Conheça procedimentos que podem contribuir na redução de emissão de poluentes e também preservar a mecânica deste modelo. Veja também conselhos de reparos simples que, se não forem seguidos, podem danificar este motor
Vendido no Brasil entre 1996 e 2000, ainda existem muitos exemplares de Chrysler Stratus rodando por aí, principalmente por ser um veículo extremamente confortável, espaçoso e recheado de itens de série que alguns veículos 0km nacionais não oferecem nem como opcionais. Disponível nas motorizações 2.0 16V e 2.5 V6 24V, com câmbio manual (a minoria deles) ou câmbio automático de 4 marchas (com sistema Autostick - seleção manual de marchas ou automático), sua mecânica robusta e confiável é um dos grandes aspectos elogiados no Stratus.
No entanto, a maioria dos reparadores independentes tem dúvidas quanto ao reparo. Este modelo já foi matéria em algumas edições anteriores e teve grande número de acessos, por isso estamos apresentando alguns dos problemas mais comuns e ainda não abordados anteriormente e como repará-los. Sandro dos Santos, sócio da Dr. Chrysler – oficina especializada da zona norte de São Paulo, revela como reparar este ícone americano.
MANGUEIRA
Deve-se ter muito cuidado com esta mangueira que entra no tubo da flauta do motor. Os modelos Chrysler, assim como a linha Cherokee, trabalham normalmente em temperaturas acima de 100oC – no Stratus, o eletroventilador é acionado a 104oC - enquanto que um veículo nacional trabalha entre 60o e 80oC.
Durante a reparação é muito comum encontrar esta peça com fissuras ou rachaduras. Isto ocorre por que a temperatura no compartimento do motor pode chegar a cerca de 200oC, e as mangueiras de combustível de fabricação nacional (FOTO 1) não são fabricadas para suportar altas temperaturas. A mangueira de combustível adequada, importada, suporta altas temperaturas e custa cerca de R$ 700. Já a mangueira nacional custa menos de R$ 10,00 o metro e embora o preço seja um grande atrativo, o reparador não recomenda esta substituição. A mangueira importada possui conectores plásticos (FOTO 2), enquanto a nacional precisa ser fixada com abraçadeiras metálicas (FOTO 1). Em decorrência desta substituição inadequada, veículos da linha Chrysler e Jeep podem se incendiar, pois o ressecamento da mangueira causa sua ruptura e vazamento de combustível, iniciando o incêndio. “Se a mangueira de combustível instalada no Stratus for nacional, em 1 mês já é possível encontrar fissuras”, alerta Sandro.
TAMPA MAL FECHADA?
A tampa de arrefecimento do Stratus suporta uma pressão de até 16 P.S.I. (indicado na mesma) para que, quando a água do sistema esquente e exerça pressão, uma válvula presente na tampa abra e mande a água excedente do sistema, através da mangueira, para o reservatório. Com a ausência de aditivo na água do radiador, a corrosão pode atacar as paredes internas da carcaça, prejudicando a vedação e funcionamento desta válvula. O reservatório de água possui dois níveis: um nível normal e um “full hot” (FOTO 4). Quando o motor está frio, a água deve estar no nível inferior. Ao esquentar, a válvula presente na tampa libera a água de volta ao reservatório. Caso a corrosão atinja as paredes internas da carcaça, a válvula perde sua vedação, o motor não consegue fazer a troca de calor nem enviar a água para o reservatório no momento exato.A água circula de modo ininterrupto até o reservatório, o motor fica sem água para refrigeração e esquenta.
REPROVADO NA INSPEÇÃO
Acompanhamos um Stratus 2.5 24V (foto 5) reprovado na Inspeção Veicular apenas em uma avaliação visual, pois emitia fumaça azulada em grande quantidade.
Em um diagnóstico feito na oficina constatamos que:
- os anéis dos pistões estavam dando passagem de óleo;
- os vedadores de óleo estavam ressecados;
Acompanhe os procedimentos para solucionar este problema:
Foram retirados os 2 cabeçotes (foto 6), para fazer o brunimento* dos cilindros, troca dos anéis, limpeza dos pistões, restauração completa do cabeçote, que engloba a troca de guias de válvula, retífica de sedes e esmerilhação das válvulas.
