Apresentado ao público no Salão do Automóvel de 2008, o conceito LRX surpreendia pela grande inovação no design da Land Rover, deixando um pouco de lado os carros “quadradões” e trazendo um SUV de linhas arredondadas e modernas, trazendo como maior identidade da marca a grade frontal.
Pouco se acreditava, mas no ano de 2011 o sonho se tornou realidade. Rebatizado como Evoque, o modelo impulsionou um grande “boom” de vendas da marca no mundo. Segundo a montadora, o carro será responsável em breve por 40% do total comercializado nos continentes.
NA REDAÇÃO
Tivemos o prazer de testar um Evoque Dynamic Coupé por sete dias e o gostinho de quero mais perdura até hoje. Trafegar com um carro que onde quer que você vá é notado, soa um tanto quanto interessante. Depois de certo tempo, você até acostuma com isso e nem sequer percebe os olhares entrecruzados. Dirigir um Evoque é como dar um salto para o futuro. Seu painel de instrumentos, o design tanto dos componentes da cabine quanto do exterior do veículo remetem a linhas fluidas e futuristas, o carro parece ter sido desenhado em um túnel de vento.
DESVENDANDO...
O Evoque é mais um exemplo da tendência mundial de proporcionar desempenho com um motor cada vez menor. A isso damos o nome de downsizing e neste Land Rover podemos dizer que isso deu muito certo. O motor 2.0 Turbo Intercooler com injeção direta de gasolina oferta 240 cv de potência e torque máximo de 34,6 kgfm, tudo isso disponível a partir dos 1.750 rpm. (FOTO 1)
Segundo a montadora, o carro pode sair da imobilidade aos 100 km/h em 7,6 segundos e uma velocidade máxima de 217 km/h. Na verdade, esse “crossover-SUV-coupé” tem desempenho condizente com um pequeno esportivo. Outro ponto favorável é o consumo de combustível, onde conseguimos atingir uma marca média de 10,7 km/l.
O modelo utiliza câmbio automático (com conversor de torque) de seis marchas que proporciona trocas extremamente rápidas e suaves. Podemos destacar o modo diferente de selecionar as marchas: através de um botão giratório no console central, assim como ocorre em alguns modelos da Jaguar, montadora irmã da Land Rover. Para o tráfego com a função 4x4, o sistema é controlado através do ABS, controle de estabilidade e inclinação da carroceria, onde é denominado pela fabricante como “Terrain Response”. Esse é o grande responsável pela vocação todo-terreno do Evoque. (FOTO 2)
No pacote de “mimos” aos ocupantes podemos citar: “sistema multimídia de áudio e vídeo com reprodutor de CD, pendrive, Ipod, bluetooth com função streaming (reproduz músicas do celular através da conexão bluetooth), televisão analógica e digital e GPS. Outro destaque é a utilização de cinco câmeras distribuídas da seguinte maneira: uma abaixo de cada retrovisor, uma na traseira e uma em cada extremidade da região frontal; tudo isso permite que você tenha uma visão de 360º externos do veículo, facilitando manobras em regiões de espaço reduzido, por exemplo, ou simplesmente para melhorar a visibilidade. Na região dos retrovisores a visibilidade é prejudicada, devido aos retrovisores e também a coluna “C” ocuparem uma grande região no campo de visão do motorista.
A lista de itens ainda não terminou. O modelo conta ainda com assistência para estacionar o veículo sozinho. Este sistema funciona basicamente igual ao da Volkswagen Tiguan. (FOTO 3)
TAMBÉM NA TERRA
Apesar de seu visual urbano, o Evoque também é capaz de enfrentar trilhas. No caso de uma trilha leve, por exemplo, a suspensão conta com o sistema Adaptive Dynamics. Levamos o veículo na “The Specialist”, oficina especializada em Land Rover na região de Santo Amaro, em São Paulo, para que o engenheiro automotivo Luiz Fraga comente sobre este sistema: “Esses amortecedores possuem um fio conectado, portanto este é um amortecedor reológico que basicamente funciona com um solenoide dentro de um fluido que possui componentes magnéticos. Quando passa a corrente pelo solenoide, o fluido eletrizado muda de viscosidade. Assim o amortecedor fica mais macio ou mais duro, dependendo das condições da via a qual o veículo trafega”. (FOTO 4)
REPARABILIDADE
A primeira boa dica do engenheiro Luiz foi quanto a similaridades do veículo com outro modelo da marca: “Praticamente todo o undercar do Evoque é similar ao do Freelander 2, exceto pelas bandejas que, apesar de terem um desenho similar, são fabricadas em alumínio”. (FOTO 5)
“No cofre do motor a posição dos componentes também é muito simular. O coxim de fixação do motor e o local de fixação da bateria também são iguais”, acrescentou Luiz. (Fotos 6, 6A, 6B)
“O módulo do ABS também possui fácil acesso para os casos de manutenção. Já a turbina é bem difícil, ficando localizada próxima à parede corta fogo do motor, assim, em caso de manutenção será necessária a desmontagem de alguns componentes que ficam nas proximidades”, orientou Luiz Fraga. (FOTO 7)
“A Rede Can desse carro é muito avançada. O prejuízo desse sistema é que quando houver falha em um componente, acaba ocorrendo um efeito “em cascata” em outros subsistemas. Assim, quando realizamos a leitura com scanner próprio da marca, acaba apontando um defeito que na verdade pode não ser o causador da falha, mas sim um afetado por estar interligado a este. Devemos ter bastante cuidado no diagnóstico desses veículos. Por exemplo, o defeito pode estar no diferencial traseiro e, ao realizar a leitura, esta pode apontar um monte de outras coisas que estão em bom funcionamento”, comentou o engenheiro Luiz.
“A maior diferença entre este modelo e Freelander 2 é o motor, que no Evoque é um quatro cilindros e no outro é um seis cilindros em linha, porém, no restante os veículos são bem similares”, apontou Luiz.
“No momento da reparação, não dá para desarmar o freio de estacionamento se o reparador não tiver um software da marca. Somente assim conseguimos mandar o sinal para que este libere as rodas para a manutenção. Todos os Land Rover que possuem freios de estacionamento com acionamento elétrico geram uma dificuldade para o reparador”, disse Luiz. (FOTO 8)
“Toda a parte eletrônica do veículo trabalha com sinal PWM com três sistemas de rede can de alta media e baixa frequência”.
Um fato curioso deste veículo é o funcionamento de sua tela multimídia. Quando ativamos a função TV, o motorista não consegue ver o que passa na tela, mas o passageiro enxerga normalmente. O especialista Luiz Fraga explicou como isso é possível: “essa tela é do tipo trapezoidal onde em uma lateral há uma linha de emissores-receptores e na outra lateral há outra, formando assim algo semelhante a um trapézio. Quando o veículo entra em movimento, apenas o conjunto emissor-receptor voltado para o passageiro atua, já o do motorista desliga. É uma tecnologia muito legal”, ensinou Luiz Fraga. (FOTO 9)
Sempre conhecida por seu estilo conservador, a Land Rover acertou em cheio na produção do Evoque, revolucionando um segmento que sempre foi morno e conquistando novos consumidores e adeptos à marca. Agora, aguardamos essa mesma atitude voltada ao mercado de reparação Premium, onde sabemos que esse tipo de veículo também irá frequentar com o passar do tempo.