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Afinal de contas, o que combustível em geral e donos de carros têm a ver com o mecânico independente? A resposta para esta pergunta foi obtida, por meio de um trabalho conjunto de pesquisas realizadas entre as empresas parceiras no programa Cuide do Carro, Grupo Oficina Brasil e I-Carros do Banco Itaú.
O trabalho de pesquisa aconteceu simultaneamente nos sites do I-Carros – que é visitado por mais de oito milhões de donos de carros por mês - e o site do jornal Oficina Brasil, dirigido ao público profissional da reparação com uma visitação de 180 mil reparadores a cada 30 dias.
“A possibilidade de realizar pesquisas sincronizadas e dirigidas a donos de carros e seus mecânicos de confiança nos permite comprovar e mensurar a influência do reparador, junto aos seus clientes, e que impacta na demanda de produtos como pneus, amortecedores, baterias e até combustíveis como foi o foco deste trabalho”, explica Cassio Hervé, diretor do Grupo Oficina Brasil e Central de Inteligência Automotiva (Cinau).
A leitura atenta dos resultados deste trabalho comprova que o dono do carro ouve o seu reparador de confiança, quando o assunto é o abastecimento de seu carro, seja em relação à marca e tipo do combustível, assim como à fidelização a um posto ou bandeira como forma de evitar o combustível adulterado; aliás, esta realidade de mercado (falsificação de produtos) é certamente um fator que estimula o diálogo entre o dono do carro e seu mecânico de confiança.
Um diálogo estimulado pela adulteração
Cada vez que um dono de carro tem um problema em função de abastecimento em um posto que vende combustível “batizado”, quem vai resolver o problema (falhas no motor) é o mecânico de confiança da oficina independente, em 90% dos casos. Tal realidade, força o diálogo entre o proprietário do veículo e seu reparador, pois é uma situação que causa prejuízos para ambos e que pode ser evitada, mediante à adoção de algumas medidas, dentre elas, a recomendação à fidelização a um posto.
Neste sentido, a pesquisa revela que mais de 40% dos donos de carros já tiveram problemas com adulteração! Este número nos permite dizer que quase um em cada dois carros que rodam no Brasil já engasgaram em função de um abastecimento em posto que vendia combustível pirata.
Em termos numéricos, podemos montar a seguinte equação:
- 42% da frota circulante (considerando 33 milhões de veículos), ou seja, 14 milhões de automóveis buscaram uma oficina por problemas mecânicos provocados por abastecimento com combustível adulterado. Destes 14 milhões, levando em conta dados do Sindirepa São Paulo, 90% foram atendidos em oficinas independentes. Assim 12,5 milhões de carros foram encaminhados a estes estabelecimentos para que as panes causadas pelos combustíveis adulterados fossem sanadas.
Como sabemos, na oficina independente, o dono do carro costuma conversar com o reparador (aliás, este um dos diferenciais que proprietários de veículos consideram vantajoso em relação ao normalmente impessoal atendimento das concessionárias), e a tônica da conversa entre os dois nestes casos é certamente o combustível e os hábitos de abastecimento. E é este o momento em que o reparador independente fala o que foi identificado no trabalho.
Do ponto de vista do reparador, em outra pesquisa dirigida a este grupo, identificamos que se combustível adulterado representa transtorno e prejuízo para o dono do carro, não é diferente para a oficina.
Em 2008, a Cinau realizou amplo trabalho de avaliação dos impactos da adulteração de combustíveis na oficina, pois havia um mito de que a adulteração “só era boa para o mecânico”, pois trazia mais serviços...
Ledo engano, pois o reparador sofre, e muito, com esta realidade, uma vez que o dono do carro, muitas vezes depois de uma boa revisão, retorna à oficina com o carro falhando e atribui o fato à incompetência do mecânico. Por outro lado, a maioria dos reparadores zela e se compromete com o bom funcionamento do carro do cliente; daí, a pesquisa da época indicava que 85% dos reparadores viam os problemas causados pela adulteração como um fato indesejável.
Apesar da atual pesquisa não ter avaliado diretamente a percepção atual do mecânico sobre este assunto, acreditamos que a situação não mudou, e, quando este trabalho atual indica que 88% dos reparadores recomendam fidelidade do cliente a um posto, estão comprovando o que foi identificado na avaliação de 2008: a fidelização a um posto é o passo mais seguro para mitigar o risco de um abastecimento com combustível pirata, pelo menos identificar a origem do problema.
Só para concluir esta avaliação sobre o diálogo entre o mecânico de confiança e seu cliente dono do carro, destacamos que, na pesquisa, 90% dos reparadores informaram que são questionados pelos seus clientes quando o assunto é combustível; já pelo lado dos donos de carros, 60% relataram que costumam esclarecer suas dúvidas com os seus reparadores de confiança das oficinas independentes.
Chama atenção na avaliação do dono do carro a baixíssima confiança nos frentistas dos postos, onde apenas 6% confessaram ouvir este profissional quando o assunto é abastecimento.
