proposta ‘família’, tem borboletas atrás do volante, como nos carros de Fórmula 1.
A mudança de marchas é mais suave do que no C4 Pallas e não dá tranco na reduzida como no sedan, que insiste em engatar primeira segundos antes da parada total.
SuspensãoNa dianteira, o C4 Picasso apresenta suspensão independente, tipo McPherson com braços inferiores triangulares, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Já a traseira é, segundo a Citroën, totalmente nova. A arquitetura é baseada numa travessa deformável, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos ligados a uma barra estabilizadora, que foram posicionados inclinados, de maneira a não afetar o volume do porta-malas.
A montadora informa ainda que as leis de amortecimento foram adaptadas de maneira a otimizar a síntese entre o conforto e o comportamento do veículo. O C4 Picasso dispõe de rodas de 16 polegadas com pneus Michelin Primacy HP 215/55 R16.
Primeiras impressõesDirigir uma minivan é sempre uma mudança de rotina. A posição elevada faz o condutor sentir que está sentado em uma cadeira sobre rodas. Essa não é uma observação exclusiva ao C4 Picasso. O motor mostrou ser suficiente para o modelo e o câmbio de quatro velocidades foi aprimorado, mas ainda assim peca no quesito retomada. É lento demais, assim como no C4 Pallas.
Chamou atenção o pacote tecnológico, com air bags frontais, laterais, de cortina e joelhos (este último apenas para o motorista) de série, assim como os freios ABS com controle de estabilidade e ajuda à partida em declive (os freios se mantém acionados durante dois segundos após a retirada do pé do pedal em declives acima de 3%).
O ar-condicionado dual-zone (quadri-zone opcional) com comandos individuais nas laterais, junto às saídas de ar, possibilita uma liberdade na regulagem da temperatura, principalmente para o passageiro do banco da frente. E a integração das saídas de ar nas colunas entre as portas dianteiras e traseiras com o sistema de refrigeração também valem elogios. No C4 Pallas, os passageiros traseiros até têm um sistema de ventilação, mas é independente do ar-condicionado e não leva ar frio.
Na categoria, é ótima opção para quem procura um carro moderno, com tecnologia de ponta, está cansado da velha Xsara Picasso e prefere uma minivan um pouco mais compacta do que as de sete lugares. O preço é um tanto quanto salgado e o motor flex faz falta.
Matéria da edição Nº217 - Março de 2009