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Quem atua na reparação há mais de 18 anos há de lembrar do inicio da Lei de Emissões que promoveu uma verdadeira revolução na reparação automotiva, pois mudava radicalmente a forma de realizar a manutenção nos motores.
Só quem viveu esta época é capaz de avaliar o clima de incerteza que tomou conta da indústria de reparação independente nestes tempos, em que mecânicos orgulhavam-se em dizer coisas do tipo: fio não é comigo, sou mecânico e qualquer coisa que envolva fios é para auto elétrico mexer!
Pois é, dá para imaginar, nos dias de hoje, um mecânico que não mexa em fios? Que não conheça a Lei de Ohm?
Pois, no início dos anos 90, quando os primeiros carros injetados e os primeiros catalisadores começaram a a circular na ruas, havia quem apostasse que o mecânico independente (o mesmo que se orgulhava d enão mexer em fios...) não teria condições de reparar veiculos injetados e que estes ficariam reféns das concessionárias na hora da manutenção, pois o reparador independente não seria capaz de realizar este salto de conhecimento.
Décadas sem fio
A mecânica automotiva permaneceu praticamente inalterada, por décadas e décadas a fio. No tempo do carburador, praticamente tudo era operado mecanicamente nos motores, com exceção do sistema de ignição (platinado) a única parte elétrica que o mecânico se dignava a entender e reparar, porém dínamo, alternador, iluminação, não era assunto para os reparadores da época e ai sim entrava a figura do auto-elétrico.
Em função desta mecânica “imutável” os reparadores da época aprendiam a profissão de forma prática, não haviam praticamente cursos e necessidade de estudo formal para se lançar na profissão.
O conhecimento era transmitido de pai para filho, de mecânico experiente para o iniciante, e, assim por diante, não havia a necessidade, essencial nos dias de hoje, de cursos e treinamentos.
O primeiro desafio para os reparadores da época foi a popularização da ignição eletrônica que jogava o platinado no lixo e criou muita dor de cabeça para os profissionais da época.
Pois não muito adiante, no início dos anos 90, a tecnologia da injeção eletrônica, jogava o carburador no lixo e o motor passava a ser gerenciado por um monte de fio, sensores, centralina, etc.
Quem não entendesse de eletricidade, por mais experiência que tivesse em mecânica pura, não poderia nem sequer chegar perto de um motor.
Na época chegava-se a especular se o futuro da reparação independente estaria nas mãos do auto elétrico que aprenderia mecânica ou do mecânico - aquele que se orgulhava de não mexer em fios! – que desenvolveria o conhecimento de eletricidade?
Pois o resultado nós já sabemos, e hoje qualquer profissional que se lança na profissão de reparador precisa entender de eletricidade, que se tornou um requisito básico, sem falar no profundo conhecimento das questões mecânicas que continuam a existir.
Tudo isso se resume no seguinte:
- a profissão de mecânico se sofisticou, tornou-se mais complexa e o profissional – que hoje prefere ser chamado de reparador – a ela se dedica um profissional que precisa de formação e constante atualização, assim como profissionais de outras áreas, como médicos, dentistas, etc.
E o catalisador?
Pois é o no meio desta revolução, de forma, quase que sorrateira, surgiu um novo elemento na rotina de reparação, pois além da injeção eletrônica, as Leis de Emissões exigiam mais; o sistema eletrônico sozinho não era capaz de gerenciar o processo de combustão a tal ponto que o que saía no escapamento ficasse dentro dos limites exigidos pela legislação.
Era preciso um elemento ainda mais “ativo” e na linha de frente das emissões. Diretamente posicionado no sistema de escapamento surgia o catalisador. Inicialmente denominado erroneamente de “filtro”, o catalisador não tinha nada a ver com isso. Porém o resultado sim, pois os resíduos do escapamento, ao passarem pelo catalisador, tinha suas características químicas transformadas de forma que os elementos mais contaminantes eram transformados em inocentes elementos para a atmosfera.
Na prática da manutenção o catalisador, em função da falta de uma legislação especifica, era relegada a uma situação quase marginal.
Por um lado os fabricantes mais focados na linha da montadora, em função dos baixos números de peças aplicadas na reposição (como dissemos dependia da consciência do dono do carro ) que não justificavam grandes investimentos para fomentar o mercado de reposição.
Para aqueles que conhecem, mais de perto a história do catalisador na reposição é importante registrar que, no início dos anos 90, a Newtechnos, primeiro fabricante da peça no Brasil, retaliou uma série de trabalhos, não só na mídia impressa, mas também em palestras totalmente voltadas para os reparadores, contendo esclarecimentos sobre aspectos construtivos, funcionamento e manutenção.
Depois deste intenso trabalho da Newtechnos e pelos motivos já comentados, o catalisador caiu no ostracismo dentro do processo de reparação, sendo que muitos mecânicos, às vezes a pedido dos donos de carros ou por indicação deles próprios preferiam simplesmente tirar a peça, ou colocar o elemento oco, para evitar gastos ou problemas com entupimentos.
As sistemáticas campanhas movidas pelo governo, organizações sociais e empresas privadas em prol de uma maior conscientização ambiental, aonde o automóvel é um alvo direto e consequentemente a peça mais responsável neste processo, seja o catalisador, fizeram com que se esboçasse uma maior troca da peça, em vez de sua simples eliminação.