Como segundo influenciador do dono do carro na hora de esclarecer dúvidas sobre combustíveis, aparece a figura dos “amigos”, com 40% (como a resposta era múltipla, o total da avaliação passa de 100%). Neste caso, considerando que esses amigos também possuam carros e sigam a média estatística – em 90% dos carros levarem seus carros em oficina independentes para manutenções –, é muito provável que suas opiniões (pelo mecanismo já identificado na pesquisa) também tenham sido formadas com a ajuda de seu mecânico de confiança). Assim, a opinião expressa pelo amigo é certamente influenciada por seu reparador de confiança.
Para o bem e para o mal, prevalece a opinião do reparador
Quando estudamos o mercado é fundamental que nos amparemos em dados de pesquisas para entender seu dinamismo longe dos “achismos”. E, neste sentido, o que encontramos nem sempre é agradável, mas, para quem quer caminhar de forma segura, nada melhor do que a verdade e a frieza dos números.
Fazemos esta observação, pois há um dado que pode provocar preocupação entre os especialistas e empresas que operam na área de gasolinas, pois 28% dos reparadores informam que costumam indicar a seus clientes a utilização de gasolina comum.
Até onde sabemos - e no sentido de promover o esclarecimento abrimos espaço para quem quiser se manifestar (entre em contato com o jornal pelo email [email protected]) – a gasolina comum, está com seus dias contados, pois não apresenta vantagens em relação à aditivada, levando em conta aspectos técnicos e não o preço. O resumo seria o seguinte:
- na relação custo x benefício não há razão para economizar com o uso do combustível comum, em função das vantagens técnicas do aditivado.
Diante deste quadro, é impressionante que ainda 30% dos reparadores recomendem este tipo de gasolina a seus clientes. Porém, se levarmos em consideração outro levantamento da Cinau realizado no ano 2000, 60% dos reparadores recomendavam a gasolina comum, pois naquele tempo acreditava-se que a gasolina aditivada “soltava toda a sujeira do sistema de injeção e provocava entupimentos”. Os dados comprovam que houve progresso.
A recomendação do tipo de gasolina também surpreende no momento em que 14% dos reparadores já indicam as gasolinas do tipo Premium; certamente um número respeitável, principalmente se reconhecermos que este tipo de combustível é recomendado para veículos equipados com motores de alto desempenho, principalmente importados, por apresentarem altas taxas de compressão, determinando o uso de combustível de maior octanagem, como é o caso da Podium da Petrobras, V-Racing da Shell, Original Premium da Ipiranga, Texaco Premium, Esso Gold, entre outras.
Tal realidade também pode ser explicada pelo fato de a oficina mecânica independente estar atendendo cada vez mais carros importados e veículos mais novos, pois, como já dissemos na abertura desta matéria, a participação do segmento de reparação cresceu nos últimos anos e a preferência do dono do carro, mesmo dos mais novos, é pela oficina independente.
Em síntese, podemos afirmar, amparados nos resultados desta pesquisa, que o maior formador de opinião sobre combustíveis, marcas, hábitos de abastecimento e que impactam sobre mais de 28 milhões de donos de carros é o reparador independente. Seus conceitos, opiniões, crenças, para o bem da verdade ou de ficções são repassados ao dono do carro e passam a integrar a mente do consumidor como verdades; afinal, quem falou foi o seu mecânico de confiança.
Dono de carro: Você conversa com seu mecânico sobre combustível e qual a recomendação dele?
Rodrigo Godoi - São Paulo
Não era muito de conversar, até eu ter problemas com sujeira nos bicos do meu Fox, devido ao uso de combustível de má qualidade. Então, tive de solicitar uma orientação. Meu mecânico disse para escolher um posto de grande nome e, como meu carro é Flex, sempre colocar um pouco de gasolina comum misturada ao álcool.
Ignácio Mondelo - São Paulo
Sim, converso com meu mecânico sobre o combustível. Como ele não possui nenhum posto em que confia plenamente, a recomendação dada é de abastecer sempre em postos com bandeiras, pois ele acredita que são mais confiáveis.
Dono de oficina: Seus clientes questionam sobre combustível? E qual a recomendação dada?
Claudemar Bueno, Varga Tatuapé, SP
Os clientes fazem muitas perguntas, principalmente quanto à qualidade. Temos muita reclamação. Na maioria das vezes, os questionamentos acontecem quando os carros chegam com problemas por conta do combustível. Sugerir um local específico pode ser constrangedor. Costumo falar que, mesmo abastecendo sempre no mesmo posto, ainda não é 100% confiável, pois, às vezes, este pode mudar de distribuidora e o combustível pode vir diferente. Mas, sugiro bandeira ou distribuidora, e também que evite posto de bandeira branca; sempre procure algum com bandeira, é mais confiável.
Jeferson Ferreira de Lima, da NS Glória AutoCenter, RJ
Sim, meus clientes me fazem perguntas sobre combustível. O que recomendo sempre é ficar de olho no preço do mercado, pois se o governo anuncia um valor e o posto está muito abaixo dele, é claro que se deve desconfiar da procedência. Também não recomendo combustível aditivado aos carros que não precisam, mas se o cliente quiser usar, não posso impedi-lo. O combustível brasileiro, com qualidade, funciona muito bem, está dentro dos padrões; porém, os donos de posto também devem ter responsabilidade, por isso também recomendo ficar sempre de olho na qualidade do posto.