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Patinando e com mais falhas, caixa automática da Cherokee Laredo precisou de reparos – Final


Desmontagem e diagnóstico do conjunto de transmissão automática da Jeep Cherokee. Acompanhe a sequência abaixo para garantir a execução de uma manutenção bem feita

Por: Por Fernando Naccari – Paulo Handa – Paulo Munhoz - 11 de agosto de 2014

Dando continuidade à matéria que iniciamos na edição passada, veremos agora como continuar o processo de diagnóstico e reparo da transmissão automática do Jeep Grand Cherokee Laredo que estava com 126.350km rodados e foi levado à oficina com a reclamação de patinação e demora no engate das marchas. A matéria foi realizada na JC Mecânica Especializada, onde contamos com a colaboração do reparador e proprietário José Silva de Moraes, especialista em transmissão automática que possui mais de 15 anos de experiência. 

DIAGNÓSTICO E REPARO
Na última matéria, o procedimento de reparo começou com a remoção dos parafusos da haste de seleção de marchas. Em seguida, removeu-se o conjunto do parafuso e porca de regulagem da cinta da marcha ré. Retiramos também o cárter, o interruptor de marcha ré, o bloco de solenoides e verificamos se este apresentava acúmulo de impurezas.

Em seguida, o corpo de válvulas, o chicote do corpo de válvulas e as solenoides. Com a peça em mãos, o reparador inspecionou se havia folgas e empenamentos no corpo. 

Foram desmontados da transmissão ainda a haste do parking, conjunto do acumulador, pistão da cinta traseira que atua sobre a ré, a bomba de óleo e o conjunto do tambor da 1ª e 3ª marchas.

A sequência do procedimento é o que veremos a seguir:

1) Confira a posição do tambor, pois ele também pode ser instalado na forma inversa. Este deve se encaixar no eixo dos conjuntos do tambor da 3ª e 4ª marcha (FOTO 1); 

2) No ato da desmontagem, faça uma inspeção nos anéis de vedação da bomba para conferir possíveis desgastes e a eficiência de vedação. Porém, na montagem, recomenda-se substituí-los, pois estes fazem parte do kit de reposição (FOTOS 2 E 2A);

Foto 1 e Foto 23) Confira se o eixo apresenta ranhuras e/ou desgaste, pois caso isso ocorra, podem provocar fuga de pressão de óleo. Caso necessário, substitua-o (FOTO 3);

Foto 2A e Foto 34) Verifique as condições quanto a danos nos antigos anéis e os substitua. Os itens costumam acompanhar os kits de reposição (FOTO 4);

5) Remova a trava do pacote de embreagem do eixo da 2ª e 4ª marcha (FOTO 5); 

Foto 4 e Foto 56) Remova as embreagens e verifique os desgastes destas. Lembre-se que sempre há um ‘espaçador’ de metal entre as embreagens e também que existe uma espessura diferente para cada calço (FOTO 6);

 NOTA: Neste caso, o reparador verificou que a peça nesta transmissão apresentava desgaste excessivo (FOTO 7) necessitando a troca. Outro ponto a ser lembrado é que no ato de sua montagem, uma regulagem fina deverá ser feita, pois se ficar tudo muito justo, no momento da troca de marchas haverá solavancos e, se ficar com folga em demasia, o condutor sentirá um ‘delay’ neste processo. Portanto, não esqueça de utilizar um relógio e conferir os valores das folgas informados nos materiais de reparação da transmissão.

