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O novato Peugeot Partner Escapade encara o líder de vendas no segmento Fiat Doblò e ,mesmo com motor menor e mais simples, mostra que é boa opção.
No final do ano passado, a Peugeot apresentou um novo modelo de veículo que até então a marca não explorava. O Partner, uma multivan que originalmente era utilizada apenas como veículo de carga, ganhou versão passageiro, e abriu concorrência com outros similares do mercado, principalmente o Fiat Doblò, líder absoluto de vendas.
Em contrapartida, a concorrente Renault fez justamente o contrário com o Kangoo; abandonou as versões de passageiro e manteve apenas o furgão Express. Outro concorrente, o Citroën Berlingo, não é mais comercializado desde 2007. Assim, este é um mercado de poucos concorrentes.
No final de 2009, a Fiat fez um facelift no Doblò, com pequenas alterações de estilo principalmente no conjunto óptico frontal, o que deixou o modelo com visual mais robusto. E, em setembro do ano passado, a Fiat trocou o motor 1.8l da antiga parceria com a GM pelo moderno E.torQ 1.8l 16v, nas versões HLX, Adventure e Cargo.
Partner
A multivan da francesa Peugeot é oferecida em duas versões de passageiro (normal, Van, e com apelo off-road, Escapade), e uma de carga, e apenas uma opção de motor: 1.6l 16v flex que gera 113cv/110cv de potência máxima a 5.600rpm (etanol/gasolina), e torque máximo de 15,5kgfm/14,2kgfm a 4.000rpm (etanol/gasolina).
Os preços, segundo a tabela Fipe, variam de R$ 40.533 (Furgão), R$ 44.100 (Van) e R$ 51.800 (Escapade) e, apesar da silhueta em comum, as versões têm diferenças bem marcantes no acabamento interno. Porém, o conjunto mecânico é idêntico nas três versões. Assim, escolhemos a Escapade como alvo deste teste, por apresentar maior nível de equipamentos.
Vale lembrar que a Escapade tem ainda uma variante com pacote de equipamentos de série maior, batizado de Pack, que apresenta um conjunto de dispositivos de segurança (air bags duplos, freios ABS, alerta da não colocação dos cintos de segurança do motorista e faróis de neblina), e acessórios (computador de bordo, indicador de temperatura externa, rodas de liga leve de 15 polegadas).
Um detalhe da Partner chamou atenção: apenas o espelho retrovisor externo do lado direito é elétrico. O esquerdo é manual. Isso sim é economia.
Doblò
Há muito mais tempo no mercado, o Fiat tem seis versões, com duas opções de motor: 1.4l 8v, e 1.8l 16v E.torQ. São elas: Doblò 1.4l, ELX 1.4l, HLX 1.8l 16v, Adventure 1.8l 16v, Cargo 1.4l e Cargo 1.8l 16v.
O motor 1.4l é mais antigo, já bastante conhecido do reparador. Já o E.torQ 1.8l 16v ainda é lançamento, foi apresentado no primeiro semestre do ano passado e, desde então, a Fiat substituiu todos os motores da antiga parceria com a GM, de todos os modelos com motorização 1.8l, pelo novo propulsor produzido pela FPT Powertrain, em Campo Largo, no Paraná.
A principal característica do E.torQ é a curva de torque que privilegia grande quantidade força com baixa rotação. Aos 2.500rpm, mais de 90% do torque máximo, de 18,9kgfm/18,4kgfm (etanol/gasolina), já está disponível. Essa característica possibilita boa economia de combustível nos trechos urbanos.
Na oficina
Visto de baixo para cima o francês mostra todas as características típicas dos veículos da marca Peugeot. Na frente, apresenta suspensão independente do tipo McPherson, com bandejas triangulares simples, apoiadas em subchassis, barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores.
Na traseira, eixo rígido, com barra de torção e barra estabilizadora, amortecedores inclinados e ausência de molas, típico dos carros da marca. Os freios são a disco na dianteira, ventilados, e a tambor na traseira, com sistema de compensação de carga. A versão avaliada tinha ABS, item do pacote Pack.
O sistema de acionamento das marchas, diferentemente de outros veículos como a série 207, ainda utiliza o varão rígido, que resulta na transferência para a alavanca de todo o movimento do motor. O sistema de coxins que dão suporte ao propulsor não é ruim, mas sempre fica uma impressão de que há algo solto.
Mas, também é só. O Partner já apresenta duas sondas lambdas, uma no começo do coletor de escape e outra logo após o catalisador. Segundo o proprietário da Design Mecânica, de Campinas, e conselheiro do jornal Oficina Brasil, Carlos Bernardo, a multivan da Peugeot não é um modelo de grandes segredos, uma vez que apresenta as mesmas tecnologias dos veículos mais populares da marca.
