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Procedimento para substituição da correia de sincronismo do motor do Chery Celer 1.5


Apesar de ser um produto relativamente novo e desconhecido no mercado brasileiro, a manutenção deste valente motor não é um “bicho de sete cabeças”

Por: Jorge Matsushima e Carlos Júnior - 15 de janeiro de 2016

Na edição Dezembro de 2015, seção “em breve na sua oficina”, reparadores avaliaram o novo Chery Celer 1.5 nacional, que é o primeiro modelo chinês produzido no país, na cidade de Jacareí SP. 

Um dos entrevistados naquela matéria é o Carlos Júnior, colaborador técnico do Jornal Oficina Brasil, 34 anos de idade, técnico em eletrônica com 18 anos de experiência no segmento automotivo. Atualmente ocupa o cargo de coordenador de pós-venda da oficina autorizada DVP Leste, localizada na Vila Carrão, zona leste de São Paulo SP. Carlos Júnior tem ampla vivência como reparador independente, e por isso sabe da importância destes profissionais no processo de consolidação de uma marca de automóveis no mercado, e comenta: 

“Hoje eu imagino que basta chegar um carro chinês em uma oficina independente, que os reparadores já começam a torcer o nariz e coçar a cabeça, pois mesmo sendo um veículo fabricado no Brasil, ainda há muita dúvida, desconfiança ou receio em mexer nesses carros”.

E Carlos Júnior prossegue: “Se por um lado a montadora prioriza a rede de concessionárias até mesmo por questões contratuais, cabe às concessionárias estabelecerem este elo de ligação com os reparadores independentes, que são parceiros fundamentais para garantir o bom atendimento aos milhares de clientes Chery que rodam pelo país. E para que isso não fique só no discurso, nada melhor do que compartilhar informações técnicas e oferecer soluções para que os reparadores recebam veículos Chery e possam atendê-los sem preocupações”. 

Nesta matéria do Consultor OB, Carlos Júnior mostra que a troca da correia dentada do Celer é bastante simples.

MOTOR ACTECO 1.5 16V

A CHERY Powertrain Division em parceria com a AVL, empresa austríaca, líder mundial em desenvolvimento de sistemas de motores e sistema de testes, criou a marca de motores ACTECO em 2006, quando iniciou a produção em larga escala para o mercado doméstico e também para exportação, incluindo o exigente mercado Norte-Americano. Em 2008 alcançou a expressiva marca de 1.000.000 de motores produzidos. Ainda em 2008 ganhou o “CHINA TOP 10 ENGINE” com o motor SQR477F (foto 1), que mais tarde ganha a tecnologia C- FLEX no modelo CELER destinado ao mercado Brasileiro. 

FICHA TÉCNICA:

Motor 4 cilindros em linha, 16V sistema SOHC (apenas um comando de válvula);

Potência: 108cv a 6.000rpm (gasolina) / 113cv a 6.000 rpm (etanol)

Torque: 14,276 kgf.m a 4.000 rpm (gasolina) / Etanol 15,5 kgf.m a 4.000 rpm (etanol);

O conjunto apresenta pouca dificuldade na manutenção, pois dispensa o uso de ferramentas específicas para fasagem e remoção da tampa de válvulas durante a substituição da correia de sincronismo. Em compensação, o espaço é um pouco apertado para o acesso e manuseio, mas nada tão complicado para realizar a substituição. 

Passo a passo para a substituição da correia 

1. Coloque o veículo no elevador e remova a roda dianteira direita (foto 2);

2. Afrouxe o parafuso de fixação da bomba da direção hidráulica (foto 3- A), em seguida afrouxe a porca de travamento do tensor (foto 3 - B);

3. Diminua a tensão da correia da bomba de direção através do esticador que está localizado na frente da bomba de direção (foto 3 - C), em seguida remova a correia;

4. Movimente a chave em sentido horário (foto 4) para diminuir a tensão da correia, em seguida remova a correia Micro-V de acessórios;

5. Remova o parafuso de fixação da polia da árvore de manivelas (foto 5);

6. Remova os parafusos de fixação das tampas de proteção da correia dentada (foto 6);

7. Remova o parafuso de fixação do tensor (foto 7) da correia de sincronismo e em seguida remova a correia;

8. Posição de sincronismo

8a. Para deixar o comando de válvulas no ponto, deixe a polia com a marcação tipo “seta” apontando para o orifício gravado na parte superior do corpo do cabeçote conforme imagem (foto 8);

8b. Para deixar a árvore de manivelas no ponto, deixe a polia com o ressalto apontando para a marca de referência que está gravada no corpo da bomba de óleo (foto 9);

9. Com o auxílio de uma chave Allen ajuste a tensão da correia empurrando o esticador e em seguida aperte o parafuso de fixação com um torque de 18 N.m (foto 10);

10. Gire o motor e certifique-se que o sincronismo está correto;

11. Instale as capas de proteção da correia;

12. Instale a polia do virabrequim e aplique o torque de 110 N.m no parafuso de fixação;

13. Gire o tensor no sentido anti-horário e instale a correia de acessórios, neste caso, a tensão da correia é realizada automaticamente;

14. Instale a correia da bomba de direção e em seguida ajuste a tensão girando o parafuso do tensor;

15. Aperte o parafuso de fixação da bomba de direção hidráulica e a porca de travamento do tensor;

16. Instale a roda dianteira direita.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Outro tema que preocupa os reparadores independentes, e com toda a razão, é a dificuldade de encontrar as peças de reposição de alguns modelos no mercado, e via de regra quando se encontra, os custos nem sempre são compatíveis com o valor do carro ou quando comparado com peças similares. 

A Chery do Brasil apresenta bons índices e logística ágil de suprimento de peças para a sua rede. Porém, nem todos concessionários priorizam o fornecimento de peças para o mercado independente. Na ilustração, correia dentada (fotos 11A e 11B) e esticador da correia (foto 12).

Todavia sempre há exceções, e algumas concessionárias adotam uma política comercial diferenciada entre clientes de balcão e oficinas cadastradas. Outro aspecto crucial é a disponibilidade imediata das peças. A exemplo de algumas concessionárias da rede Chery, na DVP Leste o estoque de peças à pronta entrega é bem variado, incluindo itens de acabamento e funilaria. Os preços das peças genuínas Chery são competitivos para o reparador independente, que contam com descontos especiais”.

SUPORTE TÉCNICO

As oficinas independentes que encontram dificuldades para atender veículos de determinadas marcas por falta de informações técnicas ou peças de reposição podem recorrer ao Fórum do Jornal Oficina Brasil, e relatar seus problemas. 

Especificamente sobre dúvidas dos modelos Chery, Carlos Júnior é participante do Fórum e poderá colaborar com informações e esclarecimento de dúvidas.