Apresentado no início de 2008, o ‘novo’ Toyota Corolla chegou com a difícil missão de quebrar a hegemonia do Honda Civic como sedan médio mais vendido no Brasil. E conseguiu, apesar de a nova versão não ter mudado tão radicalmente quanto o rival.
O sucesso de vendas é reflexo direto da boa fama da marca japonesa, que para muitos é sinônimo de produtos bem acabados, robustos, de excelente qualidade. Assim, decidimos conferir se, sob o ponto de vista da reparação, o novo Corolla manteve estas características e, para tanto, testamos um modelo na versão XEi 1.8l flex 16v VVTi, a mais vendida de todas, com câmbio manual.
A avaliação foi realizada na Ingelauto, oficina do conselheiro Eduardo de Freitas Topedo, localizada na zona Leste de São Paulo. “A primeira observação que faço é em relação ao capricho dos detalhes, como a fixação das mangueiras, uso de flexíveis, entre outros”, afirma Topedo, que no geral considera o novo modelo prático para manutenção.
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“A maioria dos componentes no cofre do motor está bem localizada, com fácil acesso”, avalia o conselheiro do jornal, ao citar, como exemplo, a válvula do ar-condicionado (posicionada de forma tal que evita queimadura), as sondas lambdas (o modelo possui duas sondas, uma pré e outra pós-catalisador), o módulo do ABS, as correias e coxins.
A lista de elogios se estende ao atuador hidráulico do sistema de embreagem, que se diferencia por atuar diretamente no garfo e não internamente. “Isso facilita a manutenção”, diz Topedo. “Pois evita ter de descer o câmbio para a substituição do componente”, completa.
Outro ponto positivo destacado pelo reparador foi o sensor MAP que manteve o padrão de fio aquecido. Já o módulo de controle eletrônico é fornecido pela Denso. A inclusão do acelerador eletrônico foi outra novidade relacionada por Topedo.
Porém, nem tudo são flores. O acesso aos amortecedores dianteiros é ruim, pois obriga a desmontagem da churrasqueira e hastes dos limpadores de parabrisas. Outro ponto criticado pelo proprietário da Ingelauto foi a tampa do motor, que gera vibração desnecessária. Fato curioso foi a ausência de dois parafusos dos quatro que fixam a peça. “Provavelmente caíram por conta da vibração”, arrisca Topedo.
No processo de manutenção preventiva do modelo, Topedo alerta para a necessidade de atenção à inspeção do fluido de freio, que deve ser feita com frequência, a cada revisão, pois existe a possibilidade de infiltração de poeira pelo respiro. “O acúmulo de impurezas pode ocasionar abrasividade que agride os componentes internos e causar vazamentos”, diz o reparador.
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No elevador
Por baixo, o novo Corolla não apresenta grandes novidades. Na dianteira, manteve a suspensão independente, tipo McPherson com barra estabilizadora, e na traseira, o eixo de torção, também com barra estabilizadora.
O filtro de combustível está bem localizado, de fácil acesso, e possui engate rápido com trava de segurança, que permite a substituição sem grande esforço.
Os freios, à disco nas quatro rodas (sendo na frente ventilados e atrás, sólidos), também são de simples manutenção, mesmo com o dispositivo anti-travamento (ABS) de série.
A caixa de câmbio manual desempenha bem em conjunto com o motor 1.8l, que desenvolve 136 cv/132 cv de potência (álcool/gasolina) a 6.000 rpm, e torque máximo de 17,5 kgfm/17,3 kgfm (a/g) a 4.200 rpm.
No teste drive realizado no modelo emprestado pela Toyota, dois eventos causaram estranheza: a vagarosidade do amortecedor de desaceleração (desh pot), nas trocas de marcha, que chegava a provocar prolongado vazio em situação de condução esportiva (com esticadas de marcha próximo ao limite de corte) e sensação de ausência do dispositivo de stop hidráulico nos amortecedores, em situações de piso irregular.
“Este fenômeno do desh pot judia mais da embreagem e é um ponto a ser verificado com mais cautela”, avalia Topedo. “Já na parte de suspensão, as batidas secas e fortes realmente deram a impressão de falta do stop hidráulico”, comentou.
Apesar disso, o Toyota Corolla é um carro confortável, espaçoso, que ganhou volume em relação à versão anterior, porém manteve a característica típica dos carros japoneses, de interior simples e funcional.