Já o Fiat Doblò apresenta suspensão dianteira do tipo McPherson com agregado, onde são instaladas as bandejas, coxim inferior do câmbio e caixa de direção, que tem fácil remoção, mas exige a retirada do coxim de câmbio, que fica na direção do parafuso de fixação da mesma.
A barra estabilizadora dianteira é ligada as bandejas sem fixação. As pontas da barra apenas passam por dentro das buchas, até com boa folga, o que diminui a vida útil e não dá precisão de funcionamento, mas o custo parece ter sido o objetivo principal.
Na barra traseira são utilizadas bieletas, e para a manutenção das buchas de ligação a carroceria é preciso remover o tanque de combustível. O eixo traseiro é do tipo rígido e sustentado contra deslocamentos laterais e longitudinais, unicamente pelos feixes de mola. Na versão avaliada não havia a válvula reguladora sensível à carga para os freios, pois estava equipada com ABS.
O motor está equipado com injeção eletrônica Marelli IAW 7GF e ainda não utiliza sensor de oxigênio após o catalisador. Apesar do grande espaço no cofre do motor, a vida do reparador já não é tão simples quando for necessária substituição do sensor de oxigênio, limpeza do TBI, que agora está próximo ao motor de arranque, ou a troca do filtro de óleo.
Para remoção do protetor de cárter é preciso soltar também as capas plásticas laterais de proteção, que torna o serviço um pouco mais trabalhoso, mas dá acesso total a parte frontal do motor.
A caixa de câmbio tem engates precisos graças ao comando por cabos e sua remoção é facilitada pelo bom espaço para a ventoinha. O sistema hidráulico de acionamento da embreagem permanece como no antigo 1.8 8v.
Manutenção
No comparativo do custo de autopeças, o Fiat leva vantagem de 9% sobre o Peugeot, no geral, o que indica uma disputa bem acirrada. Dos 21 itens pesquisados, o Doblò tem melhor preço em 10 (filtros de combustível e óleo motor, óleo motor, velas, pastilhas e discos de freio dianteiro, cilindro de roda traseiro, fluido de freio, jogo de batentes em “PU” da haste (par) e silencioso traseiro), enquanto o concorrente francês nos outros 10 (filtro ar, correia dentada e poli-V, coxim superior do motor, líquido de arrefecimento, lona de freio (sistema tambor), amortecedores dianteiros e traseiros, bateria, bomba de combustível e pneu). Pela primeira vez na história destes comparativos, um item apresentou custo idêntico em ambos modelos: a bobina, que no Fiat custa R$ 296, e no Peugeot, R$ 297.
Na lista de preços, o Doblò apresenta quatro itens com custo muito maior do que o Peugeot. Algo do tipo absurdo. São eles correia Poli V (diferença de 50%), coxim superior (mais de 184%), lona de freio (76%), e amortecedores dianteiros (81%); já o Partner tem cinco produtos muito mais caros, com destaque para o cilindro de roda traseiro, que chega a uma diferença de 8 vezes mais (R$ 75 no Fiat contra R$ 608, no Peugeot). Os demais itens são fluido de freio (136%), jogo de batentes (120%), filtro de combustível (70%), e discos de freios (58%).
Se por um lado o Doblò leva vantagem no custo de manutenção do sistema de freios, por outro o Partner tem preço de peças de motor mais em conta. O conjunto de correias (dentada e poly-V) e coxim no Peugeot é metade do preço do Fiat, porém, é preciso lembrar que o motor E.torQ utiliza corrente de transmissão, que tem vida útil muito superior à correia dentada de borracha.
Os preços das peças do sistema de freios da Doblò são quase a metade dom que as da Partner, na somatória de todos os itens. São R$ 827,20, no Fiat contra R$ 1.449,60, no Peugeot.
Na rua
Ambos modelos cumprem bem o papel de levar com conforto os passageiros, uma vez que têm bom espaço interno. Foram pensados para isso. A posição de dirigir não é das melhores, mas para quem gosta de carros altos, e dirigir sentado como que em uma cadeira, é prato cheio.
O motor E.torQ se mostrou mais adequado para o trânsito urbano, pois como grande parte do torque é obtido em baixas rotações, privilegia a economia de combustível.
Porém, em regimes de rotações mais elevadas, na estrada, o 1.6l 16v da Peugeot é mais econômico. Seria até mais se a quinta marcha fosse um pouco mais longa. Isso ajudaria ainda no nível de ruído percebido na cabine. Ambos mostraram ser barulhentos com rotação acima de 3.500rpm.
Contudo, são veículos familiares, para quem não se importa com design. Pode ser que alguém os considere belos, afinal tem gosto para tudo. (Colaborou Marco Antonio Silvério Júnior).