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Lugar de mulher também é na oficina, onde a grande maioria acumula os papéis de administradoras do negócio e do lar. No mês de comemoração do Dia Internacional das Mulheres (8 de março), o jornal Oficina Brasil homenageia todas as esposas, mães, irmãs, filhas e colaboradoras que prestam serviços fundamentais para manter tudo em ordem
O fato de as mulheres deixarem o papel de donas-de-casa para trabalhar fora já não é novidade há muito tempo. Seguindo essa tendência, muitas delas entraram no segmento de reparação, onde predominam os homens, encontraram espaço na área administrativa e hoje são peças fundamentais em muitas oficinas mecânicas. Além disso, ainda cuidam dos afazeres domésticos e conseguem tempo para se dedicar aos filhos.
Na oficina Fire Birds, de Piracicaba (SP), Marilda Helena Olsen é quem comanda toda a área administrativa. Ela entrou na empresa há três anos para ajudar o marido, Hélio Olsen, que já não conseguia mais conciliar as ocupações administrativas e mecânicas. "Eu acredito que as mulheres se dão bem nessa área por serem mais organizadas e também terem mais habilidade para o atendimento aos clientes", afirma Marilda.
Outro fator fundamental para o sucesso de Marilda na oficina é o conhecimento que ela possui na área. Formada em Administração, adquiriu experiência nos anos em que trabalhou no segmento bancário. Ela afirma que encontrou dificuldades no início para se acostumar com as peças automotivas. "O conhecimento técnico foi uma barreira que tive que superar com o tempo, além do que alguns clientes não foram muito receptivos ao lidar com uma mulher, por isso sempre procurei ficar informada sobre o que eu negociava", conta.
O casal está junto há 17 anos e tem uma filha de 15 anos. Para Marilda conseguir dar conta do trabalho na oficina e em casa, ela organiza todos os compromissos do dia em uma agenda. Desde trabalhos administrativos até reuniões na escola da filha.
O marido acredita que a participação dela na empresa é fundamental e trouxe uma nova postura administrativa. "A diferença na oficina desde que ela entrou foi muita e a participação dela é decisiva", ressalta Hélio Olsen.
Sistemas
Na Auto Mecânica Scopino, de São Paulo (SP), a presença de uma mulher na administração trouxe uma série de metodologias de trabalho para facilitar o dia-a-dia na oficina, além de potencializar as possibilidades de negócios na empresa. A gerente administrativa, Izabel Scopino aplica na oficina os conhecimentos que aprende na faculdade de Administração.
De acordo com Pedro Scopino, dono da oficina e marido de Izabel, a importância de ter a companhia da esposa na parte administrativa é grande porque ela é mais rigorosa com os números. "O que ela produz de relatórios é formidável, como perdas, ganhos, investimentos na empresa, nos funcionários. Com isso eu posso ter uma visão mais completa da empresa", conta o mecânico.
Izabel conta que nos seis anos em que trabalha com o marido conseguiu implantar sistemas administrativos que trouxeram agilidade à empresa. "Começamos a adotar um sistema de cartão de ponto com crachá digital para os funcionários. Na parte administrativa a gente começou a programar todas as transações financeiras pela internet", diz. Além do trabalho, ela cuida dos dois filhos no período da manhã. "Não sei como ela consegue dar conta de tudo. O importante é que a gente está sempre batalhando juntos", fala Scopino.
Experiência
A gerente administrativa da Auto Mecânica Peghasus, Suzana Candido, trabalhou por muitos anos no departamento de contabilidade de uma das maiores seguradoras do país. Depois que engravidou pela primeira vez, precisou ficar em casa para cuidar do casal de gêmeos, hoje com 11 anos, e da filha mais nova, que tem 8. Com isso começou a ajudar o marido, Silvio Candido, mecânico e dono da oficina, em algumas tarefas administrativas.
Com o passar do tempo Suzana começou a exercer novas funções e a acumular responsabilidades, e o trabalho começou a dar certo. Ela viu que poderia utilizar na oficina muito do que aprendeu na seguradora. "Passei a tomar decisões e trabalhar em diversas áreas na oficina, como contabilidade, finanças e marketing", conta Suzana.
A gerente fez diversos cursos de especialização na área administrativa para se manter sempre atualizada e também acredita que um dos principais pontos que conseguiu melhorar aplicando o conhecimento adquirido foi o atendimento aos clientes. "O atendimento na oficina precisa ser diferenciado, para que os clientes sejam bem recebidos e se sintam bem na empresa", diz.
Suzana também teve problemas com os nomes das peças dos veículos e para se adaptar ao novo mercado precisou de muito esforço. "Os mecânicos têm costume de dar diversos nomes para uma peça só e isso dificultou o aprendizado", lembra.
Relacionamento
Um ponto delicado apontado pela gerente é o relacionamento com o marido na oficina e em casa. Ela conta que no começo era difícil porque os dois não sabiam dividir as situações, mas com o tempo eles se acostumaram e começaram a resolver as diferenças com mais tranquilidade. "Os problemas na oficina ficam na oficina e não levamos mais para casa", afirma Suzana.
Os três casos têm em comum o respeito dos casais com relação ao espaço e trabalho de cada um. Todos concordam que a participação da mulher na oficina pode acrescentar, e muito, em questões como organização e qualificação do atendimento aos clientes. E ainda assim, as mulheres conseguem se dedicar à criação dos filhos e aos cuidados da casa. Não é à toa que elas conquistam cada vez mais espaço nas empresas e possuem um dia do ano dedicado às mulheres.
O casal Héilo e Marilda Helena Olsen, da oficina Fire Birds, de Piracicaba: enquanto ele põe a mão na graxa, ela comanda toda área administrativa
Matéria da edição Nº217 - Março de 2009