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Os benefícios do uso do osciloscópio automotivo


Durante muito tempo o uso do osciloscópio em oficinas se limitou a analisar secundário de bobina, cabos de vela e sensor de rotação

Por: Da Redação - 16 de julho de 2010

Durante muito tempo o uso do osciloscópio em oficinas se limitou a analisar secundário de bobina, cabos de vela e sensor de rotação, porém com a chegada de scanners e multímetros mais avançados acabou ficando de lado, e hoje poucos mecânicos o utilizam. Agora vamos ter uma ideia das possibilidades que ele nos traz, e porque esta ferramenta é cada vez mais indispensável.

O osciloscópio é uma ferramenta de análise de sinais elétricos. Com ele podemos visualizar graficamente o formato dos sinais gerados pelos sensores e unidade de injeção. A vantagem da utilização desta ferramenta é poder verificar não somente a tensão, mas também seu comportamento em função do tempo.

A leitura é feita através de duas linhas, uma linha vertical que representa a tensão e uma horizontal que determina o tempo. Seu ponto forte em relação a multímetros e scanners é a velocidade de interpretação das informações recebidas, que é cerca de 100 vezes mais rápido que os multímetros e mil vezes mais que os scanners.   

Tipos
Podemos encontrar diferentes tipos de osciloscópio, definidos de acordo com a finalidade. As principais diferenças são relacionadas à resposta em freqüência, medida em Hertz (Hz), e a forma como gera os gráficos, podendo ser num tubo de raios catódicos (formato dos televisores), através de um computador, e existem ainda os modelos portáteis, que exibem os sinais numa tela de LCD.

Outra principal diferença a ser analisada é quanto ao tipo: analógico ou digital. O digital tem a capacidade de gravar as informações para uma posterior análise, necessário para examinar uma rede CAN, por exemplo. Já o analógico leva a vantagem de ter uma resposta mais rápida, por não precisar processar o sinal recebido antes de transmitir para a tela.

Na aplicação automotiva, o mais interessante é o digital, que facilita a visualização de falhas muito pequenas ou intermitentes, por gravar a leitura na tela. Como exemplo, podemos citar o diagnóstico de aceleradores eletrônicos, onde ocorrem pequenas trincas nas pistas dos potenciômetros, e com a utilização de um osciloscópio digital fica possível ver a queda de tensão quando existe um trinca, por menor que seja.

Segundo o instrutor do Senai Ipiranga, Vander da Silva Souza, há diversos diagnósticos possíveis de realizar.

“Poucos conhecem a importância de se ter um osciloscópio na oficina, e não imaginam que com ele é possível até identificar que um motor esta rajando”, afirma Souza, ao explicar que pelo sinal do sensor de rotação é possível perceber o deslocamento axial do motor observando a variação de tensão do sinal, que é maior ou menor de acordo com seu posicionamento em relação a roda fônica, quanto maior o deslocamento, maior a variação da tensão.

Já existe há algum tempo, veículos em que o sistema de iluminação e sinalização é controlado por um módulo. Um exemplo é a lâmpada da lanterna traseira e freio de apenas um pólo, onde a comutação entre as duas funções é feita variando a frequência do sinal enviado. Quando está na função lanterna, a tensão é enviada em forma de pulsos, fazendo a lâmpada acender e apagar numa certa velocidade, e o que vemos, é a lâmpada acesa com menor intensidade. Para a função freio, a tensão é enviada diretamente. “Nestes sistemas o diagnostico só é possível com um osciloscópio”, nos explica Souza.

Mas o pouco uso do osciloscópio acontece por diversos motivos, um deles é a falta de costume. Souza citou o caso de um veiculo que passou quase um ano na concessionária, por uma falha que ocorria acima de 120 Km/h, as rodas começavam a dar umas travadas. A falha era causada porque uma homocinética havia sido trocada por um modelo diferente. Então o módulo entendia que as rodas estavam em velocidades diferentes, e tentava corrigir a situação. “Se o técnico da concessionária tivesse utilizado um osciloscópio, teria descoberto a causa da falha com mais facilidade e rapidez”, diz Souza.

Ainda temos, entre outras, situações mais simples do dia a dia, como um bico injetor engripado por contaminação de combustível, formando goma ou verniz, podendo ser diagnosticado analisando a forma de onda do sinal enviado a ele, que terá picos maiores de tensão no sinal do bico injetor que estiver danificado.

Futuro
Vamos ver da seguinte forma, o crescimento de sistemas controlados eletronicamente torna necessário o melhor aproveitamento dos fios, fazendo com que cada um, transporte mais informações, como no caso da lâmpada de um pólo que faz duas funções através do mesmo fio e da rede CAN, que transmite dados através de protocolos, formados por pulsos On/Off, e identificam a informação pela largura de cada pulso. Nesses casos, já vimos que a única forma de realmente analisar o seu funcionamento, é com o osciloscópio.

Pensando ainda mais longe, quando tivermos motores elétricos, muito provavelmente de corrente alternada, será um item obrigatório em qualquer oficina moderna. Ao invés de termos na tela do scanner parâmetros como tempo de injeção, sonda lambda etc., faremos a análise da onda senoidal da tensão fornecida ao motor elétrico. Claro que os scanners são também indispensáveis, mas já aprendemos que não podemos depender apenas deles.

Então, podemos ver que já nos dias de hoje, o osciloscópio é um ótimo recurso tanto aos reparadores que trabalham com tecnologia mais moderna, quanto aos que trabalham com veículos mais simples, que queiram fazer um diagnóstico realmente preciso. Uma boa maneira de começar a criar intimidade com este aparelho  é utilizando aqueles disponíveis nos softwares de alguns scanners. Bom aprendizado.