Foto 6 e Foto 77) Confira se há desgastes também nas cintas dos tambores e na área de contato desta no tambor (FOTOS 8 E 8A). Se desgastados ou soltando partes, devemos substituí-los por novos;

Foto 8 e Foto 8A8) Remova os calços e atente-se às suas posições para a montagem (FOTO 9);

9) Saque o conjunto de engrenagens (FOTO 10) e inspecione todas, sejam solares, planetárias e as coroas;

Foto 9 e Foto 1010) Ao desmontar as buchas de seus respectivos eixos, confira a folga entre eles. Geralmente, esta não deve passar de 0,30mm (FOTO 11);

11) Observe as pistas dos rolamentos e seus roletes, e certifique-se de que não há danos no componente (FOTO 12);

Foto 11 e Foto 12 NOTA: A regulagem das cintas com o tambor também deve ser respeitada (FOTO 13) e, de transmissão para transmissão, esse valor muda. Com isso, o reparador José indicou consultar o manual de reparo da mesma.

 DICA: Para facilitar a desmontagem e montagem das travas, o reparador desenvolveu uma ferramenta específica (FOTOS 14 e 14A). Fica a dica para quem tem interesse de otimizar esse processo.

12) Após a remoção dos componentes, devemos soltar os parafusos de fixação da parte de trás da transmissão (FOTO 15);

Foto 13 e Foto 14Foto 14A e Foto 15

13) Retire a tampa da trava do eixo dos pacotes de embreagem da 4ª marcha (FOTO 16);

14) Desloque o conjunto para cima e, com o pacote à mostra, retire a trava do conjunto localizado na parte interna (FOTOS 17 e 17A);Foto 16 e Foto 17

15) Retire os componentes do pacote de embreagem e faça as verificações como relatado anteriormente (FOTO 18);

Foto 17A e Foto 1816) Para a remoção do conjunto do eixo da 4ª marcha, retire as travas. Observe que, neste conjunto, há duas travas que funcionam como um disco-mola (FOTO 19);

17) Retire o conjunto da carcaça. Este deverá sair com facilidade (FOTO 20);

Foto 19 e Foto 2018) Inspecione os rolamentos e os dentes da engrenagem do Parking e sua respectiva alavanca, pois esta pode estar trincada ou danificada (FOTO 21);

19) Para desmontar os componentes do tambor devemos prensar a parte interna, para que possamos retirar a trava interna (FOTOS 22 E 22A);

Foto 21 e Foto 22

Foto 22A e Foto 2320) Observe a sequência dos calços e confira as espessuras e folgas, assim como orientado anteriormente (FOTO 23);

21) Na parte interna, entre os tambores, existe uma trava que, se retirada, permite remover o tambor. Isso é importante saber para casos de necessidade da troca no caso de desgaste ou empenamento da peça (FOTO 24).

Foto 24DICA FINAL

José recomendou sempre utilizar o fluido correto para a transmissão que, no caso deste Cherokee, é o Dexron III. José alertou também sobre sempre efetuar os torques corretos nos parafusos, principalmente em sistemas como este, que utilizam carcaça de alumínio e, em caso de dúvidas, não executar o reparo sem estar amparado por um manual de manutenção correto. “Hoje encontramos esta informação com certa facilidade, fornecida por empresas que se especializam em dar treinamentos para este segmento”.

Ao final de todo o procedimento, obedecendo ao passo-a-passo e utilizando o óleo de transmissão correto, basta instalar a transmissão  automática no veículo (Jeep Grand Cherokee Laredo V8 1995) novamente e, com o auxílio de um scanner, executar a limpeza da memória de falhas da ECU. 

Após este processo, dê partida no motor e selecione todas as opções de marchas, incluindo a ré. Em seguida, tudo seguindo a normalidade, o veículo foi levado a teste na rua, no qual apresentou desempenho normal e o defeito deixou de se apresentar.

“Consultor OB” é uma editoria em que as matérias são realizadas na oficina independente, sendo que os procedimentos técnicos efetuados na manutenção são de responsabilidade do profissional fonte da matéria.  Nossa intenção com esta editoria é reproduzir o dia a dia destes “guerreiros” profissionais e as dificuldades que enfrentam por conta da pouca  informação técnica disponível. Caso queira participar desta matéria, entre em contato conosco. Mais informações: redacao@oficinabrasil.com.br