Em seguida, será feita a descarbonização dos dutos de escapamento, que é fundamental. Se não for feita, o restante do trabalho no motor terá sido em vão e será reprovado novamente na Inspeção. Também foram substituídos os vedadores de óleo (foto 7). Estes são comumente reaproveitados por alguns reparadores e colados na tampa de válvula, quando apresentam trincas ou rachaduras. Ao fazer este procedimento, há o risco de vazamento de óleo para dentro do tubo onde está a vela de ignição e dano ao cabo da vela. “Não aconselho esta prática, o recomendável é a substituição dos vedadores”, comenta Sandro.
*Brunimento (foto 8): processo de usinagem de acabamento das paredes internas do cilindro, para desvitrificar, reduzir a conicidade e a excentricidade, e também remover pequenas deformações, estrias e riscas. São microrranhuras em ângulo, que variam entre 90o e 120o e tem como função vedação, controle de consumo e retenção do óleo para a lubrificação da parede dos cilindros e dissipação de calor entre anéis e cilindro.
REMOÇÃO E COLOCAÇÃO
1. Retire o cárter de óleo e os cabeçotes do cilindro. Empurre os pistões para cima.
2. Os pistões não são intercambiáveis entre os bancos direito e esquerdo. Os gravados com a letra R (R de right, direita em inglês) e seta voltada para a parte dianteira do motor devem ser instalados nos cilindros 1-3-5. Pistões com a letra L (L de left, esquerda em inglês) e seta voltada para a parte dianteira do motor devem ser instalados nos cilindros 2-4-6 (foto 9 e fig. 99). Então, identifique os pistões e seus cilindros correspondentes.
Ao retirar os pistões do Stratus, não se preocupe se neles estiver o logotipo Mitsubishi. São os mesmos utilizados no modelo Galant 2.5 (fotos 10 e 10A).
LUBRIFICAÇÃO SUPERIOR
Deve-se atentar a alguns detalhes no procedimento de montagem do sistema de lubrificação superior (cabeçote). Acompanhe:
- Fique atento aos furos da junta – esta que tem posição correta de montagem – para que sejam alinhados com os microfuros inferiores do cabeçote (por onde passa o lubrificante sob pressão). Se a junta for montada de forma errada, impedirá a passagem de óleo e não ocorrerá a lubrificação superior;
Na parte superior do cabeçote, atenção ao instalar a flauta, os balancins e tuchos de válvula, pois eles aceitam montagem em qualquer posição, mas possuem posicionamento correto.
- O lubrificante passa por dentro da flauta, que é oca em seu corpo e possui as extremidades fechadas. Seus furos de lubrificação devem, necessariamente, casar com os furos do cabeçote.- O lubrificante segue pelo par de furos menores da flauta, que devem casar com o furo do diâmetro interno no balancim;
- Na extremidade do balancim existe uma cavidade, onde o tucho deve ser colocado com seu furo voltado para dentro. Este motor não possui regulagem de tuchos, se estes forem montados invertidos, não haverá lubrificação adequada e eles ficarão batendo. Acompanhe no quadro ao lado;
NÃO ESQUEÇA
Alguns cuidados importantes devem ser tomados no momento da montagem do motor:
Fique atento para ligar corretamente o fio terra que vem do chicote, ligado no cabeçote, para a bobina do distribuidor (foto 11).
Também observe a montagem das mangueiras na válvula ERG (foto 12), pois as entradas da válvula são idênticas e as mangueiras se encaixam em ambas. O modo correto de instalação são as mangueiras ficarem paralelas entre si, e não em “X”, adverte o reparador. Esta válvula sai do cabeçote, entra no coletor e reutiliza os gases do escapamento (já aquecidos) para um melhor desempenho, se as mangueiras estiverem invertidas, o carro perde desempenho ou pode falhar.
UNDERCAR
Listamos outros problemas que ocorrem na parte de baixo do Chrysler Stratus:
Suspensão:
- as bieletas dianteiras podem fazer muito barulho;
- os pivôs inferiores da bandeja dianteira quebram e a suspensão cai em cima da roda, cortando-a ao meio.
Freios:
- toda vez que é feita a troca das pastilhas, é necessário calçar as mesmas. Este procedimento é idêntico ao da Cherokee Sport, já publicado no JOB. Entre no site www.oficinabrasil.com.br e confira o passo-a-passo.