Porém ,somente com advento da lei que avalia as emissões nos veículos, é que o catalisador, passou ser considerado peça essencial, e por força de Lei, ganha seu espaço na oficina e no dia a dia da reparação é o que evidencia a pesquisa realizada pela Cinau.
Como veremos, a legislação levou o catalisador para seu devido lugar, ou seja, ele deixa de ser um “pedaço de cano” para ser incorporado definitivamente como uma “peça do motor” ligada diretamente aos mecanismos de controle de emissões (assim como sensores, atuadores, etc.) e que passa a fazer parte do troubleshooting de qualquer desarranjo que um motor apresentar.
Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul (Afeevas)
Desde abril deste ano, está proibida a comercialização de catalisadores não homologados pelo Inmetro. Por isso, vale ficar atento ao selo do instituto na embalagem e à gravação na carcaça do componente.
Elcio Luiz Farah, diretor executivo da Afeevas, aponta que não é de hoje a preocupação do órgão em regular a qualidade dos conversores catalíticos comercializados no País.
“A Afeevas vem trabalhando desde 2002 junto às entidades governamentais para garantir ao mercado de reposição brasileiro peças de excelente nível de qualidade, uma vez que nossas associadas participam diretamente do mercado de catalisadores com produtos cuja qualidade é avaliada e certificada pelo Inmetro”, afirma Farah.
Opinião dos reparadores
Eduardo de Freitas Topedo
No ano de 2010, muitos veículos estavam sem a peça, ocos, e o mais impressionante é que muitos tinham a peça instalada, porém sem eficiência. Isso se explica pelo fato de que vários veículos estavam rodando com o sistema de ignição danificado e também com o sistema de injeção com avarias, fazendo com que o motor trabalhasse com excesso de combustível, reduzindo assim a vida útil do catalisador.
A maioria desses veículos foi reparada; apesar disso, é um mercado que tem a tendência de se manter estável em suas vendas, em virtude da manutenção desses carros que precisam manterem-se aprovados nos apertados limites estabelecidos para continuar circulando, tendo em vista que, na prática (dependendo da manutenção do veículo), esse componente tem uma vida útil de cerca de 80 mil km.
Não podemos esquecer ainda que existem no mercado catalisadores sem o selo do Inmetro e que tem sua qualidade duvidosa e com seus dias contados, pois catalisadores, agora, só com a comprovação de eficiência atestada pelo Inmetro. Melhor para o consumidor.
Amauri Gimenes – Centro Automotivo Vicam
Antes da IAV, os catalisadores eram tidos pelos clientes como dispensáveis, já que a sua falta não impedia a utilização do veículo. Na maioria das vezes, quando quebravam ou entupiam, o cliente optava por retirar a cerâmica e raramente pela troca da peça, devido ao custo do catalisador. O que mudou agora é que a função do catalisador no sistema de escapamento tornou-se fundamental para o resultado da emissão de gases dentro dos limites da IAV.
Os preços no geral diminuíram, primeiro por conta do aumento da procura, mas principalmente pelas mudanças das características físicas, às quais tornaram o custo da produção da peça mais barata e, finalmente, o preço de venda mais baixo.
Explicar a necessidade da troca ao cliente é fácil, porém, o difícil é convencê-lo a não utilizar o de marca ou procedência duvidosa, devido à diferença de preço, chegando, muitas vezes, até a metade do preço do catalisador de qualidade.
Carlos Bernardo - Design Mecânica
Como aqui em Campinas ainda não existe a inspeção obrigatória, os clientes trocam o catalisadores somente por necessidade,análise de gases fora ou barulho. Nós temos facilidade de provar que é necessário relizar a troca do componente, mas o cliente muitas vezes acaba deixando de trocar porque tem o custo elevado, e não é punido por isto, ainda!
Muitos carros circulam por aqui com catalisadores falsos ou sem o miolo. Eles pedem para retirar, mas não fazemos, então o cliente vai até outra oficina e fazem. A inspeção vai trazer maior conscientização.
Pesquisa
Realizada entre os dias 10 e 25 de maio, a pesquisa ouviu aproximadamente 1.000 reparadores separados por região (Município de São Paulo e demais regiões) para que pudéssemos avaliar melhor os impactos da legislação que torna obrigatório a avaliação das emissões dos veículos licenciados no município de São Paulo e demais regiões onde isso não acontece.
O primeiro número que chama a atenção é o fato de que a troca de catalisadores foi triplicada na região do Município de São Paulo se comparado as outras localidades.
Tal fato se deve ao outro indicador que aponte que quase 37% dos carros reprovados tinham problema com o catalisador o que determinou sua substituição.
Outro indicador de que o catalisador passou a ser considerado pelo reparador um peça fundamental e não mais um pedaço de cano, é o fato deste considerar o preço menos importante do que a qualidade.
Assim, nosso reparador entende que não adianta economizar para depois ter problemas, aliás, nossas pesquisas sempre revelam um alto grau de conscientização do reparador brasileiro em relação à qualidade e procedência das peças aplicadas e apenas uma
minoria arrisca na utilização de itens piratas ou de procedência duvidosa.
Já em relação à qualidade percebe-se que há espaço para um trabalho de abastecimento dos reparadores em questões técnicas, pois mais de 60% reconhecem ter pouco acesso a informações sobre este produto.
Outros dados exemplificados no gráficos da pesquisa completam o cenário da relação do catalisador com as oficinas, e a prova definitiva de que catalisador ganha importância no dia a dia da oficina e ganha status de peça fundamental para o bom funcionamento do motor.